Levantamento revela que cereais matinais produzidos no Brasil têm excesso de açúcar

15/02/2018 10:51

As pesquisadoras Eliana Bistriche Giuntini e Kristy Soraya Coelho, nutricionistas e membros do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC), realizaram levantamento de teor de sal e açúcar em 29 tipos de cereais matinais vendidos no Brasil, e descobriram que somente seis apresentam pouco açúcar (menos de 5 g/100 g): as aveias e um mix de cereais. Outros cinco revelam teor um pouco acima do recomendado e 18 estão bem acima, apresentando mais de 22,5 g de açúcar por 100 g de produto.

“Vários estão com 40 g de açúcar por 100 g de produto, incluindo as granolas, produtos que têm apelo saudável, pois são ricos em fibra alimentar e fontes de proteína. Segundo as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), está estabelecido apenas o baixo conteúdo de açúcar, que é, no máximo, 5 g por 100 g de produto. E este não é um problema só do Brasil”, explica Eliana. Os dados foram colhidos entre julho e agosto e as marcas pesquisadas foram Kellogg’s, Nestlé e Quaker.

O levantamento foi realizado como parte da pesquisa da World Action on Salt and Health (WASH) sobre o teor de açúcar e sal em cereais matinais em 29 países. Os resultados foram divulgados nesta terça, 29 de novembro.

Entre os cinco cereais com mais açúcar encontrados nos países pesquisados, figura o Kellogg’s Froot Loops vendido no Brasil e no México, com espantosos 40 g de açúcar para cada 100 g do produto. O Brasil também figura na lista dos cinco menos açucarados, com o Kellogg’s Corn Flakes. Confira nas tabelas abaixo, publicadas pelo site da WASH:

tabela cereais
tabela cereais menos

“Enviamos dados de 29 cereais de três grandes empresas, porque o solicitado era que mandássemos informação sobre produtos vendidos também em outros países, para efeito de comparação”, diz a nutricionista, chamando a atenção, ainda, para a ausência de dados sobre o açúcar adicionado aos alimentos nos rótulos de produtos alimentícios no Brasil.

“Nossa legislação não exige que a rotulagem traga o quanto de açúcar foi adicionado ao produto. O que temos nos rótulos são dados de açúcar total. Mas, em determinados produtos, a matéria prima já traz um pouco de açúcar. Então seria interessante e prudente que nossa legislação exigisse que fosse acrescentada, no rótulo, a informação sobre o açúcar adicionado ao alimento. Apenas alguns poucos produtos trazem essa informação, no geral aqueles direcionados ao consumo infantil.”

Quanto ao sal, 16 dos cereais pesquisados continham quantidades consideradas adequadas, e 13 já apresentavam teor um pouco acima do recomendado. “Mas esse tipo de produto não é salgado. Mesmo assim, uma boa parcela ainda tem conteúdo um pouco elevado de sal. Agora, definitivamente, o maior problema é o açúcar. Segundo a Organização Mundial de Saúde a recomendação é de que o consumo de açúcar não exceda a 10% da ingestão diária de energia, aproximadamente 50 g por dia, para um adulto”, diz Kristy.

Sobre a pesquisa WASH

A pesquisa WASH analisou a composição nutricional (açúcar e sal), cereais matinais em 29 países, a fim de estabelecer comparações internacionais, com foco em 19 produtos encontrados em um grande número de países participantes. Entre as principais descobertas do levantamento constam:

• Mais metade dos cereais matinais pesquisados (58%) contém altos níveis de açúcar (acima de 22,5 g/100 g) – cerca de seis colheres de chá de açúcar por 100 g;
• O cereal que encabeça a lista dos cinco mais açucarados é o Kellogg’s Honey Smacks vendido no México, que tem 57 g de açúcar para cada 100 g de produto; o Kellogg’s Froot Loops vendido no Brasil e no México ocupa o terceiro lugar;
• Nenhum produto pesquisado contém níveis baixos de açúcar;
• Dos 291 cereais matinais pesquisados, 98 (34%) apresentaram sal acima das metas estabelecidas pelo Reino Unido para 2017.

Fonte: Forc – Centro de Pesquisa em Alimentos

Carta aberta Abrasco sobre a Febre Amarela no Brasil

01/02/2018 16:24

Exatamente há um ano a Associação Brasileira de Saúde Coletiva divulgou a Carta aberta Abrasco sobre a Febre Amarela no Brasil  assinada por mais seis instituições do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira onde apelava para que o Ministério da Saúde, dentro de seu papel constitucional, organizasse e coordenasse o combate à Febre Amarela, mobilizando e integrando ações dos estados, municípios, centros de pesquisa, universidades e meios de comunicação. 12 meses depois, a Abrasco dirigi-se novamente às autoridades sanitárias do Ministério da Saúde, das Secretarias Estaduais e Municipais de saúde e à sociedade brasileira para fazer o alerta: a ameaça da urbanização da Febre Amarela nos obriga a definir políticas de curto e médio prazo para prevenir futuros surtos. Leia a carta na íntegra:

O aumento do número de casos e de mortes por Febre Amarela registrado nas últimas semanas em Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, São Paulo e Distrito Federal está preocupando e causando insegurança na sociedade devido à gravidade desta doença e do risco de sua urbanização.

Sabe-se que uma extensa epizootia, epidemia em macacos suscetíveis a doença, vem acontecendo, simultaneamente, em vários estados brasileiros, em áreas próximas a cidades densamente populosas. Os atuais surtos de Febre Amarela têm sido atribuídos a pessoas picadas por mosquitos que vivem em áreas de mata, a Febre Amarela silvestre.

A Febre Amarela é uma doença imunoprevenível, ou seja, pode ser evitada desde que se adote medidas de prevenção adequadas, o que inclui elevadas coberturas vacinais e informações e ações de educação em saúde para que as pessoas não adentrem as matas ou permaneçam nas áreas consideradas de risco sem estarem imunizadas.

Estas ações, que devem ser contínuas e intensificadas quando se detecta epizootias, evitariam a crise pela qual estamos passando com dezenas de mortes até o momento. Em área urbana, a Febre Amarela é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que tanto dano causa aos brasileiros, ao transmitir a Zika, a Dengue e o Chikungunya. As dificuldades de controlar este vetor são conhecidas. No ritmo em que vem aumentando o número de casos de Febre Amarela silvestre em humanos, torna-se assustadora a possibilidade de haver uma epidemia urbana da doença, na medida em que mais de 90% das cidades do país encontram-se infestadas por este vetor. Caso haja transmissão pelo Aedes aegypti em áreas urbanas, além das mortes que fatalmente ocorreriam até se detectar o problema e realizar um amplo bloqueio vacinal, o real controle da situação exigiria um enorme esforço e imenso quantitativo de vacinas para se proteger as populações residentes nas áreas urbanas infestadas.

Atualmente, o controle da doença depende primariamente da imunização da população de risco, a qual, neste momento, vem se estendendo rapidamente para mais municípios. Consideramos que não se pode mais afirmar com segurança que ainda não existe transmissão urbana da doença.

Preocupadas com a gravidade do atual surto de Febre Amarela silvestre em diversos estados brasileiros, as entidades integrantes do Fórum da Reforma Sanitária Brasileira abaixo assinadas reconhecem a necessidade de unir esforços para contê-lo o mais rapidamente possível.

A ameaça da urbanização da Febre Amarela nos obriga a definir políticas de curto e médio prazo para prevenir futuros surtos.

Prioritariamente, faz-se necessária a vacinação seletiva, imediata e abrangente das populações residentes ou que visitam as áreas onde estão ocorrendo casos de Febre Amarela. Isto somente será possível com um reforço da produção e da distribuição de vacinas, bem como da rede de frio. Ademais, deve-se considerar a importância de ampliar o quantitativo de recursos humanos treinados para indicar com segurança (vacinação seletiva) e aplicar o imunógeno em cada posto de vacinação. A disponibilidade de vacinas e a capacidade atual de realizar rapidamente estas ações estão aquém das necessidades das secretarias de saúde dos municípios afetados.

É urgente que o Ministério da Saúde atualize a lista de todos os municípios considerados de risco à luz do novo momento, tanto para planejar a ampliação e o fortalecimento destas medidas de vacinação para bloquear a ocorrência de casos e, consequentemente, impedir o avanço dos surtos, como para orientar a população que se desloca, por trabalho ou lazer, para estas localidades.

Cabe também ao Ministério da Saúde tornar pública a disponibilidade de vacinas e os planos de contingência para aumentar nossa capacidade de produção, distribuição e aplicação de vacinas.

É imperativo que protocolos de atenção clínica aos casos suspeitos sejam prontamente disponibilizados aos profissionais de saúde da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e que sistemas de alerta precoce sejam adotados pelos serviços de vigilância em saúde. É também necessário que se fortaleça a rede de laboratórios para que os diagnósticos dos casos suspeitos sejam realizados oportunamente.

Estas ações devem ser seguidas de uma análise criteriosa da cobertura vacinal atual e de uma política agressiva de imunização de toda a população em áreas de risco. Desta forma será possível reduzir o risco de uma epidemia urbana de Febre Amarela e deter a sucessão de mortes evitáveis.

Como política de longo prazo, urge reforçar a capacidade de produção de vacinas mais seguras, ou seja, menos reatogênicas à Febre Amarela.

Urge vigiar, investigar e adotar todos os meios para que não ocorra transmissão urbana da Febre Amarela no Brasil. Vale enfatizar que o combate à Febre Amarela, além de todas as medicas citadas, depende do investimento em saneamento básico e na preservação do meio ambiente.

Apelamos para que o Ministério da Saúde, dentro de seu papel constitucional, organize e coordene o combate à Febre Amarela, mobilizando e integrando ações dos estados, municípios, centros de pesquisa, universidades e meios de comunicação.

Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 2018

Associação Brasileira de Saúde Coletiva

Primeira Rede de Ambientes Saudáveis é constituída nas Américas

01/02/2018 16:15

23 de janeiro de 2018 – Na cidade de Santiago/Chile, foi conformada a primeira Rede de Entornos Saudáveis nas Américas com o objetivo de trabalhar conjuntamente para reduzir o sobrepeso e a obesidade na Região, centrando-se em medidas regulatórias e na promoção e participação cidadã.

O encontro, liderado pelo Chile, tem a participação da Argentina, do Brasil, do Canadá, da Colômbia, do Equador, do México e de Israel, o último, como convidado. (…)

Para saber mais sobre essa matéria e acessar as demais notícias relacionadas à agenda de alimentação e nutrição no SUS:

– Baixe a Segundeira da CGAN desta semana no link: http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-download_file.php?fileId=1766 ; ou

– Acesse o Blog da CGAN da RedeNutri (http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-view_articles.php).

