Programa de reabilitação de cientistas

05/09/2016 14:20

James DuBois, psicólogo e professor da Escola de Medicina da Universidade de Washington, tem uma experiência singular na promoção da integridade científica: nos últimos três anos, ofereceu um programa de reabilitação para 39 pesquisadores de 24 diferentes instituições norte-americanas que haviam sido punidos em episódios de má conduta. O treinamento foi criado com recursos dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, principal agência de pesquisa da área médica do país, e recebe várias vezes por ano pequenos grupos de pesquisadores que tiveram financiamento suspenso por cometerem fraude, plágio ou falsificarem dados em trabalhos científicos.

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Concurso Público para professor adjunto em nutrição da UFSC

31/08/2016 00:19

A Universidade Federal de Santa Catarina publicou o  Edital 033/DDP/2016 no Diário Oficial da União, oferecendo 85 vagas para o cargo de professor.

O campo de conhecimento da vaga para o Departamento de Nutrição é: Nutrição, Saúde Pública, Epidemiologia, Saúde Coletiva, Educação, Ciências, Ciências Sociais e Ciências de Alimentos.

Número de Vagas: 1 vaga para Adjunto A 1, preferencialmente, reservada para candidatos com deficiência conforme prevê a seção 4 deste Edital.

Regime de Trabalho: Dedicação Exclusiva/DE.

Requisitos para provimento no cargo: Título de Graduação em Nutrição e Título de Doutor em Nutrição ou Saúde Pública ou Epidemiologia ou Saúde Coletiva ou Educação ou Ciências ou Ciências Sociais ou Ciências de Alimentos.

O edital da Coordenadoria de Concursos, Admissões e Contratações Temporárias do  Departamento de Desenvolvimento de Pessoas estabelece  as normas para a realização do Concurso Público destinado a selecionar candidatos para provimento do cargo de Professor da Carreira do Magistério Superior para o quadro permanente da UFSC para as Unidades Universitárias dos campi de Araranguá, Blumenau, Curitibanos, Florianópolis e Joinville.

A inscrição será efetuada somente via internet mediante o preenchimento de Requerimento de Inscrição constante no site http://prodegesp.ufsc.br/ddp/concursos/, no link “Docente Magistério Superior”, entre 14h do dia 24 de agosto e 23h59 do dia 21 de setembro.

O link estará disponível somente na data e horário previsto para o início das inscrições.

Mais informações na Prodegesp.

Fonte: Notícias da UFSC

Portal reúne dados sobre agrotóxicos no País

28/08/2016 20:32

O objetivo do Portal de Dados Abertos sobre Agrotóxicos, desenvolvido na UFRJ, é divulgar dados de interesse público sobre o setor, fornecidos por diferentes instituições, com a vantagem de reuni-los em um único ambiente virtual, de fácil navegação.

O Brasil é um dos países onde mais se consome agrotóxicos no mundo. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), as vendas de pesticidas em 2015 totalizaram US$ 9,6 bilhões e, só em 2014, foram comercializadas mais de 914 mil toneladas de agrotóxicos no País. Essas e outras informações, que nem sempre são divulgadas pelas empresas e instituições governamentais de modo facilitado para consulta pública, estão agora reunidas no Portal de Dados Abertos sobre Agrotóxicos (http://dados.contraosagrotoxicos.org), desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pelo Grupo de Engenharia do Conhecimento (Greco).

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Sob os holofotes

22/08/2016 14:08

Saber falar em público pode ajudar no desenvolvimento da carreira do pesquisador.

A apresentação de resultados de pesquisa em reuniões de departamento na universidade, Carreiras_290seminários ou conferências faz parte do calendário de atividades da maioria dos pós-graduandos. Ainda assim, falar em público pode ser um desafio para muitos pesquisadores. Não raro, as apresentações se apoiam em gráficos à primeira vista confusos e slides com textos longos e herméticos que podem comprometer a qualidade da apresentação e a compreensão do seu conteúdo pela audiência. Aprender a fazer uma apresentação boa e equilibrada, seja para pesquisadores da mesma área ou para o público em geral, valoriza o trabalho e pode ser importante no desenvolvimento da carreira do pesquisador.

Falar bem em público requer prática, segundo o biólogo e comunicador científico Atila Iamarino, pós-doutor pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e apresentador do canal Nerdologia, no YouTube, em que discute ciência e assuntos da cultura pop. Uma forma de se preparar é investir na divulgação de seus trabalhos fora do ambiente acadêmico, por meio de textos em blogs, vídeos ou podcasts. “Isso pode ajudar os pesquisadores a ter mais desenvoltura na hora de falar sobre o que eles estão fazendo para um público mais especializado”, sugere. Outro caminho possível, segundo ele, é acompanhar palestras como as TED Talks e podcasts como o This Week Virology, que apresentam fatos científicos de forma atraente.

“Fazer uma boa apresentação nada mais é que contar uma história, com começo, meio e fim”, afirma Mauro de Freitas Rebelo, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além de se apresentar em eventos científicos como pesquisador, Rebelo também atua como divulgador científico. Segundo ele, para diminuir o nervosismo e a ansiedade, pode-se, em alguns casos, começar a apresentação com uma breve anedota. “Sempre conto uma história minha e, então, coloco a ciência no meio.”

É também fundamental situar o conteúdo da apresentação em um contexto mais amplo de pesquisa e ressaltar sua importância para a área antes de discutir o conteúdo que será apresentado.

Para que isso funcione, explica a psicóloga Ana Arantes, do Laboratório de Aprendizagem Humana, Multimídia Interativa e Ensino Informatizado da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é importante que o pesquisador se prepare com antecedência e conheça o público para o qual irá falar. “É preciso estabelecer previamente o objetivo da apresentação: definir um conceito, explicar um método ou apresentar alguns dados”, recomenda. “A partir daí é possível definir a melhor maneira de transmitir a mensagem.”

De modo geral, é recomendável que as apresentações sejam curtas, com duração de até 20 minutos. Hoje, segundo Atila, existem na internet várias plataformas que podem ajudar os pesquisadores a fazer uma apresentação visualmente dinâmica e com uma aparência amigável. É o caso do Keynote e do Prezi, softwares que permitem a criação de apresentações mais atraentes. Também é importante pensar no formato da apresentação. “Evitar animações e textos longos, tomar cuidado com as cores e o tamanho da fonte são alguns cuidados básicos que se deve ter ao elaborar uma apresentação”, conclui.

Fonte: Fonte Revista FAPESP

Revista DEMETRA comunica novas orientações para submissão de artigos

22/08/2016 14:03

“Caro/a leitor/a,

Antes de submeter seu artigo, leia com a atenção as informações e orientações abaixo.

DEMETRA vem crescendo com força nos últimos anos. Hoje é a segunda revista brasileira no campo alimentar-nutricional mais utilizada para publicação de artigos por pesquisadores dos programas de pós-graduação inseridos na área de avaliação “Nutrição” na CAPES.

Assim, é chegada a hora de dar mais um importante passo em nossa trajetória editorial: a redefinição do escopo de artigos a serem publicados.

Na avaliação dos artigos recebidos passamos a valorizar cada vez mais aqueles que apresentam caráter mais profundo em suas análises. Dessa forma, trabalhos de cunho estritamente descritivo, bem como aqueles de interesse ou aplicação circunscritos a espaços geográficos restritos serão reencaminhados aos autores para ampliação e aprofundamento de suas abordagens. Em outras palavras, ainda que o estudo seja realizado com pequeno número de entrevistados, localidades ou instituições, o artigo correspondente poderá ser publicado desde que o investimento analítico seja substantivo, construído em sólidas bases teórico-metodológicas e trazendo contribuições novas ao conhecimento.

Enfim, trata-se de mais um passo no sentido da qualificação do periódico e da ciência no campo da Alimentação e Nutrição.

Para mais informações, veja o Editorial do primeiro número de 2016 intitulado “Reflexões sobre nossa trajetória editorial” em http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra/article/view/21511#.V7g0eZgrKhc.

Agradecemos seu interesse e apoio contínuo em nosso trabalho.

Cordialmente,
Shirley Donizete Prado e Fabiana Bom Kraemer
Editoras”

Os impactos do investimento

22/08/2016 13:56

Em tempos de crise, ressurge a cobrança pelo retorno do financiamento público de pesquisa sem levar em conta que a produção da ciência segue caminhos complexos e interligados.

