For children’s health, the government has to treat sugar like cigarettes

17/04/2017 23:49

Let us not get our hopes up. Public Health England (PHE) is in a very difficult position. Faced with unprecedented levels of obesity and diabetes, with a nation that keeps getting fatter and sicker, the agency clearly has to act. The obesity and diabetes epidemics represent a “slow-motion disaster,” as Margaret Chan, director general of the World Health Organization, phrased it. So inaction is unacceptable.

Yet virtually everything PHE does now is likely to be either too little – unlikely to have any meaningful effect on the prevalence of obesity and diabetes – or too much, in that the industries that may indeed be responsible for the problem are likely to fight it. While the Treasury develops a levy for sugary soft drinks, PHE hopes to induce the producers of sugary foods to reduce the sugar in their products by 20%. If they can reformulate the product, all the better. If not, they should shrink the size of the product itself.

Commendable as PHE’s initiative is, reasons to be pessimistic abound. The programme is based on the idea that sugar does its damage to the body and to children merely through the calories it contains. As such there’s nothing particularly unique – either toxic or addictive – about sugar, as I and others have been arguing. We just consume too much of it.

On the one hand, it’s hard to win a legal battle with an industry when the best you can argue is that we like their products a little too much for our own good. Some rigorous research targeted at answering the question of whether sugar has toxic qualities independent of its calories would help enormously here, even if it took years to complete.

On the other hand is the simple question of how much we can expect a 20% reduction in sugar to help. Will it curb the epidemics? Avert the slow-motion disaster? PHE predicts that this voluntary sugar reduction program will result in 200,000 fewer tonnes of sugar consumed in 2020 than are consumed today, and so 20% fewer overweight children as well. As Ernest Hemingway’s Jake Barnes might have put it in The Sun Also Rises, “Isn’t it pretty to think so?”

Even if a 20% reduction in sugar consumption is achieved in three years (and that alone may be unprecedented) it pales in comparison to what health officials imply is necessary to get children eating more healthily. UK guidelines now suggest that children should be consuming a maximum of 24-30g of sugar per day – six to seven sugar cubes. Even less for kids under six. According to a recent PHE survey, that’s one-third of what they’re actually consuming (much of which apparently comes in the morning as part of what their parents think of as a healthy breakfast).

So now, assuming industry goes along with this voluntary programme, and assuming that kids don’t respond to smaller portions or sugar-reduced formulations by eating more, both of which are possible, what’s the chance that we’ll see a significant curbing of the epidemics, even if the 20% goal is reached?

Let’s use cigarettes and lung cancer as our pedagogical example, confident, as we are, that cigarettes cause lung cancer. Cigarette consumption in the UK peaked in the mid-1970s when half of all men smoked and over 40% of women. Together they averaged 17 cigarettes a day. Now let’s imagine that we didn’t get those smokers to quit, but we managed to cut their consumption by 20%. Instead of 17 cigarettes a day, they’re averaging 14.

Would we expect to see a decrease in lung cancer prevalence? Would we expect that the lung cancer epidemic would be curbed at all, let alone within a few years of peak consumption? I would wager that even the PHE authorities would acknowledge that such a change would have little effect. Reasons here, too, would abound. Among them that it takes lung-cancer risk 20 years to return to baseline after the smoker quits. So these 14-a-day smokers would still be at high risk, albeit perhaps not quite as high.

Indeed, in the US, per capita smoking began to decline in the mid-1960s, immediately after the surgeon general’s landmark Report on Smoking and Health. Lung cancer rates stopped rising only 30 years later. By then, per capita consumption had dropped by almost 50%. More importantly, when it comes to cigarettes, public health authorities don’t target the number of cigarettes smoked, but the number of smokers. Cut that number significantly, as we did, and lung cancer rates fall.

We see an overweight child with a chocolate bar and our tendency is to think that the chocolate bar is the proximate cause. Get rid of that chocolate bar, or shrink it in size, and we have a child who never gets overweight to begin with. But these epidemics of obesity and diabetes have been in the works since the late 19th century, cooking along, quite likely passed down from sugar-eating mothers to their children even in the womb. If so, our kids are getting fatter not just because they’re eating sugar, but because they’re programmed – epigenetically, in the scientific lingo – before they’re even born.

This epidemic has deep roots and may require drastic action to curb. That PHE is acting is admirable. But maybe we should treat this like cigarettes: aim to curb the number of sugar consumers, rather than the amount of sugar they consume. It will still take time to see an effect, but the odds of success will rise.

Divulgação do III ENPSSAN

17/04/2017 23:46
Acontecerá o III Encontro Nacional de Pesquisa em SSAN, nos dias 8, 9 e 10 de Novembro
LOCAL: Curitiba – PR
Submissão de resumos: até 10 de Junho de 2017. 
Divulgação dos trabalhos aprovados: 01 de Agosto de 2017.
 
NORMAS PARA SUBMISSÃO E APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS clique aqui
FORMULÁRIO PARA APRESENTAÇÃO DE RESUMO clique aqui
Em caso de dúvida, o endereço do evento é enpssan@gmail.com 

Editais em comemoração ao aniversário do PNAE

17/04/2017 23:41

Em comemoração ao aniversário do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), no dia 31 de março, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) lançou dois editais que visam chamar a atenção para as ações de educação alimentar nutricional (EAN) nas escolas e a aquisição de produtos da agricultura familiar. São eles:

  1. Boas Práticas de Agricultura Familiar para a Alimentação Escolar: consiste na seleção, divulgação e publicação de Boas Práticas da Agricultura Familiar para a Alimentação Escolar relatadas por gestores, nutricionistas, agricultores familiares, assistentes técnicos de extensão rural, conselheiros de alimentação escolar, pesquisadores e comunidade acadêmica e demais atores envolvidos na ação. O objetivo é valorizar e selecionar as experiências exitosas realizadas nos municípios, estados e no Distrito Federal  que irão compor um Caderno intitulado “Boas Práticas de Agricultura Familiar para a Alimentação Escolar: criatividade e inovação na aplicação da Lei nº 11.947/2009”, edição 2017, a ser lançado no mês de outubro/2017.
  2. Jornada de Educação Alimentar e Nutricional nas Escolas de Educação Infantil Atendidas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar: consiste na seleção, divulgação e publicação das ações de EAN executadas nas escolas públicas de educação infantil em atividade (creches e pré-escolas). O objetivo da Jornada é incentivar o debate e a prática das ações de EAN no ambiente escolar e dar visibilidade àquelas já desenvolvidas nas escolas públicas de educação infantil, tendo como eixo norteador a promoção da alimentação saudável e a prevenção da obesidade infantil no ambiente escolar. É composta por 6 (seis) etapas (temas pré-definidos), devendo cada etapa ter uma breve descrição da ação executada, conforme roteiro e a inserção de uma fotografia que comprove a realização das atividade e, ao final, a inserção de um vídeo de, no máximo, 1 (um) minuto elucidando o que foi realizado em cada etapa. Ao final da Jornada, serão selecionadas  atividades que irão compor o “Caderno de Atividades de EAN na Educação Infantil”, a ser publicado em 2018.

 Para acesso aos editais: 

http://www.fnde.gov.br/programas/alimentacao-escolar/concurso-melhores-receitas/jornada-ean

 

http://www.fnde.gov.br/programas/alimentacao-escolar/concurso-melhores-receitas/boas-práticas-de-agricultura-familiar-para-a-alimentação-escolar

 

Saiba os tipos e para que servem os aditivos que vão na sua comida

17/04/2017 23:30

Ácido ascórbico, nitrito e nitrato de potássio, ácido sórbico. A recente polêmica em torno do uso dessas substâncias por frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca trouxe dúvidas para quem ficou surpreso ao saber que tais “ingredientes” são, em certos limites, permitidos (e amplamente usados): afinal, o que mais é adicionado aos alimentos industrializados?

A resposta vem da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), responsável por regular o uso dos chamados “aditivos alimentares”.