Nesta edição:

  • Primeira Rede de Ambientes Saudáveis é constituída nas Américas
  • ‘Comer é ato político’, diz Bela Gil pela democratização da alimentação saudável para construir hábitos saudáveis
  • Caisan propõe mudanças nos rótulos dos alimentos
  • Espaço dos estados
  • De olho na evidência: Refrigerantes liberam mais hormônio da fome, confirma estudo
  • Implementando o Guia: Dicas para criar e cultivar uma horta orgânica comunitária
  • Monitoramento Semanal de Programas Estratégicos da CGAN
  • Saiu na mídia

 

A Segundeira da CGAN é o informativo semanal da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, na qual são apresentadas as principais notícias da semana, agendas previstas da Coordenação, além de trazer atualizações sobre evidências científicas, textos de apoio para a implementação das recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira e atividades realizadas nos municípios e estados relacionados à agenda de alimentação e nutrição no SUS e monitoramento de alguns programas.

 

Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição

Departamento de Atenção Básica

Secretaria de Atenção à Saúde

Ministério da Saúde

Quinn on Nutrition: Mais sobre feijão e pão

01/02/2018 16:14
Compartilhando notícia sobre feijão originária da pesquisa de dissertação da Ana Caroliana Fernandes, membro do NUPPRE, em blog nos EUA.

Last week’s column about the best way to soak beans to retain nutrients brought a response from Ana Carolina Fernandes, Ph.D nutritionist and professor at Federal University of Santa Catarina in Brazil. In 2010, her research team published an article in the International Journal of Food Science & Technology in which they reviewed the nutritional impact of various methods of bean soaking and cooking. (Volume 45, pages 2209-2218 if you’re interested).

“According to our review,” she wrote, “the best practice is soaking beans overnight in water but discarding the water, without boiling, before discarding it. This method not only decreases gas but increases the bioavailability of some nutrients, since some antinutritional factors are also discarded. In other words, although there is some loss of nutrients, the remaining contents are more digested and absorbed than the nutrients from non-soaked beans.”

Here’s what I gleaned from her informative article: Some compounds in beans are considered “anti-nutrients” because they can interfere with the absorption of some nutrients. Phytates, for example, may reduce the body’s ability to absorb iron, calcium and other minerals. Fernandes’ review found that dumping the soaking water before cooking was the most effective way to get rid of some of these phytates.

Other substances in beans called oligosaccharides contribute to the unpleasant flatulence most of us wish to avoid. Soaking before cooking and discarding the soaking water also seems to be an effective way to reduce these oligosaccharides, says Fernandes.

Beans are a good source of plant protein and cooking method does not seem to affect their protein content, research has found. And it’s interesting that even though some calcium, magnesium and iron can be lost in the soaking water, the minerals that remain may be even more available for the body after cooking. One reason is that some of the substances that interfere with the digestion of these nutrients is tossed out with the soaking water as well.

My answer to comments from a reader on what he considered to be misleading information about dietary fiber on bread labels brought this response from him:

“Thanx. As I’m sure you know, adjusting both size of the loaf and thickness of the slice, are common ways in which bakers manipulate nutritional labels. — Terry”

Dear Terry,

We certainly do see different sizes of servings on Nutrition Facts labels. That’s because the food labeling law mandates that serving sizes be based on the amounts that people eat. In the case of the bread, the serving is “1 slice” and the size of that one slice varies from product to product.

Thanks for writing!

Barbara Quinn is a registered dietitian nutritionist affiliated with the Community Hospital of the Monterey Peninsula. She is the author of Quinn-Essential Nutrition: The Uncomplicated Science of Eating. Email her at barbara@quinnessentialnutrition.com.

Notícia de Capa: Opine sobre a regulação de suplementos alimentares

18/01/2018 11:20

A Anvisa está propondo um novo marco regulatório para suplementos alimentares. O primeiro passo foi definir esta categoria de produtos, que apesar de ser amplamente reconhecida pelo consumidor e ser adotada em outros países, não está prevista na legislação sanitária brasileira.

A definição proposta considera suplementos alimentares todos os produtos de ingestão oral, apresentado em formas farmacêuticas, destinados a suplementar a alimentação de indivíduos saudáveis com nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos, isolados ou combinados. (…)

 

Para saber mais sobre essa matéria e acessar as demais notícias relacionadas à agenda de alimentação e nutrição no SUS:

– Baixe a Segundeira da CGAN desta semana no link: http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-download_file.php?fileId=1765; ou

– Acesse o Blog da CGAN da RedeNutri (http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-view_articles.php).

 

 

Nesta edição:

  • Opine sobre a regulação de suplementos alimentares
  • A hora é agora! Aproveite o começo do ano para construir hábitos saudáveis
  • Atividades físicas em grupo geram mais motivação para uma vida mais ativa
  • De olho na evidência: Refrigerantes liberam mais hormônio da fome, confirma estudo
  • Espaço dos estados
  • Implementando o Guia: Dicas simples de alimentação para seguir em 2018 e ser mais saudável
  • Monitoramento Semanal de Programas Estratégicos da CGAN
  • Saiu na mídia

 

A Segundeira da CGAN é o informativo semanal da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, na qual são apresentadas as principais notícias da semana, agendas previstas da Coordenação, além de trazer atualizações sobre evidências científicas, textos de apoio para a implementação das recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira e atividades realizadas nos municípios e estados relacionados à agenda de alimentação e nutrição no SUS e monitoramento de alguns programas.

 

Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição

Departamento de Atenção Básica

Secretaria de Atenção à Saúde

Ministério da Saúde

DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde

18/01/2018 11:15
Caros leitores:
A revista DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde acaba de publicar seu
último número, disponível em
http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra. Convidamos a navegar no
sumário da revista para acessar os artigos – todos publicados
simultaneamente em português e inglês ou em espanhol e inglês – e outros
itens de seu interesse.

Agradecemos seu contínuo interesse e apoio ao nosso trabalho.

Método questionável admitido em público

15/01/2018 17:01

Nutricionista que fazia recomendações de alimentação saudável para os EUA tem artigos retratados por erros e negligência.

A revista Frontiers on Psychology anunciou em novembro a retratação de um artigo publicado em 2016 pelo especialista em comportamento e nutriçao Brian Wansink, pesquisador da Universidade Cornell, nos Estados Unidos. O estudo em questão utilizou dados sobre os hábitos de 355 veteranos da Segunda Guerra Mundial e concluiu que experiências traumáticas podem interferir no modo como os indivíduos compram alimentos: os ex-combatentes que vivenciaram situações muito violentas exibiam menor fidelidade a marcas, enquanto as vítimas de traumas leves seriam mais influenciáveis por propaganda. Depois de receber denúncia sobre possíveis vieses no estudo, a revista reanalisou os dados brutos da pesquisa e concluiu que “não há base empírica para as conclusões do artigo”, segundo a nota de retratação.

Esse foi o quarto artigo assinado por Wansink cancelado em 2017 e outros sete precisaram sofrer correções – há ainda cerca de 40 sob investigação. Houve até o caso de um artigo retratado duas vezes. Publicado em 2012 no Jama Pediatrics, o paper foi cancelado e republicado com a correção de erros estatísticos, mas em seguida teve uma retratação definitiva quando se constatou que suas premissas estavam totalmente equivocadas. Não se sustentava a conclusão de que crianças de 8 a 11 anos preferem maçãs a cookies se a fruta tiver uma estampa com o personagem Elmo, da Vila Sésamo, porque os dados do estudo haviam sido obtidos com crianças bem mais novas, de 3 a 5 anos.

Brian Wansink é uma figura popular nos Estados Unidos. Escreveu livros de grandes tiragens, como Mindless eating, de 2007, em que defende o uso de pratos pequenos para ingerir menos calorias. Foi diretor do Centro para Promoção e Políticas de Nutrição do governo norte-americano e coordenou as U.S. Dietary Guidelines para o período de 2007 a 2009, com recomendações para uma alimentação mais saudável atualizadas com base em evidências científicas. Em 2010, foi um dos fundadores de um programa que recebeu US$ 22 milhões de financiamento federal para orientar estratégias de alimentação em mais de 30 mil escolas. Tais estratégias se baseiam, em boa medida, na produção científica do grupo de Wansink.

As investigações sobre seus artigos foram deflagradas após a publicação de um texto polêmico, divulgado no blog pessoal de Wansink em novembro de 2016, em que ele relatou o uso de métodos questionáveis de tratamento de dados estatísticos. O post, intitulado“A estudante de pós-graduação que nunca diz não”, elogiava a aluna de doutorado turca Ozge Sigirci, estagiária de seu laboratório, pela disposição de investir tempo na reanálise de dados brutos que outros pesquisadores já haviam investigado, tendo encontrado apenas resultados nulos. Wansink contou ter oferecido a ela a chance de retrabalhar os resultados de um levantamento feito em um restaurante italiano, que fornecia um rodízio de pizza na qual o consumidor comia o quanto quisesse.

“Eu disse à aluna: custou muito tempo e dinheiro para coletar essas informações. Deve haver algo aqui que pode ser salvo, pois se trata de um conjunto de dados legal, rico e único”, escreveu. Ozge Sigirci, que trabalhava de modo voluntário, analisou reiteradamente os dados e levantou tendências que, segundo o pesquisador, permitiram formular hipóteses e renderam quatro artigos submetidos a revistas. Um deles sustentava que homens comem mais quando estão na companhia de mulheres. Outro analisava a relação entre o preço do rodízio e a satisfação dos clientes. Feliz com a aplicação da estudante, Wansink desafiou-a a analisar outro conjunto de dados que havia sido rejeitado por um estagiário de pós-doutorado contratado pelo laboratório – ele não vira perspectiva de extrair dali algum artigo. A aluna reanalisou os dados e, novamente, fez descobertas que renderam artigos.

O post da Wansink circulou no meio acadêmico e foi duramente criticado. Houve quem condenasse o fato de uma estudante estrangeira trabalhar sem ganhar nada, enquanto alguns pesquisadores identificaram no relato indícios de uma prática conhecida como p-hacking, ou manipulação dos valores de p, uma forma de tratar e selecionar exaustivamente dados estatísticos para extrair alguma tendência de resultados inconclusos. P é uma medida que representa a probabilidade de o efeito observado em um levantamento se dever ao acaso e não aos fatores que estão sendo estudados. Um valor menor ou igual a 0,05 é utilizado como indicador de significância estatística, pois sugere que os resultados são robustos. Também despontaram críticas ao fato de Wansink fatiar uma pesquisa de modo a render vários artigos.

Momento sensível
O pesquisador de Cornell descreveu suas práticas controversas em um momento especialmente sensível, no qual a pesquisa em psicologia vive uma crise marcada pela inviabilidade de reproduzir e confirmar conclusões de estudos que renderam resultados curiosos e boas manchetes de jornal. Em 2014, uma força-tarefa de 100 pesquisadores de vários países lançou-se ao desafio de tentar reproduzir um conjunto de 27 artigos da área de psicologia social, e em um terço dos casos não tiveram sucesso (ver Pesquisa FAPESP nº 220). Essa crise foi deflagrada por escândalos como o provocado por Diederick Stapel, professor de psicologia social da Universidade de Tilburg, na Holanda, que teve 30 artigos retratados por manipulação de dados (ver Pesquisa FAPESP nº 190).