Em tempos de crise econômica, é comum que a sociedade questione a aplicação do CAPA_Exemplos_246dinheiro público e queira privilegiar atividades que deem retorno visível e imediato. Áreas em que os resultados são mais difusos ou menos palpáveis frequentemente passam a ser vistas como não prioritárias na hora da alocação dos recursos. Quando esse fenômeno afeta o sistema de pesquisa, cujo financiamento depende em grande medida – varia de país a país – do Estado, com frequência ele se traduz na oposição entre pesquisa básica e pesquisa aplicada, como se fossem conceitos independentes e não profundamente interligados. O investimento em pesquisa que resulta imediatamente em novos produtos e tecnologias tende a ser visto como o mais importante, por trazer retorno tangível à sociedade. Já os recursos direcionados à ciência básica às vezes são considerados uma extravagância, como pontuou em 1967 o então governador eleito da Califórnia, o republicano Ronald Reagan, ao propor, como medida para resolver problemas orçamentários, que os contribuintes deixassem de financiar a “curiosidade intelectual” em programas e cursos das universidades estaduais. “Nós acreditamos que há certos luxos intelectuais que talvez pudéssemos dispensar”, disse Reagan, atraindo críticas de toda parte. “Se uma universidade não é o lugar em que a curiosidade intelectual deve ser encorajada e subvencionada, então ela não é nada”, reagiu à época o jornal The Los Angeles Times, em editorial.

Na realidade da ciência no século XXI, o debate demanda classificações bem mais complexas do que as duas categorias, pesquisa básica e pesquisa aplicada, têm a oferecer. “Os conceitos de pesquisa pura e aplicada podem ter alguma utilidade em discussões abstratas e funcionar em situações específicas, mas não servem adequadamente para categorizar a ciência”, sustenta Graeme Reid, professor de política científica da University College London, no Reino Unido, e autor do relatórioWhy should the taxpayer fund science and research? (“Por que o contribuinte deveria financiar a ciência e a pesquisa?”), publicado em 2014. Em primeiro lugar, diz ele, o denominador comum para classificar a ciência deve ser a “excelência”, sem a qual nem o conhecimento básico nem o aplicado produzem resultados consistentes.

Reid cita o exemplo do Higher Education Funding Council for England (Hefce), órgão que financia e avalia o sistema universitário de ensino e pesquisa da Inglaterra. O Hefce distribui recursos sem fazer referência às duas categorias, uma vez que a qualidade da pesquisa é que a habilita a ter impacto. O relatório menciona um documento lançado em 2010 pelo Conselho de Ciência e Tecnologia ligado ao premiê do Reino Unido, intitulado A vision for UK research, segundo o qual o cerne da atividade de pesquisa é sua capacidade de fazer perguntas importantes; a insistência em distinguir uma vertente pura e outra aplicada gera mais problemas e divisões do que produz soluções. Reid observa que os benefícios decorrentes de investimentos em pesquisa ganharam formas variadas que vão muito além da polarização entre as vantagens de compreender melhor os fenômenos por um lado e, por outro, os ganhos gerados pelo desenvolvimento de tecnologias – tais como as startups oriundas de universidades que podem transformar conhecimento em riqueza rapidamente, a atração de investimentos globais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para universidades e polos de inovação ou, ainda, a oferta de mão de obra altamente especializada a empresas e organizações públicas, entre outras. “O ambiente de pesquisa é um ecossistema delicado que oferece múltiplos benefícios para a economia e a sociedade ao longo de caminhos complexos e interligados”, diz.

CAPA_Equilíbrio_246No lugar de distinguir os benefícios da ciência básica e da aplicada, atores e instituições do sistema de ciência construíram novas formas de classificar os objetivos da pesquisa, que orbitam em torno de um conceito-chave: o impacto que o investimento pode produzir. “Impacto é um conceito bastante amplo e tem várias dimensões, como o social, o econômico e o intelectual”, destacou Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, no capítulo que escreveu para o livro University priorities and constraints(Economica, 2016), que reúne as contribuições de 23 líderes de universidades de pesquisa apresentadas em junho de 2015 no fórum Glion Colloquium, na Suíça. Existem pesquisas que promovem benefícios à sociedade ao inspirarem ou darem respaldo a políticas públicas em praticamente todas as esferas. Um exemplo geral é o da contribuição de várias disciplinas para a compreensão de fenômenos ligados ao clima. Outro, específico, é o papel dos resultados do programa Biota-FAPESP na atividade legislativa. Criado em 1999 para mapear a biodiversidade do estado de São Paulo, o programa produziu conhecimentos divulgados na forma de artigos científicos, livros, atlas e mapas, que serviram de referência para a criação de seis decretos governamentais e 13 resoluções sobre o ambiente.

Num estudo de 2005, financiado pelo Departamento de Pesquisa, Ciência e Tecnologia de Quebec, no Canadá, os cientistas políticos Benoît Godin e Christian Doré buscaram mapear os diferentes tipos de impacto gerados pela pesquisa e chegaram a uma lista de 11 itens. Alguns são notórios, como o científico, o tecnológico e o econômico. Outros são menos estudados, como o impacto cultural, entendido como as transformações nas habilidades e atitudes dos indivíduos geradas pela compreensão ampliada de fenômenos da natureza; ou o impacto organizacional, em que novos conhecimentos ajudam a aperfeiçoar a gestão (ver quadro). “Embora o impacto econômico não deva ser negligenciado, ele representa uma fração de um todo que se estende para as esferas social, cultural e organizacional da sociedade”, explicaram Godin e Doré no estudo.
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Abaixo-assinado: Carta Aberta a Jamie Oliver

22/08/2016 13:50

Abaixo-assinado sobre parceria de Jamie Oliver com a Sadia.

“Nós, cidadãos e organizações da sociedade civil comprometidos com a saúde e o direito humano à alimentação adequada, vimos através desta manifestar nosso repúdio à parceria estabelecida entre o senhor e a Sadia para o projeto “Saber Alimenta”. Este programa prevê a realização de supostas “atividades educativas” em escolas, ao passo que sabemos que crianças devem ser protegidas contra práticas abusivas de comunicação mercadológica, como ações de merchandising dentro do ambiente escolar. A alimentação adequada e saudável é um direito humano, reconhecido em inúmeros documentos internacionais, nacionais e incluído na constituição brasileira. Não queremos que nossas crianças sejam transformadas em promotoras de produtos de qualquer marca. Esperamos que, diante de nossas considerações expostas ao longo desta carta, o senhor tome as medidas necessárias para impedir a exposição de crianças aos produtos e aos programas da Sadia e reconsidere sua decisão de vincular sua imagem a esta parceria…”

Conteúdo completo da carta e abaixo assinado no link: https://www.change.org/p/nas-nossas-escolas-n%C3%A3o-jamie-oliver-repense-a-sua-parceria-com-a-sadia

Agrotóxicos deixam rastro de malformações, câncer e morte pelo interior de São Paulo

15/08/2016 17:29

Cidades médias e pequenas do interior do estado de São Paulo, localizadas em meio a grandes extensões de terra com monocultura da cana e banana, entre outras, apresentam taxas de incidência de malformações congênitas e diversos tipos de câncer acima da média estadual.

Em Ribeirão Corrente, na região de Franca, o índice de malformações é 26 casos para grupos de 100 mil nascidos vivos – mais de três vezes maior que a do estado, que é de 8.2. Em Sandovalina, na região do Pontal do Paranapanema, onde há ocupação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o índice é 21. Na cidade de São Paulo, totalmente urbanizada, a taxa é de 9.5.

“Em Franca, uma mulher que engravida tem 50% a mais de chances de ter um filho com malformação do que uma moradora de Cubatão, por exemplo. E nem precisa ser agricultura. Está comprovado por estudos que em 70% dos casos de malformação congênita as causas são ambientais”, diz o defensor público Marcelo Novaes, da Defensoria Pública do Estado de São Paulo em Santo André, no ABC Paulista.

A incidência de câncer também é alta na zona rural. Em Bento de Abreu, na região de Araçatuba, há 18 óbitos por câncer cerebral para cada 100 mil habitantes. A taxa estadual é 6.6. “Essas cidades pequenas são fronteira entre o urbano e rural. Você sai da igreja matriz e já está numa plantação de cana, onde há pulverização aérea ou por tratores”, diz o defensor.