Veja a notícia completa aqui.
Nesse sentido a professora Suzi Cavalli, do Departamento de Nutrição da UFSC e membro do NUPPRE alerta: para aditivos alimentares, gorduras trans, agrotóxicos e transgênicos, os limites máximos considerados positivos para a saúde, não possuem respaldo científico, não usam métodos que possam ser reproduzidos ou comparados, nem são explicados de onde saíram, surgem de forma “cabalística”, óbvio que não consideram o consumo a longo prazo e o consumo pertinente, de uma ingestão mista e complexa.
Outra questão é a fiscalização, quando é realizada, onde estão os resultados de análises realizadas de forma contínua, feita por laboratórios independentes?! A alimentação hoje é uma “caixa preta”…

NOVA DATA DE SUBMISSÃO DE ARTIGOS AO NÚMERO TEMÁTICO “ENSINO, CIÊNCIA E SAÚDE: PERSPECTIVAS CRÍTICAS:30/04/2017

17/04/2017 23:24
Caros leitores,
O PRAZO PARA SUBMISSÃO DE ARTIGOS PARA PUBLICAÇÃO NO NÚMERO TEMÁTICO “ENSINO, CIÊNCIA E SAÚDE: PERSPECTIVAS CRÍTICAS” FOI PRORROGADO ATÉ DIA 30 DE ABRIL DE 2017.

Lembramos que a submissão deverá ser efetuada na página da revista através do link
http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra/about/submissions#onlineSubmissions.

É necessário informar seu direcionamento para a sessão ARTIGOS TEMÁTICOS.  Ademais, a comunicação aos editores deverá mencionar a temática “ENSINO, CIÊNCIA E SAÚDE: PERSPECTIVAS CRÍTICAS”.

Dúvidas podem ser sanadas pelos endereços demetra.uerj@gmail.com ou demetra@uerj.br.

A revista DEMETRA: Alimentação, Nutrição e Saúde (www.demetra.br) propõe neste número temático a publicação de estudos sobre Ensino,
Ciências e Saúde contemplando os mais variados temas de interesse entre docentes, pesquisadores e discentes.

Veja o resultado da pesquisa sobre Alimentos Integrais

17/04/2017 23:18
Idec
PESQUISA SOBRE ALIMENTOS INTEGRAIS CONFIRA OS RESULTADOS
Muito obrigado!

Você e mais de 900 pessoas participaram da pesquisa sobre Alimentos Integrais realizada pelo Idec, que teve como intuito conhecer a opinião dos consumidores sobre o tema e levar os resultados à Anvisa. As informações obtidas no questionário vão auxiliar na regulamentação do termo “integral” em embalagens de alimentos à base de cereais, e você faz parte disso. Sua contribuição foi essencial para concluirmos essa pesquisa!

Percentual mínimo de cerais integrais para o produto ser chamado de integral
Gráfico
Entre os resultados, 85,5% dos participantes afirmam que um produto só deve utilizar o termo “integral” no rótulo se possuir no mínimo 50% de cereais integrais em sua composição. Desses consumidores, 48,6% consideram aceitável que o produto contenha entre 50% e 90% deste tipo de ingrediente e 36,9% acreditam que 100% dos cereais deveriam ser integrais.

Além das recomendações entregues para a ANVISA, o resultado da pesquisa também deu origem a uma matéria da Revista do Idec, edição n° 210.

CONFIRA OS RESULTADOS NA ÍNTEGRA NA REVISTA DO IDEC
ACESSAR A MATÉRIA

APROVEITE PARA CONHECER O APLICATIVO DO MAPA DE FEIRAS ORGÂNICAS DO IDEC
O aplicativo Mapa de Feiras Orgânicas é mais uma iniciativa do programa do Idec sobre alimentação saudável e sustentável para facilitar a vida dos consumidores. O app é gratuito e também reúne receitas com alimentos regionais. Clique aqui para baixar ou em feirasorganicas.org.br para saber mais.
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Certificação de produtos orgânicos no Brasil é bem avaliada

30/03/2017 13:21

Enquanto país vive crise com a Operação Carne Fraca, plantio de alimentos orgânicos cresce e modelos de fiscalização são considerados eficientes pela Associação Brasileira de Agroecologia

 Em meio a polêmica envolvendo a qualidade da carne no Brasil, a fiscalização dos produtos orgânicos é, em geral, bem avaliada, mesmo com o grande aumento da área plantada registrado nos últimos três anos.

A regulamentação da agricultura orgânica no país é recente. Foi iniciada apenas em 2003, com a Lei de Produção Orgânica (nº 10.831), seguida pelas regras de certificação e fiscalização estabelecidas no Decreto presidencial nº 6.323, de 2007. Poucos anos depois, em 2011, foi criado o Selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SisOrg).

Desde então, há dois modelos de certificação em vigor no Brasil: por auditoria e pelo sistema participativo. No primeiro, a certificação é realizada por uma empresa credenciada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No segundo modelo, a certificação é feita por meio de um Organismo Participativo de Avaliação de Conformidade (Opac), formado por agricultores, consumidores, comerciantes e organizações públicas ou privadas que atuam na produção orgânica. Igualmente credenciado no ministério, o Opac se caracteriza pelo controle social exercido pelos membros do grupo, com o intuito de fortalecer a garantia de que os produtos orgânicos estejam adequados para a comercialização.

“A partir do cadastro dos produtores no Ministério da Agricultura, o acompanhamento na certificação se dá desde o plantio até a chegada ao consumidor final”, explica a agrônoma Inês Claudete Burg, vice-presidente Regional Sul da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA). “Ao ministério cabe a fiscalização do trabalho das certificadoras, tanto nas empresas por auditagem como nos Opacs.  Visitas periódicas são feitas ao agricultor após a certificação inicial para verificar o cumprimento das normas”, afirma Inês.

Ao contrário dos alimentos vendidos nos mercados, onde o selo Orgânico Brasil concedido tanto pelas empresas de auditoria quanto pelos Opacs é obrigatório, nas 600 feiras de venda direta ao consumidor existentes no país o selo não é exigido. Nesse caso, a comprovação ocorre por meio de uma declaração de cadastro de conformidade orgânica, concedida pelo Ministério da Agricultura, e que deve estar disponível para a verificação do cliente. Para conseguir a declaração, os agricultores também precisam ser vinculados a uma Organização de Controle Social (OCS).

“A fiscalização está funcionando bem e ocorrem auditorias sistemáticas por parte do ministério. São realizadas duas por ano, no campo de produção, na sede da unidade de produção, bem como em feiras, lojas e supermercados. Portanto, a princípio, o aumento do número de unidades de produção não representa riscos. Mas é óbvio que deve haver continuidade nas políticas públicas de apoio a assistência técnica, custeio e investimentos, bem como na contratação de fiscais que atuam pelo ministério”, analisa Inês Burg.

A vice-presidenta regional Sul da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) pondera que os estabelecimentos comerciais que anunciam o uso de alimentos orgânicos, como restaurantes, bares e hotéis, devem identificar em lista o nome do produtor ou fornecedor, assim como dos ingredientes utilizados, e colocar à disposição dos consumidores e da fiscalização. “As certificadoras credenciadas no Ministério da Agricultura são responsáveis pela avaliação, acompanhamento e fiscalização da produção. São elas que darão as garantias da conformidade orgânica. Certificadoras e produtores não adequados à legislação são passíveis de multas e descredenciamento junto ao ministério”, aponta a agrônoma.

O olhar do consumidor

Especialista em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), Suiá Kafure da Rocha acredita que o próprio consumidor tem papel importante no controle dos produtos orgânicos. Como exemplo de ação possível, ela lembra que o cliente das feiras pode exigir ver o certificado do produtor na banca e checar sua validade. Para quem compra em mercados, ela observa a importância de conferir se o selo exposto é o oficial Orgânico Brasil. E para quem tiver disponibilidade, Suiá da Rocha sugere ir na propriedade do agricultor ou mesmo conversar com outros produtores. “Aqueles que estão realmente interessados em vender produtos orgânicos denunciam os que não estão. Eles também se fiscalizam entre eles”, afirma.

Ela cita que em Santa Catarina há um programa de monitoramento que detecta apenas 5% de fraude. “Então, você pode realmente confiar”, avalia, destacando haver punições para quem comercializa de forma irregular, como perda do certificado, exclusão do cadastro nacional de produtores de orgânicos e multas.