As críticas à postura de Wansink chamaram a atenção de um grupo de pesquisadores holandeses que criou ferramentas para detectar anomalias estatísticas em artigos. A equipe, que reúne Jordan Anaya, biólogo computacional, Nick Brown, estudante de doutorado da Universidade Groninger, e Tim van der Zee, professor da Universidade de Leiden, encontrou 150 inconsistências estatísticas nos quatro artigos resultantes do estudo sobre o rodízio de pizza. Em muitos casos, tabelas reproduziam dados com arredondamentos grosseiros. Tais achados renderam um manuscrito divulgado em um repositório de preprints, com o título “Azia estatística: Uma tentativa de digerir quatro publicações sobre pizza feitas pelo Laboratório de Nutrição e Marcas da Universidade Cornell”. O trio solicitou a Wansink acesso aos dados da pesquisa, mas ele alegou que isso quebraria o anonimato dos participantes. Acionado, o Escritório de Integridade Científica da Universidade Cornell alegou que os dados são mesmo sigilosos. Em sua única manifestação oficial até agora, a universidade informou em maio não ter encontrado evidências de má conduta nos erros dos quatro artigos sobre o rodízio de pizza – mas cogitava avaliar novas denúncias.

Institutional Links apoiará projetos de segurança alimentar e pesca artesanal

15/01/2018 16:57

A FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) e o Conselho Britânico divulgaram os dois projetos catarinenses aprovados na chamada internacional Institutional Links, apoiada pelo Fundo Newton. Participaram da chamada grupos acadêmicos, do setor privado e organizações do terceiro setor, como ONGs, pequenas e médias empresas, centros de transferência de tecnologia e outras organizações sem fins lucrativos.

Em todo o Brasil foram aprovadas 9 propostas, de 7 estados brasileiros, sendo duas de Santa Catarina. A lista completa dos contemplados pode ser acessada neste link. Foram elegidas como áreas prioritárias para o estado Segurança Alimentar e Tecnologias para o desenvolvimento sustentável de agricultura familiar e pesca artesanal.

A FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) e o Conselho Britânico divulgaram os dois projetos catarinenses aprovados na chamada internacional Institutional Links, apoiada pelo Fundo Newton. Participaram da chamada grupos acadêmicos, do setor privado e organizações do terceiro setor, como ONGs, pequenas e médias empresas, centros de transferência de tecnologia e outras organizações sem fins lucrativos.

Em todo o Brasil foram aprovadas 9 propostas, de 7 estados brasileiros, sendo duas de Santa Catarina. A lista completa dos contemplados pode ser acessada neste link. Foram elegidas como áreas prioritárias para o estado Segurança Alimentar e Tecnologias para o desenvolvimento sustentável de agricultura familiar e pesca artesanal.

O segundo projeto apoiado será um estudo para implementar soluções tecnológicas para o desenvolvimento sustentável de pesca artesanal, proposto pelo professor Joaquim Valverde, do IFC (Instituto Federal Catarinense), em parceria com Ramakrishnan Ramanathan, da Universidade de Bedfordshire. Os objetivos da pesquisa são melhorar a capacidade dos brasileiros em apoiar a sustentabilidade da pesca artesanal, implantar nova tecnologia e treinar stakeholders locais no uso da inovação escolhida, após seis meses de testes.

Serão elaborados e distribuídos manuais de treinamento na região da pesquisa, e as equipes participarão de seminários de pesquisa no Reino Unido e no Brasil. O projeto está alinhado com as diretrizes propostas pelo Conselho Britânico (ODA), e deverá impactar positivamente a sustentabilidade dessa atividade no Brasil com tecnologia e auxílio aos pescadores artesanais para que possam manter a atividade.

Fonte: Coordenadoria de Comunicação da FAPESC

 

Fotos: Pixabay

Editora da UFSC relança o ‘homo academicus’ de Pierre Bourdieu

05/12/2017 10:54

‘Um livro para queimar’? é o capítulo número um de “homo academicus”, livro que chega agora como uma das últimas novidades da Editora da UFSC e mostra a ousadia acadêmica de seu autor, Pierre Bourdieu.

Parte da ideia inicial de que analisar cientificamente o mundo universitário significa eleger como objeto uma instituição que é socialmente reconhecida, que goza de toda legitimidade graças ao seu caráter nacional, que é vista como “mágica” e que se pretende objetiva e universal. Na obra, Bourdieu revela conflitos, contradições, crises, desilusões, interesses, relações de força, hierarquia de prestígios, ruptura de equilíbrios.

Ao compreender o mundo universitário francês como um campo no qual se confrontam múltiplos poderes que correspondem às trajetórias sociais e escolares e também às produções culturais dos seus agentes, ele demonstra que a produção científica está longe de ser o resultado de uma forma de meritocracia que consagra os talentos individuais.

A originalidade de sua tese, observa a professora Ione Ribeiro Valle, professora da UFSC e coordenadora do Laboratório de Pesquisas Sociológicas Pierre Bourdieu (LAPSB/CNPq), está em mostrar que as tomadas de posição dos intelectuais ou as políticas educacionais, tanto nos períodos de equilíbrio quanto em tempos de crise, são determinadas pelos mecanismos de reprodução de privilégios herdados. ”Bourdieu produz uma sociologia crítica que procura compreender as relações entre cultura, ciência, escola, mídia e reprodução social”.

Pierre Félix Bourdieu(1930-2002) vem da École Normale Supérieur de Paris e dedica sua vida acadêmica desenvolvendo um trabalho científico de fôlego, regular, cotidiano, sistemático, persistente, sólido, polêmico. É dono de um estilo hermético, linguagem austera, marcas do filósofo, presentes em obras como A ontologia política de Martin Heidegger, de 1988, e Meditações pascalianas, de 1997).

Para compreender homo academicus, avisa Ione Valle, é preciso lê-lo como marco de uma ruptura radical com os pressupostos tácitos do universo acadêmico no qual as dissensões aparentes mascaram o consenso profundo. É preciso lê-lo imaginando que a escola e a universidade são capazes de distribuir de maneira ampla e plena as aquisições científicas e culturais acumuladas e que o impossível possível, ao mesmo tempo rejeitado e reivindicado, pode prometer – e promover – um futuro para “crianças e povos sem futuro”.

Mais informações em editora.ufsc.br ou facebook.com/editora.ufsc.

 

Home academicus

Pierre Bourdieu

Editora da UFSC

310 páginas

2017 – 310 páginas – 2ª edição

Preço R$ 42,00

Transgênicos estão com os dias contados, diz especialista da CTNBio — Rede Brasil Atual

05/12/2017 10:48

Professor da Unicamp afirma que a maioria dos fabricantes do setor vai falir porque a tecnologia é cara, tem vida curta e já nasce ultrapassada. “A lei da natureza é mais forte”

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São Paulo – Para o professor e ex-diretor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Mohamed Ezz El-Din Mostafa Habib, o setor de biotecnologia – que basicamente projeta e desenvolve organismos geneticamente modificados, os transgênicos – está em decadência, o que pode alterar significativamente a atual situação, de ampla presença destas tecnologias sobretudo na agricultura.

A certeza do cientista de 75 anos – egípcio naturalizado brasileiro, que chegou por aquil como refugiado no começo da década de 1970 depois de viver na Europa –, vem da leitura de aspectos econômicos, científicos, sociais e comportamentais em âmbito internacional sobre o setor.

“A maior empresa de biotecnologia do planeta, a Monsanto, foi comprada pela Bayer. Os jornais chamam de fusão, venda, mas isso significa que a Monsanto faliu. Esses processos de fusão, em que uma empresa compra a outra, são na verdade tentativas de sobrevivência no setor”, afirma Habib.

Ele lembra que até mesmo a Oxitec, empresa de origem britânica que desenvolveu os mosquitos transgênicos liberados no Brasil, foi comprada por um grupo maior, o Intrexon, dos Estados Unidos, depois de perder apoio da Universidade de Oxford, na Inglaterra, onde foi criada em uma incubadora de empresas. E que mesmo com a incorporação pelo grupo norte-americano, apresenta dados econômicos insatisfatórios – daí a pressão sobre políticos em diversos países para desovar os estoques dos famigerados mosquitos e atrair novos acionistas.

E não é só. A maioria das companhias do setor, segundo ele, está mergulhada em dívidas. “Em situação crítica, correm risco de falências. Eles pagam caro para fazer modificações genéticas nas plantas para torná-las resistentes a pragas ou herbicidas e, cinco anos depois, a natureza vence. As pragas e as plantas daninhas tornam-se resistentes. Já são 17 as plantas chamadas invasoras que criaram resistência ao glifosato, coisa que nós já vínhamos alertando há muito tempo. E o que eles fazem? Voltam a repetir o mesmo ciclo: inventam novas moléculas contra as quais os insetos não têm resistência e vão jogando mais veneno na lavoura e na natureza, quando a promessa da transgenia era diminuir o uso de venenos. E logo a natureza reage com a resistência dos insetos e plantas invasoras”.

A intensidade da adesão à tecnologia dos transgênicos chega a ser desoladora para quem se preocupa com a preservação ambiental e a saúde pública do país. Mais de 83% do milho plantado no Brasil é geneticamente modificado. Da soja, o percentual é ainda maior: 95%. E do algodão, 66%. Sem contar as versões transgênicas do feijão, do eucalipto e da cana, que já foram liberadas para produção e comercialização.

Há ainda o Aedes aegypti – os chamados mosquitos transgênicos que há mais de dois anos vêm sendo liberados em Piracicaba (SP), mesmo sem comprovar eficácia na redução da população do animal original e selvagem – transmissor de infecções como dengue, chikungunya e zika – além das incertezas sobre ser seguro à saúde e ao meio ambiente. Por essas e outras, a tecnologia desenvolvida pela Oxitec está sendo questionada por entidades estrangeiras, como a britânica GeneWatch, que quer a proibição da soltura desse tipo de Aedes.

Há também uma infinidade de outros projetos em curso dentro do setor, como da laranja e do fumo geneticamente modificada, em avaliação na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), colegiado criado para assessorar o governo federal em assuntos sobre transgênicos – e não para aprovar tudo sem critério científico algum, como sempre acontece.

Se ainda fosse pouco, empresas do setor, como as transnacionais Basf, Bayer, Dow, Du Pont, Monsanto e Syngenta, que financiam grande parte das pesquisas e seus pesquisadores, e da maioria dos parlamentares no Brasil, exercem poderoso lobby. A ameaça da vez é o relaxamento na legislação que obriga os fabricantes a incluir o símbolo dos transgênicos no rótulo dos alimentos – O T preto dentro do triângulo amarelo.

Apesar de não contemplar por completo os interesses da população, essa garantia de um mínimo de informação para que o consumidor possa fazer suas escolhas é uma pedra no sapato dos fabricantes, que não querem ter seus produtos visivelmente associados a uma biotecnologia envolta em riscos e incertezas que virou unanimidade entre os consumidores. Ninguém os quer justamente porque acha algo muito mal explicado.