Ainda segundo ele, as taxa de mortes causadas por câncer de fígado é de 6.94 por 100 mil pessoas no estado, de 7.43 na capital paulista e de 20 em Turmalina, na região de São José do Rio Preto. Quase três vezes mais. “São cidades pequenas, com menos de 20 mil habitantes. Temos uma tragédia no interior paulista. As pessoas estão morrendo pelo veneno. Se antes se fazia excursão para o Paraguai, para compra de muamba, ou para Aparecida, para rezar na catedral, hoje se faz aos centros oncológicos”, compara.

Novaes se baseia no Observatório de Saúde Ambiental, uma plataforma de dados completos sobre utilização de agrotóxicos no estado, os tipos, as regiões, as culturas onde são empregados, bem como grupos populacionais afetados por doenças reconhecidamente desencadeadas pela exposição a esses produtos. O site interativo, que permite a criação de mapas em que é possível visualizar a distribuição das informações sobre o território paulista, foi desenvolvido por professores da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

“O mapa mostra o rastro de câncer em cidades em torno da via Anhanguera afora. Basta checar”, aponta Novaes, destacando que a Secretaria Estadual de Saúde, porém, nega todas essas evidências.

Conforme ressaltou ainda, o problema das pequenas cidades de São Paulo se repete no Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Paraná e outros estados com grandes áreas onde o agronegócio se instalou. Por isso, conforme acredita, agrotóxicos não deve ser tema limitado aos ambientalistas, e sim de conselhos tutelares, de defesa dos direitos da pessoa com deficiência, das mulheres e de toda a sociedade. “Precisamos fazer uma análise conjuntural desse projeto assassino que está em gestão em nosso país”, alerta.

Sistema excludente

Para Marcelo Novaes, a realidade dos agrotóxicos constitui a espinha dorsal de um “sistema excludente e prospectório da vida e da natureza”. E o avanço de projetos nocivos como o PL do Veneno, o PL 3.200/15, ocorre numa perspectiva não de mudanças, mas de retrocessos. “No arcabouço jurídico, há o direito dos códigos que conversa com os poderosos e o direito da prática que oprime os oprimidos, ou seja, a população. A engenharia disso é o ilegal que para os poderoso passa a ser legal”, diz.

“É por isso que são autorizados o corte de árvores centenárias, num prejuízo ambiental irreversível, sem um plano de manejo. É por isso que a mineradora Samarco matou um rio, as praias e continua com todo o vazamento; que há falta água em São Paulo enquanto a Sabesp paga dividendos aos acionistas, que o Código Florestal tão discutido com a sociedade está sendo esculachado aqui em São Paulo, fora a privatização de áreas florestais, que permite a extração de madeira. E a população se vê diante da ameaça crescente dos agrotóxicos”, aponta.

“O ilegal passa a ser legal e há apropriação do bem público pelo privado num processo de mudança das regras do jogo em pleno jogo. É como se, num jogo de xadrez, o cavalo passasse a ser movimentado como se fosse um bispo, uma torre. A gente vai ter de encarar isso.”

Marcelo Novaes participou da audiência pública promovida ontem (12), em São Paulo, pelo mandato do deputado federal Nilto Tatto (PT-SP). O parlamentar integra a comissão especial da Câmara que analisa o PL 3.200/2015.

Fonte: Rede Brasil Atual, por Cida de Oliveira

Em Veranópolis, idosas criam cardápio de restaurante com receitas antigas

15/08/2016 17:26

O antigo conselho de “ouvir os mais velhos” foi levado ao pé da letra pelo empresário Juliano Brandalise, 31, ao assumir um restaurante quase falido oito anos atrás em Veranópolis (RS).

O local não poderia ser melhor, mas a comida do empreendimento–que tem quase 80 metros de altura, é giratório e com vista de 360 graus para a Serra do Rio das Antas– não possuía identidade com o lugar.

A primeira providência de Brandalise, nascido em Veranópolis, foi chamar um grupo de 60 idosas da cidade e discutir com elas a elaboração de um novo cardápio para o restaurante.

“As nonas nos trouxeram as receitas dos primeiros imigrantes italianos e poloneses, que colonizaram Veranópolis entre o final do século 19 e início do 20”, explica. Entre elas estão a massa à bolonhesa, o espaguete à carbonara e o radicci (almeirão) com bacon.

“Tem gente que fala: ‘em São Paulo a massa carbonara não é assim’. Explicamos: ‘a nossa é assim porque tem uma história, é uma receita típica e legítima do local.”

As idosas também ajudaram na decoração do restaurante, com fotos e objetos familiares antigos, além de toalhas de cores vivas. “Não existe toalha branca aqui.” A nova proposta agradou a freguesia e hoje o local é o mais visitado da cidade.

Para o Alexandre Kalache, especialista em envelhecimento, a experiência mostra a importância de a sociedade valorizar os mais velhos.

“A sociedade deveria replicar o que o restaurante fez na prática: buscar a voz do idoso, valorizar a sua sabedoria. Quem se beneficiou? O restaurante, que atraiu mais clientes, o município que arrecadou mais impostos. É uma corrente do bem.”

Fonte: Folha de São Paulo, por Cláudia Collucci

Oficina online debate impactos dos agrotóxicos no Brasil

11/08/2016 14:53

Atividade da Rede Mobilizadores conta com parceria da Abrasco e será mediada por André Burigo, professor da EPSJV/Fiocruz e membro do GTSA/Abrasco.

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Estima-se que cada brasileiro ingira, indiretamente, uma média de 5,2 litros de venenos por ano, o equivalente a duas garrafas e meia de refrigerante, ou a 14 latas de cerveja. Além disso, utiliza 22 produtos que já foram banidos em outros países, devido à comprovação de seus efeitos nocivos, e convive com a falsificação e o contrabando desses venenos.

Diante desse cenário, que gera insegurança e medo, a Rede Mobilizadores promove, de 15 a 19 de agosto, a oficina online gratuita “Agrotóxicos: impactos e alternativas”, para debater os principais efeitos desses produtos sobre a saúde da população e do meio ambiente, e os principais obstáculos para redução do uso de venenos em nossa produção agrícola.

A atividade terá facilitação de André Burigo, pesquisador e professor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), integrante do Grupo de Trabalho Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e um dos organizadores do Dossiê Abrasco sobre Agrotóxicos.  

Segundo o Dossiê Abrasco, 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos. Desses, de acordo com a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 28% contêm substâncias não autorizadas.

O uso crescente de agrotóxicos em nosso país deve-se a dois fatores prioritários: a opção por um modelo de desenvolvimento baseado em latifúndios monocultores voltados para exportação, e uma série de políticas, como a redução e a isenção de impostos que, ao longo do tempo, tem incentivado o uso desses produtos na agricultura. O país oferece mais benefícios ao cultivo baseado no uso de agrotóxicos do que aos cultivos orgânicos. Mas, se houve um incentivo ao uso de venenos na produção agrícola, este não foi acompanhado pelo cuidado em treinar e orientar os produtores rurais quanto à manipulação e aplicação desses produtos, o que tem levado a milhares de casos de contaminação de trabalhadores do campo.

Além de ter estimulado o uso de agrotóxicos, a política governamental também incentivou os agricultores familiares a trocarem as sementes tradicionais, que eles mesmos selecionavam e plantavam, pela semente híbrida, sob alegação de que era mais produtiva, comprometendo, assim, a sobrevivência econômica e a segurança alimentar dessas populações.

A proposta é que, durante a oficina, os participantes possam debater os motivos que levaram o Brasil se tornar o maior consumidor de agrotóxicos do planeta; os principais efeitos do uso de venenos na produção de alimentos sobre a saúde da população, dos trabalhadores rurais e do meio ambiente; as dificuldades para se reduzir o uso de agrotóxicos; a viabilidade de se produzir alimentos em grande escala sem uso de produtos químicos tóxicos, entre outros. As oficinas promovidas pela Rede Facilitadores contam com apoio das empresas Banco do Brasil e Furnas .

Inscrições
As inscrições para a oficina podem ser feitas de 09 a 19 de agosto. Para se inscrever, é preciso estar cadastrado no site da Rede Mobilizadores. O processo é simples, rápido e gratuito. Faça seu cadastro em: <http://www.mobilizadores.org.br/inscreva-se/>.