Apesar do controle e dos diferentes modelos de certificação e fiscalização, a especialista em políticas públicas da Sead considera “uma injustiça” o pequeno agricultor ter que provar que cultiva alimento orgânico enquanto o produtor que usa agrotóxico não tem a obrigação de explicar nada. “Há uma grande inversão de valores, há uma injustiça evidente”, critica Suiá da Rocha. “Se fosse o contrário, seria muito melhor, quem produz com agrotóxico ser obrigado a informar.”

Ela inclusive lamenta que até o selo de produtos transgênicos estejam querendo retirar das embalagens, ao lembrar do projeto de lei de autoria do deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), aprovado pela Câmara em 2015 e, desde então, em análise no Senado.

Fonte: Rede Brasil Atual

Pesquisa capixaba aponta agrotóxico em peixes e até em vinhos

30/03/2017 13:15

Foram analisados 150 rótulos nacionais e internacionais e vinhos, além de 80 amostras de tilápia de todo o país

Uma pesquisa realizada no Espírito Santo com produtos de todo o Brasil e até do exterior mostrou a presença de agrotóxicos acima do permitido em vinhos e até mesmo em peixes. Segundo o estudo, coordenado pelo professor doutor Rodrigo Scherer, da UVV, cerca de 15% das amostras de vinhos coletadas e 5% das amostras de peixes estavam contaminadas.

VINHOS

Os pesquisadores analisaram mais de 150 rótulos de vinhos tintos do Uruguai, Argentina, Chile e Brasil, incluindo dois rótulos de vinhos de Santa Teresa no Espírito Santo.

Mais de 15% das amostras de vinhos apresentaram presença de pelo menos um agrotóxico. Os principais produtos encontrados foram ditiocarbamatos, e o mais preocupante, elevados índices de azoxitrombina (913 µg/L), um fungicida de classificação toxicológica classe III (mediamente tóxico), que é utilizado no cultivo das uvas.

Ainda segundo o estudo, não existe limite de resíduos de agrotóxicos no vinho, apenas nas uvas. Neste caso, o limite é de 500 µg/kg. Importante ressaltar que os vinhos Brasileiros foram os mais contaminados, entretanto, os vinhos de Santa Teresa (Cantina Mattielo e Tabocas) não apresentaram nenhum resíduo de agrotóxico.

PEIXES

O estudo analisou 80 amostras de tilápias coletadas nos principais polos produtores do Brasil. Os resultados mostraram que 5% das amostras apresentaram agrotóxico, com valores entre 100 e 240 µg/kg de piraclostrobina, que é um fungicida classificado como altamente tóxico pela OMS. “Apesar de 5% ser uma quantidade pequena, agrotóxicos Classe II de toxicidade são muito perigosos para saúde, e isso nos deixa preocupados”, escreveu o professor no relatório.

VEGETAIS

Além do peixe e do vinho, mais de 200 amostras de vegetais foram coletadas no CEASA-ES, incluindo morango, abobrinha, mamão, tomate, couve, pepino entre outras.

Em resumo, a pesquisa revelou que as amostras de couve, tomate e mamão apresentaram os resultados mais críticos. No mamão chegou a ser encontrado a presença de quatro agrotóxicos em uma mesma amostra. Para as amostras de tomate, foram encontrados dois agrotóxicos, um deles não autorizado e outro em quantidade 10 vezes maior que o permitido.

Na couve foi encontrado o agrotóxico profenofós em níveis exorbitantes, chegando a 3360 µg/kg. O profenofós, apesar de proibido para cultura da couve, é permitido em outras culturas como repolho, cujo valor máximo que poderia ser encontrado é de 50 µg/kg, ou seja, chegando a mais de 60 vezes a quantidade permitida.

O profenofós é um inseticida muito utilizado no controle de pragas, mas em altas concentrações, é tóxico também em seres humanos. Há relatos de que podem ser fatais em caso de intoxicação.

Fonte: Gazeta Online

Atrasado, Censo Agropecuário corta questões relacionadas à agricultura familiar

30/03/2017 13:09

Diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE afirma que perguntas sobre agrotóxicos foram retiradas

O questionário do Censo Agropecuário 2017, que deve ser realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em outubro deste ano, cortará questões relacionadas à agricultura familiar. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do instituto (ASSIBGE) afirma que a modificação prejudicará séries históricas de dados. A pesquisa estava originalmente prevista para 2015.

“Nós tivemos acesso ao questionário. Há uma redução brutal do tamanho do questionário em relação ao feito em 2007, com referência a 2006”, diz o diretor da ASSIBGE Cassius de Brito.

Brito diz que questões de outras áreas também foram cortadas, mas que o redimensionamento da pesquisa “afeta principalmente as informações à respeito da agricultura familiar”. Segundo ele, perguntas sobre “agrotóxicos, valor e quantidade da produção” foram eliminadas.

Cassius defende que as mudanças prejudicam a sistematização de dados em relação ao setor primário: “Tem um impacto claro. Quebra a série histórica de algumas informações importantes”.

“O pessoal está chamando de ‘censo cadastro’. Reduziu o questionário, o número de recenseadores a serem contratados. Cortou muita coisa”, resume ele. De acordo com a assessoria de imprensa do IBGE, 80 mil recenseadores temporários foram originalmente pensados para a pesquisa. Apenas 26 mil devem ser contratados.

Segundo outras fontes do sindicato que não se identificaram, a versão preliminar do questionário teria dez páginas. Em 2007, tinha 24. O IBGE não respondeu às perguntas da reportagem em relação ao tamanho do questionário.

Cortes

De acordo com o instituto, os cortes no questionário primaram pela “exequibilidade” da pesquisa. Além da redução do questionário, outras adequações foram realizadas, como a ampliação de três para cinco meses de levantamento. A assessoria do IBGE afirma ainda que as alterações ocorrem devido ao montante do orçamento liberado para a pesquisa: R$ 505 milhões, abaixo da metade do que seria necessário.

O estabelecido para a exclusão de perguntas que está sendo seguido, segundo o instituto, é o de garantir informações básicas, de acordo com recomendações internacionais e, devido ao prazo da pesquisa, eliminar a necessidade de mais de uma visita ao mesmo estabelecimento e estabelecer a média de três locais/dia por recenseador.

Questionada se a versão preliminar do questionário prejudicava alguma área de forma especial, a assessoria de imprensa do IBGE não respondeu diretamente, afirmando que as perguntas ainda estão em discussão, em um debate que envolve outras instituições.

Fonte Revista GGN

10º Congresso de Epidemiologia – prazo final para submissão de trabalhos

30/03/2017 13:02
Termina nesta quinta-feira, dia 30 de março, o prazo para submissão dos resumos ao 10º Congresso Brasileiro de Epidemiologia. O encontro tem como tema a “Epidemiologia em defesa do SUS: formação, pesquisa e intervenção” e acontecerá de 7 e 11 de outubro, em Florianópolis, Santa Catarina.
Os resumos somente poderão ser submetidos pela internet, por meio do site do Congresso. Após preencher o formulário de inscrição, você poderá enviar o seu trabalho, acompanhar todo o processo de avaliação. Cada participante poderá submeter no máximo dois resumos vinculados à sua inscrição. Não há limite para participação em coautoria de trabalhos inscritos por outros participantes.
Não é necessário efetuar o pagamento da inscrição no momento do cadastramento e/ou submissão dos resumos. Entretanto, caso o trabalho seja aprovado, o pagamento da inscrição deverá ser realizado até 15 de julho.

Agricultura familiar e reforma agrária são os maiores produtores de orgânicos no Brasil

30/03/2017 12:59

Regulamentação e incentivos para o cultivo agroecológico e orgânico tiveram início em 2003. Região Sudeste é a maior produtora do país, com 333 mil hectares.

São Paulo – Agricultores familiares e assentados da reforma agrária são os dois principais grupos responsáveis pelo aumento da produção de alimentos orgânicos no Brasil, que neste ano deve ultrapassar os 750 mil hectares registrados em 2016. Segundo a Coordenação de Agroecologia (Coagre) da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no ano passado foram registradas 15,7 mil unidades com plantio orgânico no país, mais do que o dobro das 6,7 mil computadas em 2013.