Mas, apesar disso tudo, a situação tem tudo para mudar “logo, logo”, segundo Mostafa Habib. O titular da cadeira na CTNBio reservada a especialistas em meio ambiente, onde cumpre seu primeiro mandato, está convicto: “Comecem a se animar, porque isso tudo vai mudar logo, logo”, afirma.

Lei da natureza

Segundo Habib, os laboratórios que desenvolvem plantas, sementes e outros tipos de organismos geneticamente modificados têm custos altíssimos. São altos também os riscos aos investidores nas diferentes fases, desde a pesquisa, o desenvolvimento, o uso e depois do uso. E há carências e fragilidades científicas envolvendo o risco inerente à biotecnologia e à biossegurança. Ou seja: não funcionar e ainda causar danos ambientais.

Além disso, os recursos humanos envolvidos são altamente especializados, caríssimos, apesar de pobres no conhecimento das ciências básicas. Sem contar a disputa entre as empresas. “E apesar dos carteis, há o imenso risco de, ao ser lançado, o produto biotecnológico ser ultrapassado em pouquíssimo tempo, ou mesmo nem servir. Uma semente transgênica desenvolvida para ser resistente a herbicidas, ou as plantas transgênicas que contêm bactérias tóxicas, para matar os insetos que as atacam, têm vida muito curta, abreviada pela grande concorrência e sobretudo pela força da lei da natureza.”

Uma lei, segundo ele, que determina que em quaisquer contatos constantes entre a população de qualquer ser vivo e um fator que a coloque em risco de vida, vai resultar em um desenvolvimento de resistência a esse fator. “Nessa lei da natureza, as plantas que são atacadas por agrotóxicos passam a ser resistentes a eles, por isso aumentam as quantidades e a toxicidade. Do mesmo modo, as toxinas das plantas transgênicas vão deixando de ser mortais para os insetos alvo.”

O resultado é uma das consequências da ultra especialização das biotecnologias. Um problema, conforme Habib, porque ao mesmo tempo em que os pesquisadores dominam um conhecimento bastante específico, perdem a visão holística da ciência e de como a vida como um todo funciona.

“O que acontece com essas indústrias é semelhante ao que acontece com a mídia comercial, que as apoia, inclusive. Elas perderam a credibilidade, e seguem pelo mesmo caminho”, diz, traçando paralelo entre dívidas gigantes com os governos, inclusive pela sonegação de impostos, como no caso da Globo, e escândalos envolvendo manipulações de informações, corrupção de outros crimes praticados por empresas de transgênicos e agrotóxicos, como a Monsanto, por exemplo. “Tudo isso seguido pela desvalorização da marca e das ações em bolsas de valores.”

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Mohamed Habib: ‘Transgênicos são tecnologias que nascem mortas, fracassadas, repetidoras de erros da revolução verde, mas em nova embalagem’

A máscara caiu

“Os anúncios de novas invenções, que prometem uma planta capaz de ser resistente a mais de um herbicida e ainda sintetizar toxinas que combatem pragas, isso tudo é conversa para boi dormir. Não adianta criar inventos com múltiplas ações, que não resolve. Não pensem que, ao se adicionar mais um gene a uma semente de uma espécie vegetal, que tem mais de 40 mil genes, estaremos criando uma outra espécie, que vai durar para sempre. A natureza é mais forte do que a intervenção humana, que tem a pretensão de ser mais fortes do que a natureza.”

Todos esses fatores, conforme o professor, indicam que a máscara dessas indústrias caiu. “E isso precisa ficar claro para todos nós. Hoje em dia, em vários estados brasileiros, cresce o número de agricultores que está abandonando os transgênicos. E daqueles que nunca usaram essas sementes, agora é que não querem mesmo usar. Está mais do que provado que a transgenia é uma tecnologia que já nasceu morta, fracassada, que repete erros cometidos anteriormente e que não funciona. O que muda é a embalagem, a apresentação. Tanto é um fracasso comprovado que essas empresas vivem à procura de alternativas. O problema é: quem vai pagar esse estrago todo?”

Ao fracasso da tecnologia em aumentar a produtividade, que leva à sua rejeição entre os agricultores, e os riscos à saúde e ao meio ambiente, que levam manifestantes às ruas na Europa e nos Estados Unidos e Canadá, apontam para o sistema agrícola tão antigo quanto a humanidade. E fortalecem o conhecimento ancestral, dos povos tradicionais, que passa de geração em geração.

“Nós vamos aprender a cultivar em nossos quintais, como foi feito nas piores crises do Império Romano. Foi o conhecimento tradicional, das técnicas mais antigas, que sustentou a todos, e ainda hoje sustenta famílias de refugiados quando chegam a outros países. Foi assim comigo, quando deixei o Egito, há mais de 50 anos. Não é o trabalho intelectual, especializado, de engenheiro, advogado. Não sobrevivi trabalhando como professor universitário em um país que quando cheguei ainda não sabia falar o idioma, mas sim pelas habilidades manuais”, conta o professor.

Para Mohamed Habib, nunca é demais dizer que a agricultura com base altamente tecnológica e mecanizada não produz a comida que chega à mesa das pessoas em todo o mundo. “Só serve pra produzir matéria prima e energia. Só. Essas tecnologias não produzem arroz e feijão. Hortaliças? Não. Então, nós vamos sobreviver sim. Eles é que vão desaparecer. A inviabilidade econômica de um produto, para eles, é suficiente para saírem do mercado.”

E como essas biotecnologias são criadas unicamente para ganhar dinheiro, ele não tem dúvida de que uma crise prolongada pode até antecipar o fim do império dos transgênicos. “Eu não tenho dúvidas de que, com esse cenário de resistência crescente ao transgênicos e agrotóxicos, e a persistência de dificuldades econômicas no Brasil, eles deixarão o barco como fazem os ratos, que abandonam o navio que afunda. Serão os primeiros a ir embora”.

Fonte: Rede Brasil atual

Site mostra que pós-graduação brasileira publica em 485 periódicos predatórios

05/12/2017 10:41

Pelo menos 485 periódicos acusados de recorrer a más práticas editoriais são usados no Brasil por professores, pesquisadores e pós-graduandos, registra o site Preda Qualis, lançado neste mês por três docentes da USP, Unesp e UFABC. Essas publicações estão na plataforma de dados online Qualis Periódicos, do governo federal, que reúne e classifica cerca de 26,5 mil títulos e serve para orientar pesquisadores, professores e pós-graduandos a escolher de revistas acadêmicas para publicar seus trabalhos.

O objetivo do Preda Qualis, afirmam os autores da iniciativa, é “contribuir para o aperfeiçoamento dos critérios de avaliação dos programas de pós-gradução e do sistema Qualis”, que integra as atividades de avaliação da pós-graduação brasileira pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação.

Dos 485 periódicos “potencialmente predatórios”, 67% foram classificados nos estratos A e B do Qualis, em vez de serem listados no nível C, destinado a publicações consideradas inadequadas, afirmam os autores da iniciativa, Paulo Inácio Prado, do Instituto de Biociências da USP, Roberto André Kraenkel, do Instituto de Física Teórica da Unesp, e Renato Mendes Coutinho, do Centro de Matemática, Computação e Cognição da UFABC.

Embora considerem “baixa” a proporção de periódicos predatórios do Qualis – os 485 títulos detectados correspondem a 1,8% dos 26.477 registrados na plataforma –, os criadores do novo site entendem que “há uma grande vulnerabilidade do sistema de avaliação da CAPES à invasão por este tipo de publicação”.

Ponderações

Logo no início de sua apresentação, os criadores do Preda Qualis advertem que sua lista de títulos potencialmente predatórios “não é uma palavra final e está em constante revisão, devendo ser usada como subsídio para avaliações caso a caso e a critério dos autores e instituições”. E acrescenta:

O fato de um artigo ser publicado em uma revista potencialmente predatória não significa que este artigo seja de má qualidade. Um dos prejuízos causados pelos periódicos predatórios é justamente potencialmente afetar a credibilidade de tais artigos.

Preda Qualis, está aberto para sugestões de leitores, afirmam Prado, Kraenkel e Coutinho, que também pedem para serem informados sobre quaisquer problemas encontrados no site.

Os periódicos predatórios são revistas editadas por empresas que exploram sem rigor científico o modelo de publicação de artigos acadêmicos em acesso livre, que é mantido por meio da cobrança de taxas de autores ou pelo custeio por parte de instituições científicas.

Tanto no acesso livre como no modelo tradicional, mantido por assinaturas anuais ou pela cobrança por artigo baixado pela internet, os periódicos considerados “legítimos” demoram meses e até mais de um ano para analisar e aceitar artigos, ou rejeitá-los. Os publishers predatórios não só reduzem a poucas semanas o intervalo entre a apresentação e a aceitação de artigos, mas também são menos seletivos e rigorosos nesse processo.

“Quanto mais artigos eles aceitam e publicam, mais dinheiro eles fazem. A prática de autores que fazem pagamentos aos periódicos criou muita corrupção na publicação acadêmica”, afirmou para a Folha em 2015 o biblioteconomista Jeffrey Beall, professor da Universidade do Colorado em Denver, que lançou em 2011 sua lista de “potenciais, possíveis ou prováveis publishers predatórios” em seu blog Scholarly Open Accessdesativado em janeiro deste ano.

‘Acontecimento auspicioso’

“Acho essa iniciativa excelente! Espero que seja bem sucedida. O Qualis efetivamente funciona como uma ‘lista branca’. Por isso, é uma grande responsabilidade ter certeza de que exclua periódicos predatórios”, afirmou Jeffrey Beall. “Esses cientistas estão efetivamente defendendo a ciência”, disse ele sobre os criadores do novo site.

“Acho que os autores estão oferecendo um ótimo serviço, ajudando o Qualis a melhorar”, afirmou Beall referindo-se ao Preda Qualis. “O número [detectado] 485, ou 1,8%, é pequeno, mas não demora para que pouco veneno arruine um poço”, acrescentou.

Para o geógrafo Marcos Pedlowski, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), um dos raros pesquisadores brasileiros a se posicionar frequentemente sobre o problema dos predatórios, o lançamento do Preda Qualis é  um acontecimento auspicioso para a comunidade científica brasileira, pois no oferece uma primeira ferramenta para saber mais sobre esse tipo de publicação acadêmica.

“Alguns poderão dizer que este não seria o melhor momento para o lançamento deste tipo de ferramenta, na medida em que enfrentamos uma grave crise de financiamento que afeta a capacidade dos pesquisadores brasileiros de seguir publicando nos mesmos níveis da última década. Eu já penso que este é o melhor momento, na medida em que teremos como ter escolhas claras de onde não publicar pesquisas que custam bastante aos contribuintes brasileiros”, afirmou Pedlowski.

“Ao mesmo tempo, poderemos nos mover da falsa dicotomia entre quantidade e qualidade na publicação de artigos científicos para nos concentrar em publicar nas melhores revistas, sejam elas de editoras tradicionais ou de acesso aberto”, acrescentou.