Depois de cadastrado, faça sua inscrição na oficina em: <http://www.mobilizadores.org.br/oficina/agrotoxicos-impactos-e-alternativas/?eixo=meio_ambiente>.
Mais informações no site  ou pelo telefone: (21) 2528-3352

Fonte: ABRASCO

Dieta da população brasileira está cada vez mais padronizada

10/08/2016 10:58

Elton Alisson | Agência FAPESP – O padrão alimentar de populações situadas em locais isolados na Amazônia, no Nordeste e no Centro-Oeste do Brasil e de comunidades de pescadores no litoral norte de São Paulo está cada vez mais semelhante ao de moradores de regiões urbanas do país.

A dieta de comunidades ribeirinhas na Amazônia brasileira, que antes era composta principalmente por alimentos produzidos localmente, como peixe com farinha de mandioca, por exemplo, passou a ser integrada por alimentos industrializados, como enlatados e frangos congelados produzidos nas regiões Sul e Sudeste do país.

As constatações foram feitas por pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) e da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com colegas das Universidades de Brasília (UnB), Federal do Acre (UFAC) e do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), por meio de uma série de estudos realizados nos últimos anos com apoio da FAPESP.

Alguns dos resultados dos estudos foram publicados nas revistas Ecology of Food and Nutrition e Environment, Development and Sustainability. E foram apresentados durante a “School of Advanced Science on Nitrogen Cycling, Environmental Sustainability and Climate Change”, que ocorre até 10 de agosto em São Pedro, no interior de São Paulo.

Realizado pelo Cena-USP e o Inter-American Institute for Global Change Research (IAI), o evento, financiado pela FAPESP, por meio do programa Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), reúne 100 estudantes de graduação e pós-graduação, sendo 50 do Brasil e 50 do exterior, para discutir sobre a distribuição desigual de nitrogênio no mundo e seu impacto na sustentabilidade ambiental em um cenário de mudanças climáticas globais.

“De uma forma geral, os dados obtidos indicam uma homogeneização do padrão alimentar no Brasil”, disse Gabriela Bielefeld Nardoto, professora da UnB e uma das autoras dos estudos, à Agência FAPESP.

“Apesar do isolamento, as populações rurais de diferentes regiões do Brasil têm aderido cada vez mais à ‘dieta de supermercado’, composta por alimentos processados e ultraprocessados”, afirmou.

Composição isotópica

A pesquisadora começou a estudar em 2002, durante seu doutorado realizado com Bolsa da FAPESP, os padrões alimentares de populações brasileiras usando a composição isotópica de carbono e nitrogênio em amostras de unha, além de uma entrevista (anamnese) em que os participantes são estimulados a recordar o que consumiram nas últimas 24 horas (leia mais em http://revistapesquisa.fapesp.br/2006/07/01/dieta-na-ponta-dos-dedos)

Os estudos iniciais, de 2002, indicaram que a proporção de carbono oriunda de plantas do tipo fotossintético C4 (como cana-de-açúcar, milho e pastagens) na dieta de habitantes de cidades como Piracicaba, no interior de São Paulo, e Santarém, no interior do Estado do Pará, era semelhante.

Já os moradores de pequenas comunidades rurais, distantes cerca de 50 a 80 quilômetros da cidade de Santarém, apresentam padrões alimentares semelhantes entre si, mas totalmente diferentes em relação a moradores da capital do Pará, Belém.

A fim de investigar se essas diferenças de padrão alimentar entre o meio urbano e as comunidades rurais persistiam em outras regiões da Amazônia, os pesquisadores decidiriam realizar, entre 2007 e 2010, um estudo mais detalhado por meio de umapesquisa apoiada pela FAPESP, coordenada pelo professor Luiz Antonio Martinelli, do Cena-USP.

No estudo, eles compararam os padrões alimentares de populações urbanas de Manaus e Tefé, no Amazonas, com comunidades ribeirinhas situadas ao longo do rio Solimões, cuja principal fonte de proteína era o pescado.

Além disso, também investigaram os padrões alimentares em comunidades de caiçaras na região de Ubatuba, ao longo da Rodovia Rio-Santos, e da população de bairros próximos às encostas da Serra do Mar – conhecidos como “sertões” de Ubatuba.

Os resultados dos estudos com essas diferentes populações sugeriram que há uma homogeneização do padrão alimentar de moradores que vivem em aglomerados rurais e urbanos de diferentes tamanhos.

Os pesquisadores não encontraram diferenças isotópicas nas unhas dos integrantes de comunidades caiçaras e do “sertão” de Ubatuba em comparação com os moradores das classes C e D de Piracicaba.

“Essas populações já aderiram totalmente à dieta de supermercado”, afirmou Nardoto. “Os pescadores das comunidades caiçaras, por exemplo, usam parte do dinheiro que conseguem com a venda do pescado para comprar frango congelado no centro de Ubatuba”, contou.

Já entre os moradores das regiões rurais da Amazônia, os pesquisadores observaram que há um vínculo mais forte com os alimentos produzidos regionalmente.

No entanto, notaram uma perda da identidade alimentar dessas populações e a penetração de alimentos industrializados, como frango congelado, bolachas, embutidos e refrigerantes, em suas dietas (leia mais em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2011/07/11/frango-no-solim%C3%B5es/). 

“Nossa hipótese era a de que as comunidades mais afastadas dos centros urbanos estariam mantendo a dieta do peixe com farinha. Mas não foi isso que observamos ao longo do rio Solimões”, disse Nardoto.

Quanto mais estruturada a comunidade ribeirinha em termos de acesso à energia elétrica e diesel para abastecimento de barcos para locomoção, mais seu padrão alimentar se assemelhava ao de populações das cidades, que já aderiram totalmente à dieta de supermercado.

O hábito de se alimentar de peixe com farinha de mandioca, por exemplo, está muito mais restrito hoje ao almoço, exemplificou a pesquisadora.

“Eles acabaram preservando consciente ou inconscientemente esse hábito no almoço. Já no jantar e no café da manhã passaram a consumir mais alimentos processados e ultraprocessados”, disse.

A fim de verificar se essa diminuição da diferença do padrão alimentar de populações rurais e urbanas observada em São Paulo se repetia em outras regiões do país, os pesquisadores realizaram um estudo com duas comunidades sertanejas de Mossoró, no Rio Grande do Norte, com moradores da região urbana da cidade e com uma comunidade caiçara na Reserva do Tubarão em Natal, na capital potiguar.

Os resultados das análises indicaram que a composição isotópica das unhas dos integrantes das comunidades caiçaras era semelhante à das sertanejas e à dos moradores da região urbana de Mossoró.

“Pensamos que poderia haver uma diferença no padrão alimentar das populações do sertão, da cidade e litorânea, mas a assinatura isotópica deles é a mesma”, disse Nardoto.

“Esse padrão é muito parecido com o que observamos no Norte, Centro-Oeste e no Estado de São Paulo”, comparou.

Um estudo recente realizado por Rodrigo de Jesus Silva, da Esalq, com Bolsa de doutorado concedida pela FAPESP, analisou a mudança do padrão alimentar de comunidades remanescentes do quilombo Kalunga, situadas na Chapada dos Veadeiros.

Ele constatou que as comunidades que têm mais fácil acesso à estrada já adotaram a “dieta do supermercado”.

Já as comunidades que têm menor acesso à estrada e estão situadas em regiões de difícil acesso apresentam uma dieta mais baseada em alimentos produzidos regionalmente.

“Essas comunidades foram as únicas dentre as que pesquisamos em que observamos essa continuação do padrão alimentar”, disse Nardoto.

Simplificação das fontes

Na avaliação da pesquisadora, a homogeneização do padrão alimentar no Brasil, em razão de fatores como aumento da urbanização e melhoria das condições sociais – que têm levado a mudanças no estilo de vida e à substituição de alimentos produzidos localmente por itens processados –, tem causado uma simplificação das fontes alimentares e uma mudança de uma alimentação C3 para C4.

A dieta do brasileiro, que até então era baseada em alimentos oriundos de plantas do tipo fotossintético C3, como o arroz e o feijão, tem se tornado cada vez mais composta por alimentos originados de plantas C4, como o milho e a soja, presentes na ração de diversos animais, além da cana-de-açúcar.

“Os alimentos C4 não fazem mal à saúde. O problema é como são processados, o que faz com que tenham alto teor de gordura, sal e açúcar e contribuam para o aumento da incidência de obesidade e de doenças cardiovasculares”, ponderou.

Já a perda da identidade alimentar pelas comunidades tradicionais também pode ter impactos na conservação ambiental, apontou.