“Os assentados da reforma agrária têm uma clara preferência em incentivar a produção orgânica. A ideia deles é produzir alimento com qualidade e preço acessível, não é uma visão elitista”, afirma Suiá Kafure da Rocha, especialista em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead).  Segundo ela, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está para se tornar o maior produtor de orgânicos do país, tendo como companhia a agricultura familiar. “O perfil dos agricultores familiares se encaixa com a agricultura orgânica. Junto com os assentados, são os dois pilares da revolução orgânica, é o público que mais produz.”

Criado em 2013, o Cadastro Nacional de Agricultores Orgânicos (CNPO) conta com cerca de 15 mil produtores inscritos, sendo quase 80% deles classificados como agricultores familiares. O sistema, entretanto, não permitir diferenciar quais são ligados a assentamentos da reforma agrária. “O cadastro dos produtores melhorou o acesso às informações sobre o número existente. Muitos agricultores vinham num processo de transição e adequação para a produção orgânica e agroecológica, e o aumento no número foi consequência do alcance do objetivo”, avalia a agrônoma Inês Claudete Burg, vice-presidente Regional Sul da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA).

Além dos assentados e dos agricultores familiares, completam o perfil dos produtores de alimentos orgânicos no Brasil os integrantes de ecovilas, normalmente formadas por jovens urbanos que vão para o meio rural, e a agricultura urbana e periurbana, desenvolvida por grupos que promovem hortas urbanas. Os diferentes perfis são unidos pelo desejo da alimentação saudável, combinada com uma visão de mundo comum. “Há também o discurso de voltar à terra, contra a semente transgênica e a agricultura industrializada, uma produção muito diferente do agronegócio, que é de monocultura, degrada a terra e os recursos naturais”, explica Suiá da Rocha.

De acordo com a Coagre, a região Sudeste é a que mais produz alimentos orgânicos, totalizando 333 mil hectares e 2.729 registros de produtores no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO). Na sequência estão as regiões Norte (158 mil hectares), Nordeste (118,4 mil), Centro-Oeste (101,8 mil) e Sul (37,6 mil).

As razões do crescimento

Na opinião da especialista em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), a explicação do grande aumento da produção de alimentos orgânicos no Brasil é consequência de uma série de ações, sendo a principal a preocupação com a alimentação saudável. “O principal fator é a saúde, tanto do trabalhador rural quanto dos consumidores. Do trabalhador, pelo uso de agrotóxicos; para os produtores, há esse estímulo, e os consumidores também passaram a ter uma desconfiança dos alimentos produzidos de modo tradicional e que causam uma série de doenças”, afirma Suiá da Rocha.

Para a agrônoma Inês Claudete Burg, o aumento é fruto de um longo trabalho, tanto em relação à prestação de assistência técnica especializada, como também às conquistas de políticas públicas que incentivam a produção orgânica e agroecológica. “Os consumidores de forma geral têm sido alertados da importância do consumo de alimentos produzidos em sistemas orgânicos e agroecológicos, pelos benefícios à saúde e ao meio ambiente, contribuindo assim com o aumento do consumo e da demanda na produção e diversificação da oferta”, explica a agrônoma.

A lei 10.831/2003, sancionada ainda no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, regulamenta a produção orgânica no país. A partir da lei, diversas ações começaram a ser colocadas em prática para estimular a produção de alimentos orgânicos, como a criação, em 2007, do Sistema Brasileiro de Avaliação da Agricultura Orgânica e, principalmente, a instituição da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo), em 2012, já no governo da ex-presidenta Dilma Rousseff.

No ano seguinte, o lançamento do 1º Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo 2013-2015) investiu cerca de R$ 2,5 bilhões, com 125 ações e beneficiando em torno de 600 mil agricultores. “O Plano é a concretização de muita luta e representa a articulação das diversas frentes que trabalham com a produção agroecológica e orgânica no país”, afirma a representante da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA).

Atualmente, está em execução o 2º Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, que abrangerá o período de 2016 a 2019, com programas e ações que tem como objetivo contribuir para o aumento da oferta. A meta é alcançar até um milhão de produtores agroecológicos, com assistência técnica e extensão rural.

“Os consumidores a cada dia têm mais preocupação com a qualidade de vida e uma alimentação saudável”, analisa Suiá da Rocha, destacando a relação entre oferta e demanda, responsável por existir hoje em torno de 600 feiras semanais de produtos orgânicos no país todo, além da maior entrada dos alimentos nos mercados. “Existem várias formas de comercialização, esse produto não fica parado, inclusive falta mais oferta, porque a demanda é muito grande.”

Compra garantida

Além do crescimento das feiras e do aumento das vendas nos mercados, os grandes incentivos à produção de alimento orgânico no Brasil são o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Ambos consistem em sistemas de compras institucionais do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDS) e os produtos orgânicos podem ter um acréscimo de até 30% em seu valor. O PAA é exclusivo para agricultores familiares, enquanto no Pnae esse índice é de 30%. “São programas que privilegiam a agricultura familiar e, portanto, a produção de base agroecológica”, explica Suiá da Rocha, especialista em políticas públicas e gestão governamental da Sead. “É a garantia da venda. Esses produtos vão para bancos de alimentos e pessoas com insegurança alimentar, tendo como destino creches, orfanatos, asilos, restaurantes populares.”

Apesar da importância dos dois programas no estímulo à produção de alimento orgânico no Brasil, o governo de Michel Temer efetuou um corte de 30% no orçamento de ambos para 2017, em comparação com o orçamento de 2016. “É uma pena que o PAA tenha tido um corte de 30% na lei orçamentária desse ano”, avalia Suiá da Rocha, lembrando que já havia ocorrido corte em 2015, mas o de agora foi superior. Antes de 2015, o valor investido vinha sendo maior a cada ano.

FONTE: Rede Brasil Atual

Concurso Público – Departamento de Nutrição UFMG

30/03/2017 12:55
Concurso Público para Professor Efetivo do Departamento de Nutrição da UFMG. O edital está bem aberto e pretendemos selecionar um docente, independente da área, com perfil para ingresso na Pós-graduação.
O edital foi divulgado no DOU de 20/03/2017
Mais informações nos links abaixo:

Mais que Ideias: Não se engane! A indústria está interessada no Marketing, não na Ciência.

28/03/2017 10:24

Marion Nestle é professora no Departamento de Nutrição, Estudos Alimentares e Saúde Pública da Universidade de Nova Iorque. Nestle é autora de nove livros, incluindo Política dos alimentos: Como a indústria de alimentos influencia a Nutrição e a Saúde.

Em entrevista, Nestle fala sobre como e por que a indústria de alimentos investe na ciência da nutrição.

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Antídotos contra notícias falsas

24/03/2017 08:35

Um dos temas que movimentaram a reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, realizada em Boston em fevereiro, foi a proliferação de notícias falsas na internet. Uma palestra de Kevin Elliott, professor de ética da Universidade do Estado de Michigan, mostrou que o fenômeno, que ganhou destaque no mundo político dos Estados Unidos desde a última campanha eleitoral, é um antigo conhecido da ciência. Elliott mencionou os estudos enviesados patrocinados durante décadas pela indústria do tabaco para mascarar os efeitos deletérios do cigarro para a saúde, além de casos recentes, como a manipulação de testes de emissão de poluentes promovida pela Volkswagen, descoberta em 2015.

Um bom antídoto contra as notícias científicas falsas, segundo o pesquisador, é manter algum ceticismo quando o responsável pela pesquisa tem algum interesse direto no resultado favorável. O mais seguro, quando se deseja saber o que a ciência tem a dizer sobre um problema específico, é consultar os relatórios temáticos que sociedades científicas respeitadas costumam produzir. “Assim, evitam-se interpretações excêntricas”, afirmou Elliott.

Já a apresentação de Dominique Brossard, profressora da Universidade de Wisconsin-Madison, propôs que, na divulgação de fatos científicos, é tênue a linha que separa a fraude pura e simples e os efeitos do jornalismo de má qualidade. A falsa informação, disse, é disseminada com o intuito de enganar e influenciar pessoas. Ela citou um estudo que realizou com um aluno da Universidade Yale sobre as notícias bizarras publicadas num tabloide sensacionalista distribuído em supermercados nos Estados Unidos, como recém-nascidos com 15 quilos de peso, ataques de alienígenas e insetos gigantes. Segundo o estudo, a maioria das informações é inventada, mas uma parte é composta por histórias reais inusitadas, sem que o leitor possa separar uma coisa da outra.