“Minha expectativa é que os colegas que estão lançando o Preda Qualis não se desanimem com as eventuais críticas e mesmo oposição ao seu trabalho. É que os desafios que estão sendo postos no enfrentamento ao crescimento exponencial das revistas predatórias não podem esperar mais para serem atacados de frente”, disse o professor da UENF.

Quase nada a declarar

Questionada por Direto da Ciência por meio de sua assessoria de imprensa, a Capes laconicamente respondeu com a nota transcrita a seguir em sua íntegra.

São classificados no estrato C os periódicos predatórios identificados na maioria das áreas para que o título permaneça visível e dessa forma deixamos claramente sinalizado para os programas, que a produção publicada nesse tipo de periódico não será considerada.

Saiba mais sobre o tema desta reportagem lendo as matérias de Direto da Ciênciacom a tag periódicos predatórios.

Site: Diretoria da Ciência

São Paulo e Brasília “comem veneno” acima do permitido, diz Greenpeace

05/12/2017 10:36
Testes feitos a pedido da ONG apontam resíduos de agrotóxicos e irregularidades no uso de pesticidas
Na Câmara, tramita projeto para tirar Anvisa e Meio Ambiente da aprovação das substâncias

Uma análise realizada pelo Laboratório de Resíduos de Pesticidas do Instituto Biológico de São Paulo mostrou que diversos alimentos à venda em São Paulo e Brasília contêm resíduos de agrotóxicosacima do limite máximo permitido. Muitos chegam ao consumidor com a presença de mais de um tipo de pesticida, levando ao chamado efeito coquetel das substâncias químicas. E em outros tantos, foi detectada a presença de resíduos de substâncias não permitidas para aquele alimento e até de agrotóxicos que são proibidos no Brasil.

Consumidor escolhe legumes em um supermercado de São Paulo.

A avaliação foi feita à pedido da ONG Greenpeace com mais de 100 quilos de alimentos como arroz, feijão, frutas, verduras e legumes. Os resultados compõem um dossiê da organização sobre agrotóxicos divulgado nesta terça-feira. “Percebemos que o problema dos agrotóxicos está em todos os lugares”, diz Marina Lacôrte, especialista do Greenpeace em agricultura e alimentação. “Ou seja, não é uma questão geográfica. E para mostrarmos isso escolhemos alimentos de São Paulo e Brasília”. Para ela, não há níveis seguros para o consumo de agrotóxicos a longo prazo. “Estamos comendo veneno. Os agrotóxicos estão na nossa rotina”.

Segundo o documento, três das quatro amostras de mamão pesquisadas apresentaram o efeito coquetel, com quatro tipos diferentes de resíduos. Em uma delas havia um pesticida que não é permitido para o uso neste tipo de fruta. Em outra, também foi encontrado uma substância com valores muito acima do permitido: nove vezes a mais. Ainda, duas amostras desta fruta continham um pesticida que é proibido no Brasil desde fevereiro do ano passado, o procloraz.

Além disso, banana e laranja vieram com níveis de agrotóxicos acima do limite máximo permitido pela Anvisa. Amir Gebara explica que, teoricamente, existem margens de segurança para o consumo destas substâncias, mas na prática estes níveis são questionáveis. “Depende da frequência com que você se alimenta daquele produto”, diz. “Mas isso é uma roupagem, a verdade do quanto pode fazer mal para o consumidor é desconhecido”. Para ele, as regras que giram em torno dos pesticidas no Brasil são flexíveis demais.

O laboratório onde Gebara trabalha realiza este tipo de análise para verificar a quantidade de resíduos de agrotóxicos rotineiramente. E ele explica que os níveis encontrados não estão diminuindo com o passar do tempo. “Já encontramos, inclusive, agrotóxicos em alimentos orgânicos”, diz. “Não é comum. A cada cinco amostras, uma apresenta [alguma substância]. Mas via de regra são produtos permitidos e em dosagem bem baixa”.

Ainda assim, Marina Lacôrte recomenda que quem tem acesso ao alimento orgânico compre estes produtos. “É um pedido que não dá para fazer a todo mundo”, reconhece. Isso porque os alimentos orgânicos costumam custar em torno de 30% a 40% a mais que os convencionais. Quem não puder comprar orgânicos, a dica é lavar muito bem os alimentos e esfregar com uma escova quando possível, inclusive as cascas das frutas que são consumidas sem casca, como a melancia e a laranja. Pimentão, alface, tomate, mamão, pêssego, figo, couve, goiaba e laranja são, de acordo com Gebara, os alimentos que normalmente apresentam mais resíduos de agrotóxicos (lembrando que auxilia na retirada somente de agrotóxicos de superfície e não sistêmicos, e esses são a minoria dos agrotóxicos utilizados; informação adicionada por nós à reportagem).

O Greenpeace enviou para o laboratório 113 quilos de alimentos adquiridos em diferentes estabelecimentos comerciais de São Paulo e Brasília em setembro. Os alimentos analisados foram: arroz branco e integral, feijão preto e carioca, mamão formosa, tomate, couve, pimentão verde, laranja, banana nanica e prata e o café. De todos os alimentos, as amostras de café foram as únicas que não apresentaram nenhum resíduo. As demais, em ao menos um tipo ou espécie em pelo menos uma das duas cidades estavam contaminadas.

Gebara lembra, porém, que o laboratório não tem função fiscal. “Não temos o que fazer com os desdobramentos destas conclusões”, diz ele. “Normalmente não acontece nada [com os produtores de alimentos fora do padrão permitido]”. Para ele, é importante que a sociedade cobre medidas e que existam mais programas de monitoramento. “O nosso laboratório é o único que faz este tipo de trabalho em todo o Estado de São Paulo”, lembra ele.

“Pacote do veneno”

O Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo. E as políticas em torno deste tema neste momento devem ajudar a manter o país no pódio. Tramita na Câmara um projeto de lei (PL 6299/2002) de autoria do atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que altera as regras da lei do uso, pesquisa, produção e comercialização dos agrotóxicos. Chamado pelos ambientalistas de “pacote do veneno”, o projeto propõe, por exemplo, tirar o ministério do Meio Ambiente e a Anvisa do processo de aprovação das substâncias que podem ser usadas, deixando somente o ministério da Agricultura responsável por isso. Também propõe que os agrotóxicos passem a ser denominados “defensivos fitossanitários”, dentre outras mudanças. O projeto já foi aprovado pelo Senado. “Se hoje já somos o maior consumidor de agrotóxico do mundo, [se esta lei for aprovada] o país vai virar um mar de veneno”, diz Marina Lacôrte.

Por outro lado, aguarda aprovação da Câmara o projeto de lei que institui a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pnara). O texto propõe, basicamente, reduzir gradualmente o uso de agrotóxicos na agricultura e estimular e promover a agricultura agroecológica. “É preciso pressionar para que a Pnara seja aprovada”, diz Lacôrte. Ela reconhece que o atual momento político não favorece a aprovação deste tipo de lei, e lembra que existe uma petição online para tentar pressionar o Congresso, a plataforma Chega de agrotóxico. “O cenário é o pior possível. A nossa saúde e outras agendas estão virando moeda de troca barata”, diz ela. “Comer comida no Brasil hoje é uma loteria, mas ninguém quer ganhar, porque o prêmio não é bom”.

FOnte: El País

As fotos que mostram o açúcar oculto em sua comida

05/12/2017 10:27

Um iogurte de frutas da marca Danone “0%” tem quatro cubos de açúcar. Uma caixa de 200 mililitros de molho de tomate, a mesma quantidade. Um copo de suco “veggie”, sete cubos. E um café Mocha Branco Venti do Starbucks, com chantili e calda de chocolate, a prodigiosa quantidade de 20 cubos de açúcar.

Quando consumimos qualquer um desses alimentos, raramente temos ideia da grande quantidade de açúcar que estamos ingerindo, açúcar que pode criar dependência e cujo abuso leva ao excesso de pesodiabetes, cárie dentária ou risco cardiovascular. Ou não lemos os rótulos onde a quantidade é indicada, ou não entendemos exatamente as quantidades indicadas. Essa cegueira é o que levou Antonio Rodríguez Estrada a criar o SinAzúcar.org, uma iniciativa para divulgar imagens nas quais os produtos são acompanhados pela quantidade de açúcar que contêm, medida em uma unidade familiar e compreensível para todos: o cubo de açúcar.

“Uma das causas da atual epidemia de obesidade é o abuso de produtos industrializados na alimentação diária”, afirma este fotógrafo, entusiasta da alimentação saudável. “O SinAzúcar.org pretende visualizar o açúcar oculto nesses alimentos processados de uma forma simples e gráfica para que possam ser facilmente compartilhados por meio das redes sociais. É meu grãozinho de areia para melhorar os hábitos de consumo.”

Embora a ideia não seja muito original — o site norte-americano Sugar Stacks e a conta de Instagram @dealerdesucre vêm fazendo algo semelhante há um tempo—, o projeto apresenta duas novidades: os produtos são vendidos no mercado espanhol e as imagens, brilhantes e polidas, imitam deliberadamente a estética publicitária com a qual costumam ser anunciados. “A indústria alimentícia apresenta seus produtos de forma brilhante para seduzir o consumidor. Se quisermos lutar contra este marketing, devemos ser capazes de nos nivelarmos a eles e usar suas próprias armas para criar imagens atraentes que comuniquem de forma eficaz”, disse o fotógrafo, que terminou há alguns meses um curso de nutrição esportiva no Instituto de Ciências da Nutrição e Saúde.

Rodríguez Estrada começou postando fotos de produtos com grandes quantidades de açúcar, tais como bebidas açucaradas. Mas então percebeu que os alimentos que mais surpreendiam eram aqueles nos quais este ingrediente é mais inesperado, como um molho de tomate ou iogurte para bebês. Por isso, decidiu dar prioridade à denúncia desse tipo de alimentos em relação aos que o consumidor baixa a guarda mais facilmente, especialmente quando alegam ser saudáveis, como “0%”, ou são recomendados por sociedades médicas sem muitos escrúpulos.

Para calcular a quantidade de açúcar, o fotógrafo utiliza a informação fornecida pelo próprio fabricante no rótulo. No caso de alimentos mais genéricos como torradas, bolo de queijo, donuts de chocolate ou doces, escolhe uma marca de referência e aplica o mesmo padrão. Cada um dos cubos de açúcar das fotos pesa quatro gramas.

Algumas imagens da iniciativa nos levam a pensar duas vezes antes de dar certos alimentos prontos para crianças ou ingerirmos uma bebida “energética”, alguns biscoitos ou cereais. Mas como nos tornamos tão insensíveis a tais quantidades de sacarose? “Uma das consequências do abuso do açúcar é o aumento do limiar de sabor doce”, explica Rodríguez Estrada. “Precisamos cada vez mais para que o sabor nos agrade. Se educamos nosso paladar desde pequenos com vitaminas, iogurtes açucarados ou refrigerantes, quando somos adultos um café com 20 com cubos de açúcar parece delicioso.”