“À medida que essas comunidades perdem sua identidade alimentar, também acabam perdendo sua relação com a paisagem local. Se não precisam mais do peixe para se alimentar, o rio deixa de ser uma fonte alimentar e passa a ser somente um meio de transporte”, avaliou.

O artigo “Food insecurity in urban and rural areas in Central Brazil: transition from locallu produces foods to processed items” (doi: 10.1080/03670244.2016.1188090), de Livia Penna Firme Rodrigues e outros, pode ser lido por assinantes da revista Ecology of Food and Nutrition em www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/03670244.2016.1188090.

E o artigo “Factors influencing the food transition in riverine communities in the Brazilian Amazon” (doi: 10.1007/s10668-016-9783-x), de Rodrigo de Jesus Silva e outros, pode ser lido na revista Environment, Development and Sustainability emlink.springer.com/article/10.1007/s10668-016-9783-x.

Fonte: Agência FAPESP

Semana Mundial do Aleitamento Materno aborda temática sustentável

02/08/2016 09:20

Todo ano, a Semana Mundial do Aleitamento Materno é celebrada de 1º a 7 de agosto em todo o mundo, com um tema central pertinente à prática da amamentação. Em 2016, a campanha internacional traz o tema “Objetivos do desenvolvimento sustentável e o aleitamento materno”, com eventos de capacitação planejados para profissionais da Saúde e mobilização social.

Em Santa Catarina, a programação da Semana inclui eventos de atualização para profissionais da Saúde, dos quais um será realizado no Hospital Universitário (HU) da UFSC, no dia 3 de agosto, quarta-feira, e uma série de “mamaços”, em várias cidades do estado, no dia 6 de agosto, sábado. A lista com as cidades e “mamaços” confirmados pode ser acessada aqui.

Em Florianópolis, “A Hora do Mamaço” acontece no Parque de Coqueiros, das 14h às 16h. Uma das organizadoras do evento, a consultora em amamentação, Caroline Scheuer, destaca que a proposta é reunir mães amamentando ao ar livre, reforçando, assim, a importância do aleitamento materno, em qualquer lugar. “O mamaço vem como forma de mostrar pra sociedade, de forma impactante, que as mães querem poder amamentar em público. É naturalizar a amamentação, que culturalmente é mostrada como algo reservado, mas que é muito natural. Vamos trazer o tema da sustentabilidade e programação variada para as mães, com roda de conversa, dança materna entre outras atividades”, ressalta Caroline. O evento e mais informações podem ser acessados no Facebook.

Amamentar em qualquer lugar é um direito assegurado por lei. Está em vigor desde junho deste ano a legislação estadual que pune com multa os estabelecimentos comerciais de Santa Catarina que impedirem mães de amamentar os filhos em suas dependências. Segundo a lei, se o estabelecimento descumprir a determinação, poderá ser penalizado com multas de R$ 2 mil a R$ 40 mil. Outro projeto de lei semelhante tramita no Congresso Nacional.

Amamentação e sustentabilidade

Renata Fontanella Sander, ex-aluna da UFSC, amamenta Maria Clara, de 1 ano e 2 meses. (Foto: Pipo Quint/Agecom/UFSC)

A organização da Semana Mundial do Aleitamento Materno é de responsabilidade da Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (Ibfan). A Ibfan aponta que, embora a amamentação não esteja entre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), é impossível pensar no cumprimento de muitos deles sem o aleitamento materno.

Segundo o Ibfan, “o leite materno é o alimento mais acessível, seguro, completo e oportuno para bebês e crianças pequenas em qualquer situação socioeconômica, em qualquer lugar do mundo. Dessa forma, o aleitamento materno cabe praticamente em cada um dos objetivos, de forma direta ou indireta, pois, para que haja a erradicação da pobreza, é crucial a garantia do direito humano à alimentação adequada”.

“A amamentação tem inúmeras vantagens relacionadas ao tema sustentabilidade”, explica Marcia Del Castanhel, coordenadora do Comitê Municipal de Aleitamento Materno de Florianópolis, sobre o tema da Semana em 2016. “A amamentação é ecológica, pois ajuda a reduzir o consumo do leite de vaca, uso de plásticos e embalagens, prevenção e erradicação da fome e da violência. São muitos os benefícios para a sociedade que apoia a amamentação”, salienta.

A coordenadora destaca o papel do Brasil nas pesquisas e políticas públicas referentes ao apoio à amamentação. Ela indica dados levantados pelo pesquisador da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Cesar Gomes Victora, que  publicou, em janeiro deste ano, dois artigos na revista britânica The Lancet sobre as tendências de indicadores de amamentação no mundo, os benefícios da amamentação, a importância das intervenções para estimular sua realização e duração, bem como os desafios para a promoção desse comportamento saudável.

Victoria compara o leite materno a um “medicamento personalizado”, com diversas vantagens nutricionais, imunológicas, econômicas e ambientais. Em seus estudos, descobriu que as mortes de 823 mil crianças e 20 mil mães poderiam ser evitadas a cada ano com a universalização da amamentação, tendo como benefício adicional uma economia de 300 bilhões de dólares. Os artigos traduzidos para o português foram publicados pela revista A Epidemiologia e Serviços de Saúde, do Sistema Único de Saúde (SUS), e podem ser acessados aqui e aqui.

Amamentação na UFSC

Flávia Genovez Scoz, mestranda em Literatura, amamenta a filha Ana Liz, de 11 meses, na feirinha da UFSC. (Foto: Pipo Quint/Agecom/UFSC)

A secretária de Ações Afirmativas e Diversidades (Saad), Francis Tourinho, destaca que a UFSC, por meio do HU e do Centro de Ciências da Saúde (CCS), já atua fortemente no apoio ao aleitamento, e esse incentivo deve aumentar em breve, com a criação de uma sala de amamentação na UFSC. “Neste ano, em novembro, acontece o Encontro Nacional de Aleitamento Materno na UFSC, e queremos lançar, durante o evento, a primeira sala de amamentação da Universidade. Estamos buscando informações para montar esse espaço e para que ele seja de acolhimento às mães da UFSC. Existem normas e melhores práticas sobre isso, e estamos consultando especialistas de dentro e fora da Universidade para que seja um espaço ideal”, salienta a secretária.

Segundo Evanguelia Kotzias Atherino dos Santos, professora do Departamento de Enfermagem e presidente do Encontro Nacional de Aleitamento Materno, a sala de apoio à mulher trabalhadora e estudante que amamenta já é realidade em algumas universidades. Em Santa Catarina, foram implantadas na Eletrosul e na Maternidade Darci Vargas de Joinville. “Não é uma sala para a mulher amamentar privativamente. A mãe pode amamentar onde quiser. É um espaço para a mulher fazer a coleta do leite materno depois que volta ao trabalho ou aos estudos. Muitas mulheres fazem isso no banheiro, e não é apropriado e nem confortável”, explica Evanguelia.

A pesquisa de Vanessa Martinhago Borges Fernandes, que concluiu seu mestrado em 2015 na UFSC, aponta que a visão dos gestores em relação às salas e às políticas de apoio à amamentação são limitadas. Foram entrevistados 20 gestores de empresas públicas e privadas sobre o tema. A dissertação está disponível aqui.

A UFSC também conta com a Central de Incentivo ao Aleitamento Materno (Ciam), localizada na Maternidade do HU. A Ciam é um dos centros de referência em amamentação de Santa Catarina e oferece cursos e atendimento individual, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Entre os serviços disponíveis estão orientações quanto à pega correta, saúde do seio, cuidados e ordenha. A Ciam também promove anualmente um curso de Manejo e Promoção do Aleitamento Materno para os estudantes e profissionais da UFSC que atendem a mulher e o bebê. Esse curso também é extensível às unidades básicas de saúde da Prefeitura de Florianópolis e do Estado de Santa Catarina.