Já o jornalismo científico de má qualidade produz situações nebulosas. Dominique citou um estudo que ganhou repercussão nas redes sociais, segundo o qual a cafeína preveniria o câncer, mas que se baseava num ensaio com apenas 10 indivíduos. “Os jornalistas não são treinados para aferir a validade de um estudo. Eles tentam enfatizar o lado humano da notícia em manchetes como: ‘Novos estudos trazem esperança para familiares de vítimas do mal de Alzheimer’”, comentou, de acordo com o serviço de notícias EurekAlert. Como isso gera expectativas, espalha-se nas redes sociais.

Dominique sugeriu três estratégias para enfrentar o problema. A primeira é uma convocação para que cientistas se disponham a explicar melhor o que estão fazendo e a ajudar jornalistas a avaliar os achados científicos. A segunda é envolver instituições científicas no monitoramento nas redes sociais de notícias falsas envolvendo suas pesquisas, divulgando esclarecimentos sempre que necessário. A terceira é convencer as ferramentas de busca na internet a retirar de seus registros referências a trabalhos científicos que sofreram retratação.

Fonte: Revista Fapesp

Yuans em troca de artigos

24/03/2017 08:30

O sociólogo Jeroen Huisman, professor da Universidade de Ghent, da Bélgica, recebeu um e-mail de um representante da Universidade Zhengzhou, da China, perguntando se ele teria interesse em passar uma temporada na instituição como professor visitante. Huisman ficou curioso e pediu mais detalhes. Para sua surpresa, recebeu a minuta de um contrato que previa o pagamento de 300 mil yuans, o equivalente a R$ 135 mil, caso ele produzisse três papers em revistas indexadas e declarasse a universidade chinesa como sua instituição de origem. O contrato previa apenas duas visitas a Zhengzhou, capital da província de Henan. Ele rejeitou a oferta. “Não parecia ilegal, mas era evidentemente antiético. Tratava-se apenas de uma transação financeira”, disse. A revista Times Higher Education procurou a universidade chinesa, que não quis se pronunciar. Rui Yang, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Hong Kong, disse à revista que esse tipo de contrato é comum em universidades chinesas – ele próprio já rejeitou ofertas. “Algumas universidades precisam de bons artigos em inglês para não ficarem mal nos processos de avaliação realizados no país.

Fonte: Revista Fapesp

Dúvidas estatísticas: Software que refaz cálculos de artigos e detecta erros movimenta a comunidade de pesquisadores da área da psicologia

24/03/2017 08:28

Em agosto de 2016, um conjunto de cerca de 50 mil artigos científicos do campo da psicologia passou pelo escrutínio de um software capaz de detectar inconsistências estatísticas, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Tilburg, na Holanda. Batizado de statcheck, o programa refaz cálculos e observa se os resultados são robustos  e correspondem ao que está publicado no manuscrito. Em metade dos papers foi detectado algum tipo de problema, desde erros de digitação  e simples arredondamentos até resultados equivocados com potencial para comprometer conclusões de estudos. Os achados dessa gigantesca verificação foram comunicados de forma automática por e-mail aos autores de cada artigo e divulgados no PubPeer, plataforma on-line na qual qualquer usuário pode escrever comentários sobre papers já publicados e apontar eventuais falhas, num tipo de avaliação por pares realizado depois da divulgação do artigo.

O caráter da auditoria é inédito, tanto por ter sido feita por computador quanto pelo volume de dados conferido – praticamente todos os pesquisadores em psicologia que publicaram papers nos últimos 20 anos passaram pelo crivo  do statcheck. A divulgação dos resultados provocou ondas de choque. A Sociedade de Psicologia da Alemanha publicou uma declaração, no dia 20 de outubro, reclamando da forma como a comunicação dos resultados foi feita. Segundo o texto, muito pesquisadores ficaram incomodados com a exposição sem que tivessem tido chance de se defender. “Vários colegas estão profundamente preocupados com o fato de que, obviamente, é muito difícil remover um comentário no PubPeer após um erro ‘detectado’ pelo statcheck revelar-se um falso positivo”, consta no texto divulgado.

Num tom mais elevado, Susan Fiske, professora da Universidade de Princeton e ex-presidente da norte-americana Associação de Ciências Psicológicas, classificou como “uma nova forma de assédio” o trabalho  de “polícia” que investiga dados de pesquisa de forma voluntarista. “Me senti um pouco assustado e exposto”, disse ao jornal britânico The Guardian o psicólogo alemão Mathias Kauff,  que recebeu um e-mail do statcheck avisando que havia inconsistências num artigo que escreveu em 2013 sobre multiculturalismo e preconceito, publicado no Personality and Social Psychology Bulletin. Ele afirma que os erros eram fruto de arredondamentos que não comprometiam as conclusões.

Muitos artigos na área de  psicologia utilizam testes estatísticos padronizados, cujos resultados precisam ser averiguados. O statcheck identifica e inspeciona os testes que calculam os valores de p, uma medida que representa a probabilidade de  o efeito observado dever-se ao acaso e não aos fatores que estão sendo estudados. Um valor de p menor ou igual a 0,05 é utilizado frequentemente como um indicador de significância estatística, pois  sugere que os resultados são robustos.

Há, de fato, evidências de que o software ainda não está maduro  e alardeia problemas que não chegam a ser erros estatísticos. Em artigo depositado no repositório ArXiv, Thomas Schmidt, professor de psicologia experimental da Universidade de Kaiserslautern,  na Alemanha, criticou a qualidade da análise que o statcheck fez em dois artigos de sua autoria. Segundo ele,  o software encontrou 35 resultados estatísticos potencialmente incorretos, mas apenas cinco continham incongruências que, de acordo com o autor, não comprometiam os resultados finais.

Chris Hartgerink, o estudante de doutorado que submeteu papers de psicologia ao statcheck

A metodologia utilizada pelo software já era conhecida desde 2015, quando um artigo sobre o assunto foi publicado no site da revista Behavior Research Methods, assinado pela estudante de doutorado Michèle Nuijten e colegas do Centro de Metapesquisa da Escola de Ciências Sociais e do Comportamento da Universidade de Tilburg. No paper,  o grupo mostrou que metade dos 16.695 artigos analisados pelo  software apresentou algum tipo de inconsistência em suas análises estatísticas e 12% deles traziam conclusões comprometidas por erros. “O statcheck pode ser uma ferramenta de apoio à revisão por pares. A revista Psychological Science, por exemplo,  já adotou o software para procurar inconsistências estatísticas nos manuscritos que recebe”, disse Michèle à Pesquisa FAPESP.

A iniciativa de analisar os 50 mil artigos e tornar públicos os resultados no PubPeer foi do estudante de doutorado Chris Hartgerink, de 25 anos. Segundo ele, a intenção foi gerar benefícios imediatos para o campo da psicologia, que não seriam alcançados se apenas resultados gerais fossem divulgados. O fato de também  detectar falsos positivos e erros sem importância, disse o pesquisador, não compromete esse objetivo. Hartgerink e o professor Marcel van Assen tentam agora desenvolver outro tipo de software, capaz de detectar se um artigo científico contém dados fabricados. Para testar a eficiência do método, a dupla pediu a colegas para enviar versões de seus papers com dados deliberadamente alterados,  que estão sendo avaliados.

Entre os pesquisadores de psicologia, há também quem considere o statcheck uma ferramenta útil para melhorar a qualidade das  publicações científicas. Simine Vazire, pesquisadora do Departamento  de Psicologia da Universidade da Califórnia em Davis, prevê  que os autores de artigos nessa área serão ainda mais cuidadosos  com suas análises estatísticas agora que sabem da existência de um programa capaz de identificar descuidos, erros e fraudes.

A Universidade de Tilburg, onde  o programa foi desenvolvido, foi o cenário de um escândalo de má conduta científica. Em setembro de 2011, a instituição demitiu um de seus mais produtivos pesquisadores, o professor de psicologia social Diederik Stapel, acusado de fraudar mais de 30 artigos científicos ao longo de oito anos – uma investigação provou que ele fabricava dados, enganava coautores e até mesmo intimidava quem desconfiasse dele  (ver Pesquisa FAPESP nº 190).