Como era previsível, o SinAzúcar.org tem sido apoiado por vários nutricionistas nas redes sociais, os quais o fotógrafo espera ajudar na luta por uma melhor alimentação e contra as práticas nocivas da indústria de alimentos. Por outro lado, entre as marcas representadas nas imagens, por enquanto reina o silêncio. “Nenhuma ainda me contatou”, disse Rodríguez Estrada, ironicamente, “mas, cada vez que entro no Starbucks, noto que fazem cara feia”.

Fonte: El País

Desperdiçômetro calcula alimentos descartados pelo Restaurante Universitário da UFSC

05/12/2017 10:22

Estimativa do desperdício de alimentos do Restaurante Universitário (RU) da UFSC, o Desperdiçômetro está com uma novidade desde o início de novembro: cascas de frutas e ossos, como não são comestíveis, não são mais pesados. Além de saber a quantidade de alimento descartada, a ideia é criar o hábito da separação para um futuro programa de compostagem.

Desperdiçômetro não contabiliza mais o peso de cascas e ossos. Foto: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC

Desde então, as estagiárias de Nutrição, responsáveis pelo RU 360, tentam conscientizar os usuários do restaurante a realizar esta separação, tanto com cartazes como pessoalmente. Entretanto, não é fácil: muitas pessoas ignoram e há até quem as xingue. “As pessoas estão cada vez mais ligadas, mas é preciso de muito tempo para conscientizar”, diz a estagiária Maria Carolina Barcelos.

O Desperdiçômetro surgiu após pesquisa de aluno da Engenharia Sanitária e Ambiental, em parceria dos estagiários do RU do 10º semestre de Nutrição. “Eles pesaram todo o desperdício de alimentos: o dos alunos mais a sobra dos balcões”, diz a nutricionista do RU Melina Valério dos Santos. Ela diz que ficou assustada com o total de orgânicos descartado, centenas de quilos diariamente. “A partir dali, com a ajuda dos estagiários, iniciamos uma pesagem frequente, que passou a ser diária”.

Em seguida, a preocupação foi com diminuir o desperdício do balcão, de onde os frequentadores do RU servem os alimentos. Depois que são disponibilizados aos usuários, não podem, por lei, serem reutilizados. Então, a reposição passou a ser realizada de maneira mais criteriosa – no início das pesagens, o desperdício do balcão era de 90 quilos, e com o maior controle, chegou a 20.

Há outro um problema de conscientização, este dos frequentadores: os utensílios utilizados para servir são um pouco maiores dos que as pessoas estão acostumadas em suas casas. “Se a gente coloca um pequeno, a fila aumenta e a fila aumenta. O importante é que o aluno perceba o tamanho para colocar a quantidade que irá consumir”, conta a nutricionista.

No refeitório, a variação é maior porque também depende do tipo de alimento – a aceitação do prato pode ser maior ou menor, incluindo também o tipo de preparo do alimento. Na média, o RU do campus Trindade serve 7 mil almoços e 2,8 mil jantares – número que pode variar em até mil refeições, dependendo do dia. “É um desafio diário servir um almoço dessa qualidade, a esse preço, para tanta gente”, diz Melina.

RU 360

O Projeto RU 360 foi criado por estagiárias da 10ª fase do curso de Nutrição da UFSC, em 2016, com o objetivo de aproximar os usuários e ampliar o olhar sobre o Restaurante Universitário da UFSC, indo desde o funcionamento até informações nutricionais.

Presente no Instagram e Facebook, o RU 360 não é um canal de comunicação oficial da instituição, mas mostra em informações, fotos e vídeos, iniciativas e o cotidiano do restaurante, como a horta do RU, o trabalho da cozinha, a paradinha na fila para facilitar o fluxo junto ao balcão, entre outras.

Texto: Caetano Machado/Jornalista da Agecom/UFSC

Fotos: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC

Fonte: Notícias UFSC

A pequena produção mantém a biodiversidade e ajuda a população socialmente”, afirma Carlo Petrini, criador do movimento Slow Food

12/11/2017 22:40

A gastronomia vai além dos sabores. Em passagem por Florianópolis, o jornalista e sociólogo italiano Carlo Petrini, fundador do movimento internacional Slow Food, defende que alimentar-se vai muito além da saciedade ou do prazer de comer. É um ato político. Escolher o que se come, conhecer a origem dos alimentos e a forma como chegaram à mesa é também uma forma de incentivar pequenos produtores e a fomentar a economia e a tradição de uma região.

Petrini palestrou na tarde desta terça-feira no auditório do Centro Socioeconômico da UFSC. Ele também participará do Seminário Alimentação Agricultura e Mudanças Climáticas, que ocorrerá na Assembleia Legislativa, às 13h30min, desta quarta-feira, dia 8 de novembro. No evento, o sociólogo falará sobre A Agricultura é causa é vítima ao mesmo tempo das mudanças climáticas. Caminhos, perspectivas e ferramentas.

Petrini criou a filosofia Slow Food em 1986. O conceito principal é que a forma como nos alimentamos “tem profunda influência no que nos rodeia — na paisagem, na biodiversidade da terra e nas suas tradições”. Para ele, produtos artesanais, produzidos em pequena escala, geram menos impacto ambiental e social do que os industrializados. Outra defesa do slow food consiste no fato de dedicar um tempo para as refeições, tornando a alimentação um processo de degustação, o que melhora a qualidade de vida.

Em uma conversa momentos antes da palestra na UFSC, Petrini falou em um portunhol bastante fácil de compreender. É a primeira vez que está em Florianópolis e disse que gostou muito da cidade. Já conheceu alguns dos produtos locais e mostrou um exemplar do livro A Arca do Gosto no Brasil –  Alimentos, Conhecimentos e Histórias do Patrimônio Gastronômico, no qual estão listados 200alimentos brasileiros que correm risco de extinção. Petrini garante que é possível comer bem com produtos locais e mantendo as tradições gastronômicas de cada região.

Pesca artesanal em Santa Catarina – Foto Lucas Correia, Agência RBS

O senhor conhece a gastronomia catarinense?
É a primeira vez que venho a Santa Catarina. Já conhecia o Rio Grande do Sul. Conheci algumas especialidades pesqueiras e comunidades de pescadores que trabalham pela defesa da pesca artesanal. Também de produtos que são originários do trabalho dos imigrantes como queijos artesanais muito bons. Experimentei os queijos diamante e o colonial ontem (segunda-feira) que são produzidos aqui.

Como está acontecendo a evolução do movimento Slow Food?
Há uma grande batalha em nível econômico e produtivo contra a agroindústria e a pequena produção. A pequena produção mantém a biodiversidade e ajuda a população socialmente, pois ela tem uma comida preciosa, um patrimônio gastronômico muito forte. A agroindústria estuda uma maneira de vender produtos massivos que não são bons para a saúde e nem para a economia. Trabalha a concentração de poder em poucas mãos de toda a política alimentar. Essa batalha começou há muito tempo. Também acontece que há países que a legislação não é favorável a pequenos produtores, é muito mais favorável à agroindústria.É importante defender o direito dos pequenos e do meio ambiente, cuja legislação é muito trágica. Há muita química no solo que acabam nos alimentos que comemos todos os dias e há muita perda de biodiversidade.

O senhor tem acompanhado as mudanças na legislação brasileira em relação ao agronegócio?
É muito difícil mudar a legislação porque o agronegócio investiu no último ano 58 milhões de dólares em política e os pequenos produtores não têm dinheiro para investir nisso. Esse é o verdadeiro problema. Uma multinacional trabalha pela venda de comida massificada que provoca obesidade e diabete do tipo 2. Algumas vezes quando se fala de gastronomia se fala muito do sabor e não se reflete que o verdadeiro problema é a saúde. Não se vê que nos últimos 10 anos a obesidade aumentou em 100% no Brasil também para as crianças.

E por que é difícil difundir o hábito de comer produtos da agricultura sustentável?
A comida boa da agricultura sustentável não tem perspectiva porque não existe muita venda direta, há muitos intermediários que realizam especulações. Espero aqui (na palestra da UFSC) falar com os jovens, que são o futuro. Se o jovem não compreende isso é um verdadeiro desastre. Em qualquer parte do mundo teremos problema de urbanização(ocupação urbana desordenada), muita gente abandona o campo para trabalhar na cidade causando problemas sociais muito difíceis. O jovem não vai viver no campo se não se paga de forma justa, se não tem internet ou uma forma de socializar, sem qualidade de vida. Este é um problema social. Inverter o movimento de urbanização, que é um excesso de pessoas no meio urbano.

Como as pessoas podem ajudar a reverter o problema do consumo de produtos ultraprocessados?
Implantar um sistema de venda direta entre camponeses e cidadãos e comunidades de suporte, e preferir comidas de pequenos produtores. Esta pode ser a força verdadeira de uma multitude (agrupamento) de cidadãos. Não quero falar de consumidores, pois esta é uma palavra da Revolução Industrial. É preciso formar co-produtores, que compram produtos diretamente, ajudam o pequeno produtor e realizam uma verdadeira aliança entre cidadãos e produtos. Se essa aliança se realiza há uma troca socioeconômica muito importante.

Fonte:Revista versar

Informativo da Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição 06 a 10 de novembro de 2017

12/11/2017 22:36

Notícia de Capa: Lançamento do Sistema de Micronutrientes

No dia 3 de novembro de 2017, a Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição – CGAN/DAB lançou o Sistema de Micronutrientes, que possui 3 módulos:  I. Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A – PNSVA; II. Programa Nacional de Suplementação de Ferro – PNSF; III. Estratégia de Fortificação da Alimentação Infantil com Micronutrientes em Pó (vitaminas e minerais) – NutriSUS.

O Sistema de Micronutrientes, assim como os outros sistemas da Atenção Básica, será acessado por meio do e-Gestor Atenção Básica (AB) disponível no link https://egestorab.saude.gov.br/. Para cada módulo/programa será necessário o cadastro de um Coordenador Municipal (que pode ser o mesmo para todos, porém deverá ser cadastrado em cada um dos módulos/programas). Esse cadastro deverá ser feito do mesmo modo que ocorre o cadastro de Coordenadores no e-Gestor AB, ou seja, o Gestor da Atenção Básica deve realizar o cadastro do Coordenador de cada um dos programas. (…)

Para saber mais sobre o assunto:

– Baixe a Segundeira da CGAN desta semana no link: http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-download_file.php?fileId=1756; ou

– Acesse o Blog da CGAN da RedeNutri (http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-view_articles.php).

Nesta edição:

  • Lançamento do Sistema de Micronutrientes
  • Linhas de cuidado do sobrepeso e obesidade no Rio Grande do Sul
  • Senado discute melhoria dos rótulos de alimentos
  • Especialistas defendem aumento de tributos sobre bebidas açucaradas
  • Agência da ONU e revista especializada recebem artigos sobre políticas públicas de saúde
  • Agenda da CGAN
  • Espaço dos Estados
  • De olho na evidência
  • Implementando o Guia Alimentar para a População Brasileira – 5 Maneiras de melhorar seu café da manhã
  • Monitoramento Semanal de Programas Estratégicos da CGAN
  • Saiu na mídia

A Segundeira da CGAN é o informativo semanal da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, na qual são apresentadas as principais notícias da semana, agendas previstas da Coordenação, além de trazer atualizações sobre evidências científicas, textos de apoio para a implementação das recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira e atividades realizadas nos municípios e estados relacionados à agenda de alimentação e nutrição no SUS e monitoramento de alguns programas.

Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição

Departamento de Atenção Básica

Secretaria de Atenção à Saúde

Ministério da Saúde

Portal do Departamento de Atenção Básica: http://dab.saude.gov.br/portaldab/

Comunidade de Práticas: https://www.facebook.com/comunidadedepraticas

RedeNutri: http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-view_articles.php

Boletim Caisan – 08/11/2017 – Caisan divulga compromissos para a Década de Ação para a Nutrição

12/11/2017 22:32
               Quarta-feira • 08 de novembro de 2017                                                         
Foto: Lia de Paula/MDS

Caisan divulga compromissos para a Década de Ação para a Nutrição 
Publicação foi apresentada pelo governo federal na 44ª Sessão do Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CSA), das Nações Unidas

Foto: Walter Andrade/Consea Nacional

Oficinas do Sisan promovem o fortalecimento da segurança alimentar

Troca de experiências entre municípios de todas as regiões do país é o principal objetivo dos encontros 

Foto: Ana Nascimento/MDS

Painel técnico debaterá no próximo dia 9 rotulagem de alimentos

Evento irá discutir propostas e estudos científicos relacionados à rotulagem nutricional frontal de alimentos

 
Foto: Divulgação

Programa de inclusão do milho guarani nas escolas ganha prêmio estadual 

Itanhaém conquista primeira colocação no Prêmio Josué de Castro de Combate à Fome e à Desnutrição

 
Foto : Sergio Amaral/MDS

Mais 43 municípios aderem ao sistema de segurança alimentar e nutricional

Com a participação no Sisan, prefeituras se comprometem a instituir um conselho para discutir ações da área com a sociedade civil 

Foto: Ana Nascimento/MDS

Site incentiva consumo consciente de hortaliças para evitar o desperdício

Consolidar conhecimentos e disponibilizar informações foi o caminho trilhado pelo projeto “Hortaliça não é só salada”, coordenado pela Embrapa

Foto: Divulgação

MDS promove simpósio para incentivar compras públicas em Rondônia

Encontro em Porto Velho reuniu agricultores familiares, cooperativas e representantes de órgãos públicos federais, estaduais e municipais 

Anote na agenda

14 de novembro

  • IX Reunião do Comitê Técnico de Povos e Comunidades Tradicionais – Brasília
16 e 17 de novembro

  • Oficina de Trabalho sobre Desertos Alimentares no Brasil – Brasília
21 de novembro

  • V Reunião do Comitê Técnico de Prevenção e Controle da Obesidade da Caisan – Brasília
22 de novembro

  • 33ª Reunião do Pleno Executivo Caisan – Brasília
28 a 30 de novembro

  • 5ª Reunião Plenária Ordinária da gestão 2017-2019 – Brasília
30 de novembro e 1º de dezembro

  • II Encontro Nacional de Gestores de Bancos de Alimentos – Brasília

PanGea winners in Nature Magazine!

12/11/2017 22:31

O Concurso Imagine Pangea, que teve entre os ganhadores a professora Greyce Luci Bernardo, membro do Nuppre e egressa do PPGN-UFSC, foi destaque na edição desta semana da revista Nature.

O Imagine-PanGea, primeiro concurso de popularização científica de caráter multicultural e multilinguístico, é destaque da edição desta semana da revista Nature, um dos mais prestigiosos periódicos científicos do mundo, que acaba de completar 148 anos de existência. A competição, que envolveu estudantes de mestrado e doutorado de diferentes países em desenvolvimento, foi uma realização do Projeto Imagine (http://projetoimagine.ufsc.br/) da UFSC, em parceria com a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e duas redes internacionais de popularização da ciência, a RedPOP da América Latina e o African Gong da África.

Acesse a matéria em www.facebook.com/UFSCProjetoImagine/ ou www.nature.com/articles/d41586-017-05731-0

Assista os vídeos vencedores em http://bit.ly/2vFMjum

Chamada de artigos: IMAGENS E DISCURSOS SOBRE CORPOS, FAMÍLIAS E SUBJETIVIDADES

12/11/2017 22:28

DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde divulga chamada de artigos

IMAGENS E DISCURSOS SOBRE CORPOS, FAMÍLIAS E SUBJETIVIDADES

Publicada pelo Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, a revista DEMETRA: Alimentação, Nutrição e Saúde
(www.demetra.uerj.br) prepara um número que privilegia o debate que busca
articular imagens e discursos sobre corpos, famílias e subjetividades.

Esta iniciativa é fruto das reflexões gestadas no âmbito dos Programas de
Pós-graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde da UERJ, em
Nutrição da UFRJ e em Ensino em Biociência e Saúde do Instituto Oswaldo
Cruz (IOC) da Fiocruz por meio de intercâmbio de seus docentes e oferta de
disciplinas em comum.

Já se pode constatar um crescente interesse acadêmico pelos estudos que se
voltam para temas como corpos, famílias e subjetividades por meio de
imagens e/ou discursos, na medida em que estas categorias expressam um
grande potencial na análise dos modos de funcionamento da sociedade.
Contudo, entre esses esforços predominam abordagens isoladas em espaços
distintos do saber, resultando sua integração ainda pouco comum no âmbito
acadêmico, sobretudo no campo da saúde. Portanto, ainda permanece como um
desafio para as pesquisas em alimentação e nutrição o acolhimento de
diferentes perspectivas analíticas (sociológicas, antropológicas,
históricas, psicológicas, etc.) que favoreçam a associação entre estas
fecundas categorias.

Esse número temático dirige seu foco para relações entre corpos,
famílias e subjetividades como construções sociais presentes, tanto em
experiências da vida cotidiana, como nos modos de fazer ciência. São aqui
entendidos, enfim, como processos passíveis de análises a partir de
diferentes orientações teóricas e metodológicas.

Poderão integrar esta iniciativa pesquisas relacionadas à produção do
conhecimento científico em diferentes cenários, incluindo a produção
midiática, cinematográfica e as artes. São bem-vindos textos derivados de
pesquisas empíricas, ensaios e/ou discussões teóricas que destacam o
agenciamento pelos sujeitos da problemática dos corpos e das diversas
expressões de família em seus aspectos históricos e socioculturais por
meio de imagens e/ou discursos modeladores da subjetividade. Interessam as
iniciativas que problematizam as normatizações, regulações,
naturalizações e/ou idealizações do corpo com implicações para a
existência individual e coletiva, a saber: discursos e imagens produtores
de estigma e/ou preconceito com referência aos corpos
femininos/masculinos/trans e às diversidades na constituição das
identidades; análises de intervenções biomédica e/ou tecnológicas
(medicamentosas, estéticas, dietéticas e de dispositivos online em seus
usos lícitos/ilícitos) sobre os corpos e nas relações familiares e de
gênero; legislações/normativas e suas repercussões nas experiências
subjetivas.

•       Os interessados devem encaminhar suas contribuições em inglês,
português ou espanhol até 28 de fevereiro de 2018.
•       A submissão deverá ser efetuada na página da nossa revista através
do link
http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra/about/submissions#onlineSubmissions,
informando seu direcionamento para a sessão ARTIGOS TEMÁTICOS.
•       A comunicação aos Editores deverá mencionar a chamada temática
“IMAGENS E DISCURSOS SOBRE CORPOS, FAMÍLIAS E SUBJETIVIDADES”.
•       Dúvidas podem ser sanadas pelos e-mails demetra.uerj@gmail.com ou
demetra@uerj.br.

Desemprego pode recolocar Brasil no Mapa da Fome, diz líder do órgão da ONU para alimentação

06/11/2017 10:22

Desemprego pode recolocar Brasil no Mapa da Fome, diz líder do órgão da ONU para alimentação.

O brasileiro José Graziano da Silva, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO, diz estar preocupado com a possibilidade de o Brasil voltar a ter a fome como um de seus problemas crônicos e estruturais.

“Se o Brasil não conseguir retomar o crescimento econômico, gerar empregos de qualidade e ter um programa de segurança alimentar voltado especificamente para as zonas mais deprimidas, nós podemos, infelizmente, voltar a fazer parte do Mapa da Fome da FAO”, alerta, em entrevista por e-mail ao UOL, da sede mundial da instituição, em Roma (Itália).

Matéria na íntegra aqui.

Fonte: Notícia Uol

Obesidade cresce 11 vezes entre jovens

05/11/2017 16:00

O número de crianças e adolescentes obesos no mundo aumentou 11 vezes nas últimas quatro décadas (Lancet, 10 de outubro). Em 1975, havia 11 milhões de indivíduos com idade de 5 a 19 anos no mundo que estavam exageradamente acima do peso. Em 2016, as crianças e os jovens obesos eram 124 milhões, dos quais cerca de 60% eram do sexo masculino. Além disso, havia, também no ano passado, 213 milhões de pessoas dessa faixa etária com sobrepeso. A conclusão é de uma meta-análise coordenada por pesquisadores do Imperial College London e da Organização Mundial da Saúde. O trabalho analisou dados de 2.416 estudos epidemiológicos feitos em diferentes partes do globo desde meados dos anos 1970. Esses trabalhos forneceram informações sobre o peso e a altura de 130 milhões de indivíduos da faixa etária analisada.

Para ler o trabalho completo clique aqui

Seminário Internacional sobre taxação de bebidas adoçadas está com inscrições abertas

05/11/2017 15:59

Evento terá a participação de representantes do Ministério da Saúde, pesquisadores e estudiosos do tema

A Aliança, em parceria com a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), organiza no próximo dia 10 de novembro o seminário “Taxação de bebidas adoçadas para prevenção da obesidade” .

O objetivo geral do evento é reunir conhecimentos e experiências sobre modelos de tributação de bebidas adoçadas e seus benefícios para a saúde, buscando direções sobre políticas públicas de taxação de bebidas para a prevenção da obesidade e outras doenças crônicas no Brasil.

Participam do encontro membros do Ministério da Saúde, Ministério da Fazenda, pesquisadores nacionais e internacionais.Também foram convidados deputados e senadores envolvidos em projetos de lei sobre o tema.

Para se inscrever, preencha o formulário.
As vagas são limitadas.

Data: 10 de novembro
Horário: 9h às 17h
Local: OPAS/OMS Brasil
Setor de Embaixadas Norte, Lote 19, 70800-400 Brasília, DF, Brasil.