Leia mais:

Mães da UFSC falam sobre sua experiência com a amamentação

UFSC Explica: Amamentação

 

Fonte: Notícias da UFSC

Mayra Cajueiro Warren
Jornalista da Agecom/UFSC
(48) 3721-9601

O espectro das imagens duplicadas

26/07/2016 15:36

A microbiologista Elisabeth Bik, pesquisadora da Escola de Medicina da Universidade Stanford, BoasPraticas_245 (1)aEstados Unidos, passou dois anos analisando imagens de testes western blot, método usado na biologia molecular para identificar proteínas, divulgadas em 20.621 artigos da área biomédica publicados em 40 revistas científicas entre 1995 e 2014. Ela encontrou uma taxa elevada de problemas: havia imagens duplicadas em 782 papers, 3,8% do total. Em 230 artigos, as imagens simplesmente apareciam duas vezes no mesmo manuscrito para ilustrar experimentos diferentes, um sinal, segundo Elisabeth, de que podem ter sido duplicadas por erro, sem má-fé. Nos demais casos, há indícios de manipulação deliberada. Em 356 artigos, algumas imagens duplicadas estavam reposicionadas ou então invertidas. E em 196 papers havia evidências claras de fraude, como a colagem de uma mesma “banda” de um teste de western blot em várias imagens, como se fosse um carimbo cuja estampa se repete.

Os resultados da análise foram divulgados num texto no bioRxiv, repositório com manuscritos do campo das ciências da vida ainda não publicados em revistas. O trabalho de Elisabeth Bik foi artesanal. Primeiro, ela olhava cada artigo em busca de sinais de duplicações. Quando encontrava uma situação suspeita, submetia as imagens a um software em que podia ajustar o contraste em busca de evidências de manipulação. Sempre que aparecia alguma imagem problemática, dois pesquisadores que trabalharam com Elisabeth, Arturo Casadevall e Ferric Fang, verificavam a suspeita. Na época em que a análise foi feita, nenhum dos artigos com problema havia sido retratado. Elisabeth Bik tomou a decisão de avisar os editores das publicações sobre o que encontrou – foram mais de 700 relatórios enviados a revistas. Também escreveu para 10 instituições em que houve problemas recorrentes, com o registro de ao menos três papers de um mesmo grupo de pesquisa com imagens duplicadas. O saldo dessa iniciativa, segundo ela, foram seis artigos retratados e outros 60 corrigidos.

O estudo mostra que publicações mais cuidadosas conseguem prevenir a publicação depapers com adulterações. O Journal of Cell Biology, que desde 2002 escaneia as imagens de papers submetidos em busca de duplicações, só teve 0,3% dos artigos questionados. Já no International Journal of Oncology, havia problemas em 12% dospapers. Três países se destacaram entre os artigos suspeitos. Papers de pesquisadores da Índia exibiram probabilidade 1,93 vez maior de conter imagens duplicadas do que seria esperado pela frequência de publicação. Em seguida, aparecem a China, com uma probabilidade 1,89 vez maior, e Taiwan, com 1,20.

Fonte: Revista Pesquisa FAPESP

Boletim Caisan: Julho/2016

26/07/2016 15:30

Municípios podem fazer adesão ao Sisan pela internet

Ferramenta online AdeSAN agiliza processo de inscrição das prefeituras e validação das Caisans e Conseas nacional e estaduais
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Saiba como ler os rótulos de alimentos industrializados

As informações nutricionais detalham a quantidade de ingredientes e produtos químicos presentes no alimento.
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Abertas as inscrições para a IV Mostra de Alimentação e Nutrição do SUS

Interessados podem inscrever seus trabalhos e fotografias até dia 5 de agosto, pela internet.
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Ministério da Saúde passa a comprar e oferecer apenas alimentos saudáveis

O texto cria diretrizes para a promoção da alimentação saudável e adequada nas unidades do Ministério da Saúde de todo o país.
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Ministério da Saúde passa a comprar e oferecer apenas alimentos saudáveis

O texto cria diretrizes para a promoção da alimentação saudável e adequada nas unidades do Ministério da Saúde de todo o país.
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Abertas as inscrições para a IV Mostra de Experiências de Alimentação e Nutrição no Sistema Único de Saúde

20/07/2016 13:00

A Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN), em parceria com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), e a Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), realizará a IV Mostra de Experiências em Alimentação e Nutrição no SUS no dia 26 de outubro de 2016, durante o CONBRAN 2016 – XXIV Congresso Brasileiro de Nutrição, em Porto Alegre – RS

A IV Mostra tem o objetivo de identificar, valorizar e divulgar as ações exitosas que apontam caminhos possíveis para concretização do propósito da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN): a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição.

Poderão ser inscritos para participar da IV Mostra trabalhos e fotografias que relatem experiências de ações de alimentação e nutrição no âmbito do SUS. Serão aceitos relatos de experiência com relação a quatro eixos temáticos:

·         Atenção Nutricional no Sistema Único de Saúde;

·         Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição;

·         Formação Profissional e Educação Permanente; e

·         A interface da Saúde em Todas as Políticas.

As inscrições dos trabalhos deverão ser feitas até dia 05 de agosto somente pela internet no link http://www.conbran.com.br/mostra.php , conforme especificações do Regulamento.

Será realizado um processo próprio de inscrição e seleção para participação na IV Mostra de Experiências de Alimentação e Nutrição no SUS. Desse modo, esclarecemos que a IV Mostra ocorrerá durante o XXIV CONBRAN, mas a participação na mesma não estará vinculada à inscrição e participação no Congresso. Isso significa que a inscrição na IV Mostra não dará direito automático de participação no XXIV CONBRAN.

Ainda, os trabalhos já inscritos no XXIV CONBRAN poderão participar da IV Mostra desde que façam inscrição na mesma.

Divulgue aos seus contatos e compartilhe sua experiência!

Maiores informações pelo e-mail ivmostra.nutricao@gmail.com

Comissão Organizadora da IV Mostra de Experiências de Alimentação e Nutrição no SUS

Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN)

Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS)

Ministério da Saúde (MS)

Notificação dos açúcares de adição em rótulos de alimentos industrializados comercializados no Brasil

20/07/2016 12:49

Esta pesquisa foi realizada no Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGN) no âmbito do Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições (NUPPRE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É resultado da dissertação de mestrado defendida pela nutricionista Tailane Scapin, em julho de 2016, sob a orientação da professora Rossana Pacheco da Costa Proença em parceria com a professora substituta Ana Carolina Fernandes. O estudo foi apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por meio da concessão de bolsa de mestrado à aluna.

A dissertação está inserida em um projeto amplo sobre rotulagem de alimentos que conta com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

A presente pesquisa teve como objetivo investigar como os açúcares de adição são notificados na lista de ingredientes dos rótulos de alimentos industrializados disponíveis para venda em um supermercado pertencente a uma das dez maiores redes de supermercados do Brasil. Os açúcares de adição são açúcares e xaropes adicionados aos alimentos e bebidas durante o processamento industrial, a preparação culinária ou à mesa. Além dos açúcares de adição em si, os alimentos podem apresentar ingredientes passíveis de contê-los (IPAA), definidos como aqueles que, devido à composição conhecida ou à característica doce, podem apresentar açúcares de adição em sua formulação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a limitação no consumo dos açúcares de adição para não mais que 10% das calorias totais diárias em virtude das evidências da relação entre o consumo excessivo desses açúcares de adição e prejuízos à saúde. Contudo, não há declaração quantitativa dos açúcares de adição na informação nutricional dos rótulos, sendo a lista de ingredientes a única forma de identificação da presença desses açúcares nos alimentos industrializados.

Foram analisados 4539 alimentos industrializados, dos quais 70% apresentavam açúcares de adição ou Ingredientes passíveis de contê-los (IPAA) em sua composição. Houve a identificação de 262 nomenclaturas diferentes para se referir aos açúcares de adição ou IPAA. Os tipos de açúcares de adição mais frequentes foram açúcar, seguido de maltodextrina e xarope de glicose. Os IPAA mais frequentes foram gelatina, chocolate e polpa de tomate.

Os alimentos incluídos na pesquisa foram divididos segundo os grupos de alimentos propostos pela legislação brasileira, resolução RDC nº 359 de 2003 da ANVISA. Em sete dos oito grupos alimentares constantes na legislação, houve a presença de açúcares de adição em mais da metade dos alimentos que compunham cada grupo. O grupo VII, dos açúcares e produtos com energia proveniente de carboidratos e gorduras, foi o que apresentou maior prevalência de alimentos com açúcares de adição. Conforme esperado, quase a totalidade dos alimentos desse grupo (92%), que inclui biscoitos doces, bolos, geleias e chocolate, apresentou açúcares de adição. Porém, também houve prevalência elevada de alimentos com açúcares de adição em grupos de alimentos de sabor predominantemente salgado, como os grupos II – verduras, hortaliças e conservas vegetais (58%), V – carnes e ovos (60%) e VIII – molhos, temperos prontos, caldos, sopas e pratos preparados (61%). O grupo IV, de leite e derivados, também apresentou elevada prevalência de alimentos contendo açúcares de adição, equivalente a 63,5%.

