Teste identifica alto teor de pesticidas em alimentos

03/11/2016 14:11

Além do uso em níveis acima do permitido pela Anvisa, também foi identificada a utilização de substâncias proibidas no Brasil. Confira a análise completa e as alternativas para se livrar dos agrotóxicos.

Após analisar amostras de supermercados e feiras do Rio de Janeiro e São Paulo, a PROTESTE constatou a presença de pesticidas, inclusive em quantidade acima da permitida, em amostras de oito alimentos testados: alface crespa, maçã, milho, morango, pimentão verde, tomate, farinha de trigo e soja em grão.

Em laboratório foi verificado se continham resíduos de pesticidas e se as substâncias presentes estavam dentro do limite permitido. E foi analisado ainda, se estão autorizadas para o uso no Brasil e para o cultivo daquele alimento. Diante do resultado, a sugestão da PROTESTE é cultivar horta em casa e comprar produtos orgânicos certificados. 

37% dos alimentos continham substâncias não autorizadas 

Para o teste foram compradas 30 amostras adquiridas em supermercados e feiras do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em 14% das amostras, os níveis de pesticidas estavam acima dos recomendados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Já 37% continham substâncias não autorizadas para o plantio de determinado tipo de alimento ou proibidas no Brasil (porque não tiveram sua segurança para a saúde comprovada).

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Pimentão verde e morango têm mais agrotóxicos

Líder de contaminação segundo o PARA (Programa Análise de resíduos de Agrotóxicos em Alimentos), o produto que mais apresentou problemas em nosso teste foi o pimentão verde. Entre as quatro amostras avaliadas (duas compradas em São Paulo e duas no Rio), foram encontrados 19 resíduos de pesticidas, sendo que nove deles não são permitidos pela Anvisa para o cultivo desse alimento.

As quatro amostras de morango testadas apresentaram resíduos de agrotóxicos. Em metade, as substâncias encontradas não são autorizadas no cultivo dessa fruta. Em uma dessas, foi verificado resíduos acima do limite máximo permitido. O teste reitera a classificação da Anvisa, após testes do (PARA), de que o morango é o segundo produto com maior teor de agrotóxicos.

Assim como nas amostras de morango, 100% das amostras de soja continham resíduos de pesticidas. Foram encontrados resíduos de glifosato e AMPA em quantidade bem superiores ao limite máximo permitido e resíduos permitidos para essa cultura (ditiocarbamatos).

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Tomates e maçãs também apresentam problemas

Todas as amostras de tomate também apresentaram resíduos de pesticidas, sendo que em uma amostra estavam presentes resíduos de Oxamil (proibido para uso no Brasil pela Anvisa).

Já a alface foi o produto com menos resíduos, apesar de ter sido encontrado ditiocarbamatos, um dos pesticidas mais utilizados no Brasil, acima do limite recomendável para o plantio dessa cultura.

Dentre as 5 amostras de maçã analisadas, 4 delas (80%) tinham resíduos de pesticidas. Foi encontrado em 1 amostra, resíduos de Ditiocarbamatos acima do limite máximo permitido e 2 amostras continham Tiacloprido, um resíduo de pesticida não permitido para a cultura de maçã.

Das amostras de milho avaliadas, 67% apresentaram resíduos de ácido aminometilfosfônico , que indica o uso de dosagens excessivas do herbicida glifosato no plantio.

O mesmo percentual de contaminação foi observado dentre as farinhas de trigo analisadas. Duas das três amostras continham resíduos de pesticidas, sendo 1 deles, o glifosato, não permitido para essa cultura.

Fonte: PROTESTE – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor