Chefes de cozinha e representantes de prefeituras conhecem produção orgânica do MST

21/03/2019 08:33

Na semana da 16ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, assentamentos do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) na região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, receberam a visita de alguns dos maiores chefes de cozinha do país.

O objetivo da visitação, que também contou com representantes das prefeituras de Itaboraí, Itaguaí, Campinas, São Paulo, Ilha Bela e Maricá no Rio de Janeiro, foi apresentar a produção de arroz, sucos e leite em pó feita pelos assentados.


Essas cidades recebem os alimentos cultivados pelas famílias assentadas por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

A programação do encontro, que começou na quarta-feira (13) contou com a apresentação do processo de criação do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico e exposição das variedades de arroz que são produzidas pelos Sem Terra.

Além disso, os visitantes puderem conhecer os assentados e ver de perto as unidades de armazenagem e a indústria de beneficiamento da Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), em Nova Santa Rita.

Já na quinta-feira (14), o itinerário levou-os a conhecer os sucos orgânicos da Cooperativa Monte Vêneto, em Cotiporã, na Serra Gaúcha.

O sabor do orgânico Sem Terra não está só no Sul

O MST fornece leite em pó e arroz orgânico para 64 escolas de Maricá, no Rio de Janeiro, alimentando aproximadamente 25 mil alunos. Para Loureci Soares, nutricionista do município, a visitação foi importante para conhecer os locais da produção e todo o seu processo, desde a lavoura até embalagem dos produtos. “O alimento fica mais saboroso depois que aprendemos como ele é produzido, depois de conhecermos a história de quem produz”, afirmou.

Outro ponto destacado pela nutricionista é a preocupação diante da grande quantidade de agrotóxicos que é consumida no Brasil. “Faz muito mal à saúde dos nossos alunos e também da população. Só que a gente tem que começar a conscientizar na escola, a servir esses alimentos”, pontuou.

Em São Paulo, o arroz e o suco de uva orgânicos da Reforma Agrária são destinados a 2.460 escolas municipais da capital paulista, beneficiando aproximadamente 500 mil alunos. Livia Esperança, coordenadora de alimentos escolares da Prefeitura de São Paulo, defendeu a utilização de comida saudável na rede pública de educação. “Nós prezamos pela qualidade, acreditamos que o alimento orgânico é fundamental e tem que estar presente nos cardápios escolares”, reforçou.

A chefe de cozinha Carmen Virginia, de Pernambuco, falou sobre o valor da democratização do alimento saudável. “A gente fica cada vez mais preocupado com o que está comendo, porque a comida tanto faz bem, quanto também mata. Então é importante nos preocuparmos com o outro também”, relata. Carmen ainda ressaltou o papel do MST em relação ao alimento saudável. “O MST também tem essa função de quebrar essa barreira, de transpor, de mostrar que a comida saudável é acessível para todos”, conclui.

Democratização da alimentação saudável    

Uma forma de defender a produção agroecológica dos assentamentos é dar argumentação aos que defendem o alimento saudável. Para Carlos Pansera, do setor de produção da Cooperativa Terra Livre, proporcionar o conhecimento de todo o processo do cultivo orgânico aos chefes de cozinha e representantes das prefeituras é um passo importante para o Movimento. “A presença dessas pessoas, tendo o contato com a realidade e a materialidade da produção dos assentamentos, reforça ainda mais a perspectiva da defesa do Pnae, da nutrição e da alimentação escolar com base na produção das áreas de Reforma Agrária e na agricultura familiar”.

Nelson Luiz Krupinski, do setor comercial da Terra Livre e produtor de arroz orgânico, também destacou os processos que envolvem o cultivo sem veneno. “Mostramos pra eles tudo o que a gente faz de bom, de prático, de verdadeiro. É muito importante trazer essas pessoas que estão lá no dia a dia construindo a alimentação escolar para conhecer o trabalho da cooperativa, de quem opera as ações de venda e dos agricultores”, e concluiu ressaltando o papel da Reforma Agrária. “Produzimos orgânicos para nós, Sem Terra, mas também para quem está no entorno, para a comunidade e para os pobres”, Krupinski.

Fonte: http://www.mst.org.br/2019/03/20/chefes-de-cozinha-e-representantes-de-prefeituras-conhecem-producao-organica-do-mst.html