Assim, este estudo evidencia que a maioria dos alimentos industrializados disponíveis para venda no Brasil contém açúcares de adição ou IPAA em sua composição, que pode dificultar o seguimento das recomendações de limitação do consumo propostas pela Organização Mundial da Saúde. Além disso, a variedade de nomenclaturas pode levar os consumidores a ingerir os açúcares de adição sem conhecimento, mesmo que consultem a lista de ingredientes. Tal consequência pode ocorrer em, no mínimo, duas situações. A primeira é a utilização de denominações de ingredientes utilizando termos de difícil compreensão, como a maltodextrina, e a identificação como sendo açúcares de adição. A segunda situação é a dificuldade de identificação da presença de ingredientes passíveis de conter açúcares de adição, como, por exemplo, a polpa de tomate. Nesse contexto, sugere-se a revisão da legislação brasileira de rotulagem de alimentos em dois aspectos. Primeiro, tornando obrigatória a declaração quantitativa dos açúcares de adição na tabela de informações nutricional, para facilitar a identificação e a quantificação dos açúcares de adição pelos consumidores. Segundo, estabelecendo regras mais claras quanto à padronização das nomenclaturas dos ingredientes na lista dos rótulos.

Contatos: Tailane Scapin (tailane.ntr@gmail.com)

Ana Carolina Fernandes (anacarolinafernandes@gmail.com)

Rossana Pacheco da Costa Proença (rossana.costa@ufsc.br)

Documento em PDF: Nota de Imprensa – Dissertação NUPPRE PPGN UFSC Tailane Scapin 2016

Informação Nutricional Complementar em rótulos de alimentos industrializados direcionados a crianças

20/07/2016 12:43

A Informação Nutricional Complementar (INC) é um tipo de alegação utilizada nos rótulos para destacar propriedades nutricionais específicas dos alimentos, como por exemplo, o acréscimo de vitaminas ou a redução do teor sódio. Entretanto, a INC não significa que o alimento tem boa qualidade nutricional. Autores discutem se a INC tem o potencial de levar os consumidores a perceberem os alimentos como mais saudáveis do que realmente são. Essa possibilidade se torna ainda mais preocupante quando se considera a presença de INC em alimentos industrializados direcionados a crianças. Tais alimentos estão entre os mais consumidos nessa faixa etária, no qual também é crescente a prevalência de sobrepeso e obesidade.

Diante disso, analisar questões relacionadas à presença de INC nos rótulos de alimentos direcionados a crianças foi o objetivo da tese de doutorado defendida pela nutricionista Vanessa Mello Rodrigues, em julho de 2016, sob orientação da professora do departamento de Nutrição, Giovanna Medeiros Rataichesck Fiates. A pesquisa foi realizada no Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGN) e no Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições (NUPPRE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com parceria da professora Rossana Pacheco da Costa Proença e apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por meio da concessão de bolsa de doutorado.

A tese foi desenvolvida em três etapas. A fase inicial investigou a disponibilidade de alimentos direcionados a crianças em um supermercado de Florianópolis, identificou as INC nos rótulos e comparou a composição nutricional entre alimentos com e sem INC. Entre os 5620 alimentos que compuseram o banco de dados, cerca de 10% (535) tinham estratégias de marketing direcionadas a crianças (ex. personagens de desenhos animados, passatempos, brindes) e constituíram a amostra. Mais da metade dos alimentos direcionados a crianças (56,1%) pertencia ao grupo que inclui achocolatados, biscoitos doces recheados, balas, refrigerantes e salgadinhos. Aproximadamente metade dos alimentos avaliados (50,5%) apresentava no mínimo uma INC no rótulo. Os alimentos com INC apresentaram composição nutricional semelhante aos alimentos sem INC para a maioria dos itens avaliados, com exceção do sódio. Alimentos com INC apresentaram maior conteúdo de sódio que alimentos sem INC.

A segunda etapa da pesquisa avaliou a qualidade nutricional dos alimentos com INC nos rótulos direcionados a crianças utilizando duas abordagens diferentes: por perfil nutricional e por nível de processamento. Para avaliação do perfil nutricional foi utilizado o modelo UK Ofcom Nutrient Profiling, que regula a publicidade de alimentos e bebidas direcionados a crianças na televisão do Reino Unido e está sendo implantando nas legislações sobre rotulagem da Irlanda, Austrália e Nova Zelândia. Os alimentos foram classificados em “mais saudáveis” e “menos saudáveis” com base em um escore ponderado relativo ao conteúdo de nutrientes e ingredientes por 100 g de um alimento ou bebida. Para avaliar os alimentos com base no seu nível de processamento, foram utilizadas as recomendações publicadas em novembro de 2014, na 2ª edição do Guia alimentar para a população brasileira. Alimentos in natura e minimamente processados foram considerados “mais saudáveis”, enquanto alimentos processados e ultraprocessados foram classificados como “menos saudáveis”. Após as análises, o modelo baseado no nível de processamento categorizou mais alimentos com INC como „menos saudáveis‟ (96%) do que o modelo por perfil nutricional (74%). Entretanto, independentemente do modelo utilizado, pelo menos 3/4 dos alimentos direcionados a crianças com INC foram classificados como „menos saudáveis‟.

Destaca-se que Vanessa realizou um estágio de doutorado sanduíche na Universidade de Oxford, Inglaterra, com o grupo coordenado pelo criador do modelo UK/Ofcom Nutrient Profiling, prof. Mike Rayner, buscando discutir a aplicabilidade desse modelo aos alimentos comercializados no Brasil. O estágio foi realizado entre janeiro e setembro de 2015, com bolsa do Programa Ciência Sem Fronteiras do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A etapa final do trabalho buscou investigar a percepção de pais sobre alimentos ultraprocessados com INC nos rótulos direcionados a crianças e se essas alegações poderiam influenciar nas suas escolhas. Foram realizadas entrevistas presenciais com pais de crianças entre 7 e 10 anos. Embalagens de alimentos ultraprocessados com estratégias de marketing para crianças e INC nos rótulos foram utilizadas para orientar a condução das entrevistas. De acordo com os resultados, apenas alguns pais referiram que não se influenciariam pelas alegações nos rótulos, por avaliarem que esses destaques não melhoravam a baixa qualidade nutricional dos alimentos. Por outro lado, apesar de reconhecerem os alimentos ultraprocessados direcionados a crianças como pouco saudáveis, a presença da alegação nutricional pareceu funcionar para alguns pais como mais um estímulo para aquisição tais alimentos, juntamente com a praticidade e boa aceitação dos filhos.

O Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078 de 11 de Setembro de 1990, em seu artigo 37, dispõe que é proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. Define como enganosa, entre outras questões, “qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, capaz de induzir ao erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços”. Além disso, como abusiva, “publicidade discriminatória de qualquer natureza, que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança”. Portanto, a pesquisadora ressalta que o destaque de atributos considerados positivos nos rótulos de alimentos avaliados como não saudáveis tanto pelo parâmetro nacional, baseado no nível de processamento, quanto por um parâmetro internacional, baseado no perfil nutricional, constitui publicidade enganosa e abusiva e deve ser proibido.

A partir dos resultados obtidos na tese, espera-se iniciar a discussão sobre restrições ao uso de INC em alimentos pouco saudáveis. Essas medidas buscam evitar más interpretações que possam promover escolhas pouco saudáveis e contribuir com a proteção à saúde das pessoas, especialmente das crianças, população vulnerável aos efeitos do marketing de alimentos.

CONTATOS:

Vanessa Mello Rodrigues (v.mellorodrigues@yahoo.com.br)

Prof.ª Giovanna Medeiros Rataichesck Fiates (giovanna.fiates@ufsc.br)

Prof.ª Rossana Pacheco da Costa Proença (rossana.costa@ufsc.br)

PPGN/UFSC – http://www.ppgn.ufsc.br/

NUPPRE – http://nuppre.ufsc.br/

Documento em PDF: Nota de imprensa tese PPGN NUPPRE UFSC Vanessa Mello Rodrigues 2016

Pesquisadoras da UFSC incentivam a prática culinária por meio de oficinas‏

20/07/2016 12:29

É comum que nos dias de hoje jovens universitários não tenham o hábito de cozinhar. Condições financeiras, falta de equipamentos e utensílios, de tempo, de habilidades ou insegurança na cozinha são barreiras que impedem os estudantes de preparar suas refeições. Além disso, estudos mostram uma mudança nos hábitos alimentares de jovens que saem da casa dos pais ao entrar na faculdade, pois passam a fazer refeições com baixo valor nutricional, principalmente comidas industrializadas, prejudiciais pelo excesso de açúcar, sódio, gordura e conservantes.