Chris Hartgerink foi aluno  de graduação de Stapel e tinha  o professor como uma espécie de mentor – fora inclusive seu assistente de pesquisa. Ficou, na época, desorientado. “Era uma figura inspiradora e foi o responsável pelo meu entusiasmo em fazer pesquisa”, disse ao jornal The Guardian.  A experiência amarga do escândalo levou parte do grupo de pesquisadores que investigou suas fraudes a montar  o Centro de Metapesquisa, interessado no estudo de má conduta científica. Hartgerink uniu-se ao grupo em 2013, em seu projeto de doutorado sobre métodos para detectar a fabricação de dados de pesquisa.

Fonte: Pesquisa Fapesp

‘Carne Fraca’ é mais um entre tantos outros ataques à segurança alimentar

20/03/2017 08:28

Entrevista com Professora de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina, Dra.Suzi Barletto Cavalli.

“Direito humano, a alimentação adequada é dever do estado, que não monitora e nem fiscaliza; são produzidos alimentos pouco saudáveis, com agrotóxicos, transgênicos e muita gordura e açúcar”

O esquema fraudulento denunciado pela operação Carne Fraca da Polícia Federal, na última sexta-feira (17), abalou a opinião pública, obrigou integrantes do governo de Michel Temer (PMDB) a se reunir com a diplomacia de países importadores da carne brasileira e arranhou a imagem dos grupos JBS BRF. Segundo a PF do Paraná, a mesma que conduz com estardalhaço a Lava Jato, essas empresas vendem carne imprópria para o consumo, adulterada com produtos químicos nocivos à saúde. No entanto, o episódio está longe de ser o único ataque à segurança alimentar.

Na avaliação da professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Suzi Barletto Cavalli, a segurança alimentar não está no cerne da preocupação desse esquema perverso de propinas e apadrinhamento que sempre envolveu a fiscalização sanitária nas esferas municipal, estadual e federal. Tampouco que essas fraudes estejam limitadas à cadeia das carnes.

O mérito do escândalo, segundo ela, é trazer à tona a insegurança alimentar e nutricional no país, principalmente quanto à qualidade sanitária e aspectos relacionados à sua regulação, em vários elos da cadeia da produção de alimentos, principalmente na indústria.

“Esse descompromisso é recorrente. Fraudes em alimentos é a coisa mais corriqueira, como adulteração do leite, que é um alimento básico na dieta da população brasileira, várias vezes denunciados na mídia. São problemas que resultam em agravos à saúde pública e não explorados pela mídia, como deveria ser, ou criminalizados pelos órgãos competentes”, afirma a professora.

Entre outras inúmeras irregularidades envolvendo alimentos que deveriam ser criminalizadas e não são, segundo ela, está a utilização em larga escala de agrotóxicos contra-indicados para determinadas lavouras, ou ainda o uso de venenos proibidos no Brasil. “Sem contar fraudes relacionadas à rotulagem dos alimentos industrializados, que escondem as quantidades reais dos ingredientes utilizados, ou o nome desses ingredientes da composição. Há ainda casos de alimentos produzidos com transgênicos que não trazem essa informação por meio do símbolo (o T dentro do triângulo amarelo) em seus rótulos”.

Conforme ela destaca, a composição dos alimentos e seus ingredientes muitas vezes é “uma caixa preta” para a população em geral. Primeiro por causa do desconhecimento da população em relação às nomenclaturas específicas e sua função. Outras vezes, a inserção de ingredientes interessantes para a industrialização, como os aditivos alimentares, que são aprovados pela legislação mas não são saudáveis. Ou mesmo gorduras e açúcares, causadores de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, entre outras.

“A insegurança alimentar e nutricional está cada mais incidente na alimentação. Precisamos romper com esse processo, responsabilizar todos os elos da cadeia. A produção, comercialização e industrialização requerem um novo modelo de orientação, fiscalização e penalização”, diz.

Para a professora da UFSC, é necessária no Brasil uma discussão ampla do processo como um todo, em busca de alimentação segura, saudável e sustentável que venha a se tornar hegemônica, acessível para todas as famílias, inclusive de menor poder aquisitivo. “É direito da população e dever do estado a garantia de um sistema de produção alimentar que promova a saúde e que seja ambientalmente sustentável.”

Nesse contexto, segundo ela, o consumo de alimentos é um ato político, técnico, social e cultural.

“Precisamos, sim, discutir todo o sistema alimentar nas dimensões da qualidade e de segurança. Creio que a operação ‘Carne Fraca’ está propiciando esse debate, que precisa ser feito por todos, e que requer medidas em geral na fiscalização sanitária  e vigilância em saúde no Brasil. Mas é fundamental que as questões relacionadas à saúde pública não perpassem a esfera política de vantagens, que ferem a relação de direito que temos como cidadãos.”

A segurança alimentar é um direito humano garantido pela Lei 11.346/2006. Determina que é dever do poder público respeitar, proteger, promover, prover, informar, monitorar, fiscalizar e avaliar a realização do direito humano à alimentação adequada, com alimentos de qualidade, bem como garantir os mecanismos para sua exigibilidade.

Trata-se, portanto, de obrigação dos órgãos públicos, nas esferas federal, estadual e municipal, garantir esse direito. O descumprimento torna vulnerável a saúde-nutrição das pessoas.

O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), reunido no último dia 18, declarou preocupação em relação a falta de garantia ao acesso a alimentos seguros e saudáveis.

Fonte: Rede Brasil

Processo seletivo Einstein Floripa

15/03/2017 21:50
Está aberto o Processo Seletivo de Docentes do Einstein Floripa!
O EINSTEIN FLORIPA é um cursinho pré-vestibular gratuito, sem fins lucrativos, voltado para estudantes de baixa renda da região da Grande Florianópolis. Além de preparar alunos para o vestibular, também os preparamos para a vida universitária. Isso é possível graças a nossa equipe de universitários excepcionais, das mais diversas áreas da graduação!
Quer ajudar pessoas a estarem onde você está hoje e ainda se desenvolver no processo? Então venha fazer parte da equipe de melhores universitários de Floripa!
Fique ligado! As inscrições para o Processo Seletivo abrem no dia 07 de março e se encerram dia 26 de março. Para se inscrever, é só acessar: https://einsteinfloripa.xyz/ps-docentes/ e preencher a ficha de inscrição!
Para mais informações, acesse nosso site: https://einsteinfloripa.xyz/

Ponto de entrega para óleo de cozinha usado está disponível na UFSC

15/03/2017 18:28

Um Ponto de Entrega Voluntária (PEV) para arrecadar óleo de cozinha usado acaba de ser instalado no térreo do prédio do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental. O PEV foi disponibilizado pela Empresa Júnior de Engenharia Sanitária e Ambiental (Ejesam –http://ejesam.ufsc.br/), que orienta a comunidade a armazenar o óleo em garrafas PET e entregá-lo no local para que seja encaminhado para os devidos fins. O objetivo da iniciativa é evitar a poluição da água. Mais informações: (48) 3721-2998 ou ejesam.contato@gmail.com.

Seleção de bolsa Pós Doutorado UFSC

09/03/2017 09:13

A Universidade Federal de Santa Catarina está com edital aberto para seleção de bolsista para Pós Doutorado.

Este processo seletivo é válido por onze meses e poderá ser utilizado para preenchimento de outras eventuais cotas de bolsas PNPD/CAPES recebidas pelo PPGN/UFSC.

As inscrições serão realizadas de 15 de março a 22 de março de 2017, na Secretaria do Programa de PósGraduação em Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, UFSC, Florianópolis.