Notícia de Capa: CGAN participa de Reunião do Grupo Técnico Assessor do Sódio

05/11/2017 15:57

Nos dias 25 e 26 de outubro foi realizada a reunião do Grupo Técnico Assessor para a Redução do Consumo de Sódio nas América, na sede da Organização Pan Americana da Saúde, em Washington, Estado Unidos, dando continuidade à terceira fase de trabalhos do grupo para o período de 2016 a 2019. Em reconhecimento ao trabalho desenvolvido no Brasil, nesta nova fase do grupo o Coordenador Substituto de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Eduardo Nilson, foi designado como vice-coordenador (co-chair) do grupo para a América do Sul e Central, trabalhando junto com a coordenadora Mary L’Abbe, da Universidade de Toronto, no Canadá, e as referências técnicas na Opas no planejamento e implementação das ações do grupo na região, assim como atuando como referência técnica para os países (…)

Para saber mais sobre o assunto:

– Baixe a Segundeira da CGAN desta semana no link: http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-download_file.php?fileId=1755; ou

– Acesse o Blog da CGAN da RedeNutri (http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-view_articles.php).

Nota pública sobre as Políticas (Nacional, Estadual e Municipal) de Erradicação da Fome e Promoção da Função Social dos Alimentos

30/10/2017 15:34

São Paulo, 26 de outubro de 2017

A Aliança pela Alimentação Adequada e saudável manifesta seu repúdio a iniciativas recentes que, anunciadas como tendo os propósitos de erradicação da fome, redução de desperdício de alimentos e de promoção da função social do alimento, contrariam o direito humano à alimentação adequada, as políticas de Segurança Alimentar e Nutricional vigentes no país e as concepções de alimentação adequada e saudável que as orienta.

Em oito de outubro de 2017, foi divulgada a sanção da Lei 16.704/2017 (PL 550/2016), que institui a Política Municipal de Erradicação da Fome e Promoção da Função Social dos Alimentos e também do programa “Alimento Para Todos”. Para este programa, segundo divulgado na imprensa e em outras mídias, foi estabelecida uma parceria entre a Prefeitura Municipal de São Paulo e a Plataforma Sinergia para a produção e distribuição de um produto à população em situação de fome e vulnerabilidade social, produzido a partir de produtos alimentícios próximos à data de vencimento ou fora do padrão de comercialização. A partir desse fato, tomamos conhecimento também de outros quatro projetos de lei com teor semelhante que se encontram em tramitação no País:

  • Assembleia Legislativa de São Paulo: PL 19/2017, autoria Deputada Célia Leão [Institui e estabelece diretrizes para a Política Estadual de Erradicação da Fome e de Promoção da Função Social dos Alimentos no Estado de São Paulo – PFSA-SP]
  • Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro: PL 2388/2017, autoria Deputado Wagner Montes [institui e estabelece diretrizes para a Política Estadual de Erradicação da Fome e de Promoção da Função Social dos Alimentos no Estado do Rio de Janeiro – PFSA-RJ, fundamentada em uma sociedade fraterna, justa e solidária]
  • Câmara Legislativa do Distrito Federal: PL 1465/2017, autoria Deputado Estadual Rodrigo Delmasso [institui e estabelece diretrizes para a Política Distrital de Erradicação da Fome e de Promoção da Função Social dos Alimentos – PEFSA-DF]
  • Senado Federal: PLC 104/2017, autoria Deputado Arnaldo Jardim [Institui e estabelece diretrizes para a Política Nacional de Erradicação da Fome e de Promoção da Função Social dos Alimentos (Pefsa), fundamentada em uma sociedade fraterna, justa e solidária]

A lei sancionada no município de São Paulo, o Programa e os projetos de lei acima mencionados têm em comum as seguintes características: contrariam o direito humano à alimentação adequada, as políticas de Segurança Alimentar e Nutricional vigentes no país e a concepção de alimentação adequada e saudável que as orienta.

Diante disso, apresentamos as seguintes considerações:

O Direito Humano à Alimentação Adequada é um direito constitucional e deve ser garantido a partir de duas dimensões: i) estar livre da fome e da desnutrição e ii) ter acesso a uma alimentação adequada e saudável que respeite a dignidade, os valores humanos e culturais e que não esteja sujeita aos interesses de mercado.

A alimentação adequada e saudável, segundo definição do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (2007), é “a realização de um direito humano básico, com a garantia ao acesso permanente e regular, de forma socialmente justa, a uma prática alimentar adequada aos aspectos biológicos e sociais dos indivíduos, de acordo com o ciclo da vida e as necessidades alimentares especiais, pautada pelo referencial tradicional local. Deve atender aos princípios da variedade, equilíbrio, moderação e prazer (sabor), às dimensões de gênero e etnia, e às formas de produção ambientalmente sustentáveis, livre de contaminantes físicos, químicos e biológicos e de organismos geneticamente modificados.” O Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado em 2014,  que hoje orienta as políticas públicas de alimentação e nutrição e de Segurança Alimentar e Nutricional, apresenta definição muito semelhante a esta.

– Na lei sancionada no município de São Paulo e nos projetos de lei acima mencionados, é colocado que “Não cumprem sua função social os alimentos considerados pela legislação vigente como aptos para o consumo humano que não tiverem tal destinação e que poderiam tê-la caso fossem submetidos a beneficiamento ou processamento adequados”. E, ainda, “Para garantir o cumprimento de sua função social, o alimento considerado pela legislação vigente como apto para o consumo humano deve ser submetido a técnicas adequadas de beneficiamento ou de processamento”. Ou seja, segundo esses documentos, o processamento (mínimo ou ultraprocessamento industrial) é condição necessária para que os alimentos estejam cumprindo sua “função social”. Essa perspectiva contraria os preceitos do Guia Alimentar para a População Brasileira. Segundo o Guia, uma alimentação adequada e saudável é baseada no consumo de alimentos in natura ou minimamente processados.

– Na lei sancionada no município de São Paulo e nos projetos de lei acima mencionados, ainda há a seguinte definição: “erradicação da fome: o combate aos diferentes níveis de insegurança alimentar da população, segundo as categorias da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar – EBIA”. Vale dizer que a  Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2013, na qual foi utilizada a EBIA, apontou que, do total de domicílios, 3,2% foram classificados como Insegurança Alimentar Grave (IAG), ou seja, restrição alimentar na qual para pelo menos uma pessoa do domicílio foi reportada alguma experiência de fome no período investigado. Em 2004, a IAG era de 6,9% e as principais causas desta queda foram as políticas públicas de valorização do salário mínimo, de fortalecimento da agricultura familiar e de transferência condicionada de renda[1]. Ou seja, diferentemente de outras realidades agudas (por exemplo, guerras, catástrofes naturais), em que poderia caber uma estratégia de uso de produtos formulados, no Brasil, a fome é fruto de profundas injustiças e desigualdades sociais e sua superação pressupõe políticas públicas estruturantes.

– O Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 2016-2019, que concretiza as diretrizes da V Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, ocorrida em novembro de 2015, instância máxima do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, assume como desafio “Combater a insegurança alimentar e nutricional e promover a inclusão produtiva rural em grupos populacionais específicos, com ênfase em Povos e Comunidades Tradicionais e outros grupos sociais vulneráveis no meio rural”. Ele  prevê “a construção e a execução de políticas diferenciadas e específicas, com base nos princípios do etnodesenvolvimento, que respeitem as culturas, as formas de organização social, as especificidades étnicas, raciais e as questões de gênero, é o caminho a ser perseguido. É preciso assegurar a continuidade e o aperfeiçoamento das políticas que ampliam as condições de acesso à alimentação dos que ainda se encontram mais vulneráveis à fome, de forma a também superar a desnutrição nestes grupos”.

– Referente aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), o Brasil assumiu compromissos referentes à Segurança Alimentar e Nutricional. O Objetivo 2 “Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável” é composto por 5 metas assumidas pelo Brasil. Entre elas, estão o acesso a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano, incentivos aos pequenos produtores de alimentos, particularmente das mulheres, povos indígenas, agricultores familiares, pastores e pescadores. Ou seja, também nessa iniciativa mundial com a qual o Brasil se comprometeu, o caminho apontado é o de estratégias estruturantes e não o de medidas que não enfrentam os determinantes da fome.
– Na lei sancionada no município de São Paulo e nos projetos de lei acima mencionados, a definição de segurança alimentar apresentada (“acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais”) suprime trechos da definição presente na Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Lei 11.346/2006) – Art. 3º: “A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis”. A supressão destes trechos mutila preceitos fundamentais deste conceito orientador das políticas públicas de Segurança Alimentar e Nutricional e pode implicar a implementação de estratégias que contrariem o Direito Humano à Alimentação Adequada.

O conceito de função social tem sido usado no nosso ordenamento jurídico para limitar o exercício de direitos e bens, como, por exemplo, a propriedade, a fim de garantir que estes direitos e bens sejam usufruídos de acordo com todo nosso sistema jurídico e sem que haja violação de direitos de outras pessoas. O que os projetos de lei em questão fazem é facilitar o investimento de recursos públicos para evitar desperdício e prejuízo de empresários do ramo da alimentação, permitir renúncia fiscal e, de outro lado, promover a distribuição de produtos comestíveis, que não atendem ao que está determinado no nosso ordenamento jurídico como alimento adequado. Portanto, as leis que estão sendo aqui questionadas não promovem qualquer “função social” dos alimentos e estão em sentido contrário aos instrumentos e às normas internacionais, constitucionais, legais e administrativas que dispõem sobre alimentação como direito. Além disso, a dimensão da equidade deve ser primordialmente considerada nas políticas que se propõem a recomendar que a sociedade eticamente distribua os bens, neste caso, atribuir aos alimentos uma “função social”. O conceito de equidade se refere a prestar assistência aos indivíduos de acordo com suas necessidades, oferecendo mais a quem mais precisa, ou seja, reconhecer as diferenças nas condições de vida e saúde e nas necessidades das pessoas. Neste sentido, os indivíduos que seriam assistidos por essas políticas previstas nos projetos de lei aqui questionados já apresentam graves problemas em relação ao acesso a alimentos saudáveis e de qualidade. Portanto, à população em situação de fome e vulnerabilidade social deve-se garantir o direito humano à alimentação adequada e saudável, no intuito de reduzir as desigualdades. E, o que se entende por alimentação adequada e saudável, sabemos, de maneira alguma corresponde à distribuição de um produto produzido a partir de produtos alimentícios próximos à data de vencimento ou fora do padrão de comercialização.

É inegável que o desperdício de alimentos é um problema de grande magnitude no país e no mundo e ocorre em todas as etapas do sistema alimentar, não só no processamento dos alimentos. Programas que atuam no nível do consumo e que se mostram bem sucedidos, como os bancos de alimentos e os restaurantes populares, precisam ser fortalecidos e expandidos.

Diante do exposto, em nome da rede de pesquisadores, trabalhadores e representantes de associações civis que compõem a Aliança para Alimentação Adequada e Saudável, manifestamos nosso repúdio a essas iniciativas, uma vez que contrariam os marcos legais e as diretrizes que hoje orientam as políticas de Segurança Alimentar e Nutricional. Reiteramos nosso compromisso com o direito humano à alimentação adequada, com o conceito de alimentação adequada e saudável que hoje orienta as políticas públicas no Brasil, com as políticas públicas de Segurança Alimentar e Nutricional vigentes no País, nelas incluído o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 2016-2019.

[1] FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). O estado da segurança alimentar e nutricional no Brasil. 2015. Disponível em: www.fao.org.br/download/SOFI_p.pdf