Oficina no dia 27 de junho no Laboratório de Técnica Dietética, CCS. Foto: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC

Com o objetivo de incentivar a prática culinária e ensinar técnicas de cozinha aos estudantes que moram sozinhos, as doutorandas do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC, Greyce Luci Bernardo e Manuela Mika Jomori, com orientação da professora Rossana Pacheco da Costa Proença, conduziram oficinas de culinária com alunos da Universidade. O projeto é parte da tese de Greyce que, por meio das oficinas, pretende melhorar as práticas alimentares dos estudantes e avaliar a influência da intervenção no costume de cozinhar e consumir alimentos saudáveis.

Greyce relata a necessidade de pesquisar mais sobre essa relação. “Existem alguns programas de intervenção com oficinas culinárias, mas que não trabalham com os conceitos da culinária e nutrição. Não existe ainda estudo aprofundado de que a realização dessas oficinas irá trazer efeito com relação à saúde em determinado público, principalmente a longo prazo, como iremos avaliar”. O projeto tem parceria da professora Margareth Condrasky, que há mais de 20 anos coordena o projeto “Cooking with chefs” na Universidade de Clemson, nos Estados Unidos, onde Greyce fez doutorado-sanduíche pela Capes. A tese de Manuela envolve a tradução, adaptação e validação do questionário utilizado para analisar as habilidades culinárias que, aqui no Brasil, foi respondido por 850 alunos ingressantes no segundo semestre de 2015.

O principal desafio foi adaptar as oficinas à cultura brasileira, uma vez que a comida, o modo de cozinhar e até mesmo as receitas estadunidenses são diferentes. Além disso, a duração das oficinas foi estendida para suprir a necessidade de ensinar aos alunos técnicas básicas de culinária que facilitam o preparo diário das refeições e ajudam a conservação dos alimentos.

Uma participante relata que as oficinas ajudaram a selecionar melhor os alimentos que consome. “Eu já cozinho faz algum tempo, mas passei a prestar atenção em coisas que eu achava que não tinha tanta necessidade, na escolha dos alimentos, principalmente as saladas e outras opções para complementar minha alimentação”, diz Bruna Cardozo de Campos. Outro participante afirma que as oficinas ajudaram a criar confiança na hora de cozinhar. “Eu estou há seis meses morando sozinho e era um desastre na cozinha. Hoje eu já consigo fazer um bife” – diz Luiz Fernando Martins Pastuch.

Bruno Rosa Ramos/Estagiário de Jornalismo Científico/Agecom/UFSC

Fonte: Notícias UFSC

Eating healthier in the US restaurants

20/07/2016 12:12

Edito 
(A. Jones-Mueller)
Extract : ” America is in an exciting era of change focused on health, well-being and “doing good” – and the nation’s restaurants and chefs are playing a leading role by rising to the opportunity of creating enticing menu items with health and taste in mind […]. Increasing produce in restaurant meals has been a longstanding goal of the Healthy Dining and Kids LiveWell programs […].
[They] provide a proactive foundation for restaurants to demonstrate their culinary creativity and social responsibility regarding public health priorities. […] The following research studies are excellent demonstrations of how researchers can provide convincing evidence for the restaurant industry to continue to add produce to menus – and ultimately improve the health of our nation, the world – and future generations”.

Article 1 : Choose Health LA Restaurants: a voluntary restaurant recognition program
(LN. Gase, C. Montes and T. Kuo)
Extract : ” Results suggest that participation in the Choose Health LA Restaurants program resulted in restaurants making changes to their primary and children’s menus. The majority of restaurants (12 brands) made at least some changes to increase the availability of reduced-size portions and/or modify the items available on their children’s menu. Results support restaurant compliance with program criteria and menu improvements, even though they are voluntary, representing an important first step toward implementing this strategy in the retail environment…”

Article 2 : Beyond chicken fingers and french fries: new evidence in favor of healthier kids’ menus
(S. Anzman-Frasca, H. Angstrom, V. Lynskey and C. Economos)
Extract : ” The result […] was a win-win for customers and the restaurant chain: orders of healthier items increased, and restaurant revenue continued to grow. After the menu changes, nearly half (46%) of children’s entrées ordered were from the healthier kids’ meal options, versus a mere 3% of entrées ordered before the changes. The proportion of kids’ meal orders that included at least one healthy side also increased dramatically—from 26% before the changes to 70% after…”

Article 3 : Working with restaurant managers and owners to improve children’s menus: A Best Food for Families, Infants, and Toddlers (Best Food FITS) intervention
(S. Hurd-Crixell, BJ. Friedman and D. Fisher)
Extract : ” Meals consumed away from home may contribute to childhood obesity, as they often include sugar-sweetened beverages, and lack the lower-calorie, nutrient-rich fruit and vegetables found more frequently in home-cooked meals. While some interventions have attempted to improve restaurant menus, when we began this study in 2010, none had targeted children’s menus. The goal of our study was to seek voluntary assistance of restaurant managers and owners in San Marcos, Texas, to improve children’s menus by removing sugar-sweetened beverages, adding fruit and vegetables, and replacing at least some energy dense entrées. In particular, replacing sugar-sweetened beverages with water may be a promising strategy to reduce obesity risk…”

Artigos em PDF

UFSC é a terceira melhor federal brasileira em ranking de universidades latino-americanas

13/07/2016 10:29

O Times Higher Education World University Rankings (THE World University Rankings) publicou o resultado do primeiro Latin America University Rankings, que classifica as 50 melhores universidades latino-americanas. A UFSC ocupa a terceira posição entre as universidades federais brasileiras e a 12ª posição no geral.

O ranking-piloto da América Latina é baseado nos mesmos critérios do THE World University Rankings, porém com modificações para valorizar as características das universidades da região. Foram utilizados 13 critérios para avaliar as universidades, com indicadores de desempenho individuais, em todas as suas atividades: ensino, pesquisa, transferência de conhecimento e perspectiva internacional.

As categorias têm os seguintes pesos: “Ensino” (36%), considerando-se o ambiente de ensino; “Pesquisa” (34%), levando-se em conta volume, recursos e reputação; “Citações” (20%), o impacto da pesquisa; “Visão Internacional” (7,5%), que inclui o corpo docente, estudantes e pesquisa; e “Recursos Provenientes das Indústrias” (2,5%), transferência de conhecimento.

O Brasil foi o país com mais instituições entre os sete que figuram na lista: 23 universidades estão entre as melhores da América Latina – 12 federais, seis estaduais e cinco privadas. O Chile é o segundo mais representado, com 11 instituições, seguido pelo México, com oito. Colômbia, Venezuela, Peru e Costa Rica também apresentam universidades no ranking.

A UFSC ficou com o primeiro lugar, entre as federais, em “Recursos Provenientes da Indústria”; a segunda posição no Brasil. O THE explica a categoria como sendo a capacidade de ajudar a indústria com inovações, invenções e consultoria, o que se tornou missão fundamental da universidade global contemporânea. Essa categoria procura traduzir a transferência de conhecimento analisando quanto em recursos de pesquisa uma instituição recebe da indústria (em conformidade com as parcerias público-privadas), em proporção ao corpo docente empregado. A categoria aponta quanto as empresas estão dispostas a investir em pesquisa e a capacidade da universidade de atrair investimentos no mercado comercial – indicadores valiosos da qualidade institucional.

Entre as universidades federais brasileiras, a UFSC ficou em segundo lugar em “Visão Internacional” e terceiro nas categorias “Ensino”, “Pesquisa” e “Citações”. “Os resultados demonstram, de forma inequívoca, a importância das relações da UFSC com o setor produtivo, quando apontam nossa instituição como a segunda neste quesito. Igualmente temos que destacar nosso protagonismo como ambiente de pesquisa, pela qualidade de nossos docentes, técnicos e estudantes. Mais uma vez a UFSC é reconhecida como uma das melhores Universidades do país e da América Latina”, afirma o reitor Luis Carlos Cancellier.

Fonte: Notícias da UFSC