Para maiores informações acesse aqui 

 

Maioria das cervejas mais consumidas no país é feita com milho transgênico

06/03/2017 08:55
Indústria se aproveita da legislação falha, que não exige rotulagem especial, nem especificação dos “cereais não maltados”, omitindo do consumidor o símbolo relacionado a medo, doenças e incertezas
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A lei determina que alimentos ou bebidas com mais de 1% de ingredientes transgênicos devem ser rotulados; o T indicativo da presenças de plantas geneticamente modificadas não aparece em nenhuma cerveja

São Paulo – Bebida alcoólica mais consumida pelos brasileiros, a cerveja pode conter em sua formulação muito mais do que água, cevada e lúpulo. As letras miúdas no rótulo das garrafas ou impressas na própria lata, em cores metálicas, que dificultam a leitura, dão algumas pistas: “cereais não maltados” ou “malteados”. O consumidor comum fica sem saber que ingredientes exatamente são afinal. Especialistas em nutrição, entretanto, não têm dúvidas. Em geral é o milho, o mais barato dos grãos, o escolhido pelos fabricantes para compor, com os demais ingredientes, uma bebida que pode ser vendida mais em conta para que não tenham de abrir mão da elevada margem de lucro.

“Como a legislação não exige a especificação de cada ingrediente que constitui a cerveja, as empresas utilizam o termo genérico ‘cereais não maltados’. Ao não colocar a denominação específica, deixam dúvidas quanto à composição. Portanto, é possível partir do princípio de que o milho está sendo utilizado sem que haja indicação da sua presença”, diz a nutricionista Rayza Dal Molin Cortese, pós-graduanda em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Um estudo do Laboratório de Ecologia Isotópica do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da Universidade de São Paulo, divulgado em 2013, respalda a suposição de Rayza. Ao analisar 77 marcas, das quais 49 produzidas no Brasil e 28 importadas de países da Europa, América do Sul e do Norte e da China, os pesquisadores do Cena/USP concluíram que apenas 21 delas podem exibir o selo “puro malte” por utilizar somente grãos de cevada.

Puro malte?

Entre as nacionais, foi detectado milho na composição de 16 marcas, em quantidades equivalentes a 50% do mix de cereais adicionados à cevada. Essa proporção, aliás, contraria a legislação brasileira, que limita a quantidade de milho, arroz, trigo, centeio, aveia e sorgo a 45% do total da cevada utilizada. E justificaria a troca de nome dessas bebidas prevista em lei: cerveja de milho, cerveja de arroz etc., acrescentando-se o nome do cereal com maior presença na formulação.

Mas seria essa opção adotada por um mercado gigante como o cervejeiro brasileiro, que movimenta todo ano algo em torno de R$ 74 bilhões, cerca de 1,6% do PIB, conforme pesquisa divulgada em março de 2016 pela Fundação Getúlio Vargas?

Dar nome aos cereais – especialmente se for milho – pode não ser considerado “bom negócio” para o milionário grupo de produtores da bebida alcoólica mais vendida no Brasil – cerca de 14 bilhões de litros por ano. Mas faz toda a diferença para os brasileiros que consomem, per capita, todo ano, o correspondente a 62 litros de cerveja.

Primeiro porque mais de 80% do milho cultivado no Brasil, segundo especialistas ouvidos pela reportagem, está em lavouras transgênicas, semeadas com grãos modificados geneticamente. Com o argumento de aumentar a produtividade, a indústria das sementes alterou o DNA de plantas como o milho para supostamente aumentar a produtividade.

Na realidade, essa biotecnologia as transformou para duas coisas: resistir a quantidades cada vez maiores de agrotóxicos utilizados para matar plantas e indesejáveis à monocultura, que poderiam vir a comprometer essa propalada produtividade; ou para que produzam toxinas contra ataque de insetos que afetam a saúde humana.

Incertezas

O problema é que, como essas plantas úteis para o equilíbrio ambiental e indesejáveis para a produção de larga escala vão adquirindo resistência contra alguns princípios ativos de agrotóxicos pulverizados, passam a ser aplicados outros venenos, mais potentes e em quantidades maiores.

As consequências à saúde humana, animal e ambiental devido a tamanha alteração genética em grãos que serão usados direta ou indiretamente na produção de alimentos ainda não foram dimensionadas o suficiente pela ciência. Dos poucos estudos, os resultados são preocupantes, para não dizer alarmantes.

O biólogo, pesquisador aposentado da Embrapa e ex-membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) José Maria Gusman Ferraz é coautor do livro Lavouras Transgênicas – Riscos e Incertezas. A obra, editada em 2015 pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do então Ministério do Desenvolvimento Agrário, disponível para download, acaba de ganhar versão em inglês. Os autores analisam mais de 750 estudos desprezados pelas agências reguladoras de organismos geneticamente modificados em todo o mundo.

Ele destaca uma pesquisa divulgada em 2012 por pesquisadores franceses que abalou a opinião pública e o mercado de transgênicos em todo o mundo. Chefiados por Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen Normadie, na França, os cientistas constataram danos ao fígado e rins e distúrbios hormonais em ratos alimentados com o milho transgênico NK603, da Monsanto. Além desses efeitos graves, foi detectado o desenvolvimento de inúmeros tipos de tumores.

O impacto da grande repercussão fez a pesquisa ser questionada e retirada da revista que a publicou originalmente (Food and Chemical Toxicology). Não só: a publicação teve seu corpo editorial reformulado, com a entrada de um nome forte indicado pela Monsanto. Os mesmos resultados, porém, foram publicados em detalhes depois na Environmental Sciences Europe, mostrando todos os danos causados.

Na época, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e outras entidades ambientalistas, de saúde e em defesa da agricultura orgânica, entre outras, pediram a suspensão da liberação comercial dessa variedade do milho.

“Mesmo com este estudo indicando claramente o risco, a CTNBio aprovou sua liberação comercial no país, em um claro desrespeito ao princípio da precaução, que preconiza que se existir possibilidade de risco, a empresa proponente tem de provar que o risco não existe”, afirma Gusman. “Um grupo minoritário dentro da comissão solicitou que, se existiam dúvidas, o estudo deveria ser refeito antes da sua liberação para comercialização. Mas como sempre, foi voto vencido pela maioria – ligada ao agronegócio –, que desprezou esta e outras evidências de que havia sim risco à saúde na liberação comercial.”

Além de professor convidado da Unicamp, onde conduz pesquisas em agroecologia, Gusman se dedica à campanha contra o mosquito transgênico, desenvolvido em laboratório para combater o Aedes aegypti, já solto no interior de São Paulo – outro caso envolto em irregularidades no processo de liberação, com problemas e dúvidas nas pesquisas, o que torna as populações lcoais cobaias de interesses de transnacionais.

Outro estudo, segundo ele, também acende o alerta contra os transgênicos. Conduzido na Faculdade de Medicina de Tanta, no Egito, constatou que outra variedade de milho da Monsanto, o MON810, alterou profundamente as estruturas que compõem o intestino das cobaias. Surgiram lesões proliferativas e hemorrágicas nas mucosas intestinais, responsáveis pela absorção de nutrientes necessários para o funcionamento do organismo. O milho correspondia a apenas 30% da dieta dos ratos.

Mais venenos

Como lavouras transgênicas são sinônimo do uso de altas doses de agrotóxicos, os especialistas alertam para os perigos dos agroquímicos à saúde e à vida dos agricultores e de quem vive perto das áreas pulverizadas, para aqueles que trabalham nas indústrias de venenos, e para quem ingere alimentos e água carregados de resíduos desses agroquímicos.

Por isso essas substâncias são problema de saúde pública, embora as autoridades de saúde pouco ou nada façam para reduzir, ainda que gradativamente, o uso de produtos tão nocivos. Esses venenos já foram relacionados a diversas doenças, entre elas câncer de vários tipos; alterações endocrinológicas e reprodutivas, como quadros de menstruação, menopausa e andropausa precoce, além de alterações no sistema reprodutor; e até neurológicas, facilitando o desenvolvimento do Mal de Parkinson, por exemplo, conforme pesquisas recentes.

Também podem provocar alterações na gestação que levam ao nascimento de bebês com malformações; distúrbios emocionais incapacitantes, como a depressão; quadros de intoxicação agudas, que conforme o veneno pode matar por asfixia, ou mesmo crônicas, devido a exposições frequentes ou ao acúmulo de resíduos no organismo. Tudo isso num quadro em que algumas dessas doenças podem conviver sem que suas causas sejam associadas aos venenos agroquímicos. O Ministério da Saúde estima que para cada caso notificado, com nexo-causal, há 50 outros totalmente ignorados.

Consumidor desinformado

Para especialistas e ativistas contra os transgênicos e seus perigos, todos os alimentos – bebidas inclusive – com quaisquer vestígios de transgênicos, deveriam receber o selo com a letra T em preto dentro de um triângulo amarelo, símbolo internacional da presença de organismos geneticamente modificados.

Mas a legislação, que no Brasil é criada por setores alinhados com o agronegócio que controlam o Congresso Nacional e setores do governo federal, não vai nessa direção. A nutricionista Rayza Cortese, que pesquisa organismos geneticamente modificados e a rotulagem de alimentos comercializados no Brasil, afirma que a legislação para o tema, estabelecida pelo decreto 4.680/2003, estabelece que “todos os alimentos (e as bebidas alcoólicas são consideradas alimentos) e ingredientes alimentares que contenham ou sejam produzidos a partir de OGMs, com presença acima de 1% do produto, devem ser rotulados”. No entanto, o símbolo não aparece em nenhuma embalagem de cervejas que contenham milho.

E isso apesar de o Idec ter obtido, no Supremo Tribunal Federal (STF), a garantia de rotulagem com o triângulo amarelo em alimentos com ingredientes geneticamente modificados, independentemente da quantidade. Em maio do ano passado, o STF voltou a garantir a indicação no rótulo de alimentos que utilizam ingredientes geneticamente modificados, independentemente da quantidade presente.

A exigência estava suspensa desde 2012, por uma decisão provisória do ministro Ricardo Lewandovski, que atendeu ao pedido da União e da Associação Brasileira de Indústria de Alimentos (Abia).

“A decisão é importante porque enfraquece o projeto de lei que tramita no Congresso para derrubar a obrigatoriedade da informação no rótulo. Sem essa rotulagem, o consumidor tem negado seu direito à informação para decidir na hora da compra, conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor”, diz a pesquisadora em alimentos do Idec, Ana Paula Bortoletto.

Palavra da indústria

A Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), que representa a Ambev, a Brasil Kirin, o Grupo Petrópolis e a Heineken – os quatro maiores fabricantes – afirma, em nota à reportagem da RBA, reproduzida em sua íntegra a seguir que “a indústria brasileira da cerveja é reconhecida pela alta qualidade de seus produtos e receitas que conquistaram o gosto do consumidor brasileiro – o que faz o país ser um dos maiores mercados de cerveja do mundo. O respeito ao consumidor é um dos principais valores do setor cervejeiro. É por isso, que aprimoramos sempre os processos, usamos os melhores ingredientes, adotamos as técnicas mais avançadas e inovamos sempre.

“As receitas, obviamente, variam de acordo com a marca e o tipo da cerveja. Os detalhes dessas formulações não são abertos ao consumidor, já que são informações confidenciais e que precisam ser protegidas para preservar o ambiente concorrencial do setor. Cada ingrediente é usado para trazer características ao produto. A utilização de cereais não-malteados na fabricação de cervejas não é uma exclusividade do Brasil. Isso acontece em diversos países. Um dos principais objetivos é conferir características como leveza e refrescância.

“Vale lembrar que as legislações brasileira e do Mercosul permitem que sejam usados cereais não-malteados na produção de cervejas, como milho, aveia, sorgo, arroz etc. Contudo, esse uso não é indiscriminado. A legislação estabelece a participação máxima de 45% destes insumos no chamado extrato primitivo (a parte sólida da cerveja). O setor cervejeiro no Brasil cumpre rigorosamente essa norma. Os padrões de qualidade e segurança da cerveja brasileira são regulados e fiscalizados pelo Ministério da Agricultura, Anvisa, entre outros órgãos.

“As discussões em torno dos organismos geneticamente modificados fazem parte deste grande esforço. Por isso, as cervejarias acompanham de perto a questão e seguem todas as normais legais sobre o uso e rotulagem desses insumos. As cervejarias associadas à Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil)- da qual participam Ambev, Brasil Kirin, Grupo Petrópolis e Heineken – realizaram testes de detecção de DNA transgênico que comprovam a ausência de organismos geneticamente modificados em seus produtos. Além disso, nossos produtos atendem às recomendações nacionais e internacionais mais rígidas de segurança, do início ao fim dos processos produtivos, não representando, portanto, qualquer risco à saúde do consumidor.”

Fonte: Rede Brasil Atual

O conflito de interesses entre as associações de profissionais da saúde e financiamento da indústria

01/03/2017 20:34

Fonte: The Lancet – Segunda-feira, 13 de Fevereiro de 2017 

O Colégio Real de Pediatria e Saúde Infantil (Royal College of Paediatrics and Child Health) do Reino Unido (RCPCH) anunciou em outubro de 2016 sua decisão de continuar a aceitar financiamento de fabricantes de substitutos do leite materno (BMS).

Esta decisão levanta sérias preocupações sobre a imparcialidade do colégio e estabelece um precedente prejudicial para outras organizações de profissionais de saúde. A fim de proteger a credibilidade e a autoridade das organizações profissionais que contribuem para a formulação de políticas públicas, elas precisam adotar códigos de conduta e práticas que protejam sua independência dos interesses dos investidores.

A decisão do RCPCH viola o espírito e o objetivo do Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno (também conhecido como Código Internacional), adotado pela Assembleia Mundial da Saúde (WHA) na resolução WHA34.22 e as subsequentes resoluções relevantes da WHA. Outras resoluções incluem a WHA69.9.2, adotada em maio de 2016, na qual os Estados Membros da OMS receberam com agrado a nova Orientação da OMS para acabar com a Promoção Inadequada de Alimentos para Lactentes e Crianças Pequenas (também conhecida como “A Orientação” – “The Guidance”).
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As verdades inconvenientes que a campanha “Agro Pop” tenta esconder

01/03/2017 20:18

A propaganda “Agro-Globo” tenta construir a imagem de que o agronegócio é o grande responsável pela geração de empregos e pela produção dos alimentos que chegam à nossa mesa.

Segundo pesquisa da Esalq-USP, apenas 36% dos empregados pelo agronegócio têm carteira assinada e é do setor quem vêm 30% das 1.010 pessoas resgatadas em 2015 de condições análogas à de escravidão.

Em relação à produção de alimentos, o agronegócio cria mercadorias, mas quem produz os alimentos que chegam à nossa mesa são os pequenos agricultores familiares.*

*Texto completo em “Ideias na Mesa”:
https://goo.gl/BdO9iI (parte 1)
https://goo.gl/nn2kMu (parte 2)

Falecimento da Professora Lieselotte Ornellas

15/02/2017 17:48
Faleceu ontem, 14 de fevereiro de 2017, aos 99 anos, no Rio de Janeiro, a professora Lieselotte Hoeschl Ornellas, a primeira nutricionista do Brasil.
A professora Lieselotte é catarinense, nascida em Florianópolis e participou ativamente das comemorações dos 20 anos do Curso de Nutrição da UFSC, estando presente na primeira atividade comemorativa, em agosto de 1999 e em novembro de 2000 quando do lançamento de nova edição do seu livro “Alimentação através dos tempos”, primeiro volume da Série Nutrição da Editora da UFSC.
O legado da professora Lieselotte para a Nutrição Brasileira é significativo e reconhecido.
Registramos a homenagem também do Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições da UFSC.
Lieselotte Ornellas na UFSC0002Imagem1

X Congresso Brasileiro de Epidemiologia – Inscrições Abertas

14/02/2017 09:33

Está no ar a página do 10º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, organizado pela Comissão de Epidemiologia da ABRASCO e pela Universidade Federal de Santa Catarina. Acesse http://epi.org.br/.

O evento acontecerá entre 7 e 11 de outubro de 2017 e, pela primeira vez na história, em Florianópolis. A data final para submissão dos trabalhos é 30 de março de 2017.

Não deixe de participar e de enviar seus trabalhos. A programação estará repleta de ótimos cursos, palestras e mesas redondas com palestrantes nacionais e internacionais.

Nessa semana foram lançados e abertos para inscrição os cursos pré-congresso. Em seus dois primeiros dias de atividade, o X Congresso Brasileiro de Epidemiologia oferecerá 40 cursos para os participantes poderem aproveitar ainda mais o evento e terem aulas com grandes nomes da ciência brasileira e internacional.