Certificação de produtos orgânicos no Brasil é bem avaliada

30/03/2017 13:21

Enquanto país vive crise com a Operação Carne Fraca, plantio de alimentos orgânicos cresce e modelos de fiscalização são considerados eficientes pela Associação Brasileira de Agroecologia

 Em meio a polêmica envolvendo a qualidade da carne no Brasil, a fiscalização dos produtos orgânicos é, em geral, bem avaliada, mesmo com o grande aumento da área plantada registrado nos últimos três anos.

A regulamentação da agricultura orgânica no país é recente. Foi iniciada apenas em 2003, com a Lei de Produção Orgânica (nº 10.831), seguida pelas regras de certificação e fiscalização estabelecidas no Decreto presidencial nº 6.323, de 2007. Poucos anos depois, em 2011, foi criado o Selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SisOrg).

Desde então, há dois modelos de certificação em vigor no Brasil: por auditoria e pelo sistema participativo. No primeiro, a certificação é realizada por uma empresa credenciada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No segundo modelo, a certificação é feita por meio de um Organismo Participativo de Avaliação de Conformidade (Opac), formado por agricultores, consumidores, comerciantes e organizações públicas ou privadas que atuam na produção orgânica. Igualmente credenciado no ministério, o Opac se caracteriza pelo controle social exercido pelos membros do grupo, com o intuito de fortalecer a garantia de que os produtos orgânicos estejam adequados para a comercialização.

“A partir do cadastro dos produtores no Ministério da Agricultura, o acompanhamento na certificação se dá desde o plantio até a chegada ao consumidor final”, explica a agrônoma Inês Claudete Burg, vice-presidente Regional Sul da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA). “Ao ministério cabe a fiscalização do trabalho das certificadoras, tanto nas empresas por auditagem como nos Opacs.  Visitas periódicas são feitas ao agricultor após a certificação inicial para verificar o cumprimento das normas”, afirma Inês.

Ao contrário dos alimentos vendidos nos mercados, onde o selo Orgânico Brasil concedido tanto pelas empresas de auditoria quanto pelos Opacs é obrigatório, nas 600 feiras de venda direta ao consumidor existentes no país o selo não é exigido. Nesse caso, a comprovação ocorre por meio de uma declaração de cadastro de conformidade orgânica, concedida pelo Ministério da Agricultura, e que deve estar disponível para a verificação do cliente. Para conseguir a declaração, os agricultores também precisam ser vinculados a uma Organização de Controle Social (OCS).

“A fiscalização está funcionando bem e ocorrem auditorias sistemáticas por parte do ministério. São realizadas duas por ano, no campo de produção, na sede da unidade de produção, bem como em feiras, lojas e supermercados. Portanto, a princípio, o aumento do número de unidades de produção não representa riscos. Mas é óbvio que deve haver continuidade nas políticas públicas de apoio a assistência técnica, custeio e investimentos, bem como na contratação de fiscais que atuam pelo ministério”, analisa Inês Burg.

A vice-presidenta regional Sul da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) pondera que os estabelecimentos comerciais que anunciam o uso de alimentos orgânicos, como restaurantes, bares e hotéis, devem identificar em lista o nome do produtor ou fornecedor, assim como dos ingredientes utilizados, e colocar à disposição dos consumidores e da fiscalização. “As certificadoras credenciadas no Ministério da Agricultura são responsáveis pela avaliação, acompanhamento e fiscalização da produção. São elas que darão as garantias da conformidade orgânica. Certificadoras e produtores não adequados à legislação são passíveis de multas e descredenciamento junto ao ministério”, aponta a agrônoma.

O olhar do consumidor

Especialista em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), Suiá Kafure da Rocha acredita que o próprio consumidor tem papel importante no controle dos produtos orgânicos. Como exemplo de ação possível, ela lembra que o cliente das feiras pode exigir ver o certificado do produtor na banca e checar sua validade. Para quem compra em mercados, ela observa a importância de conferir se o selo exposto é o oficial Orgânico Brasil. E para quem tiver disponibilidade, Suiá da Rocha sugere ir na propriedade do agricultor ou mesmo conversar com outros produtores. “Aqueles que estão realmente interessados em vender produtos orgânicos denunciam os que não estão. Eles também se fiscalizam entre eles”, afirma.

Ela cita que em Santa Catarina há um programa de monitoramento que detecta apenas 5% de fraude. “Então, você pode realmente confiar”, avalia, destacando haver punições para quem comercializa de forma irregular, como perda do certificado, exclusão do cadastro nacional de produtores de orgânicos e multas.

Apesar do controle e dos diferentes modelos de certificação e fiscalização, a especialista em políticas públicas da Sead considera “uma injustiça” o pequeno agricultor ter que provar que cultiva alimento orgânico enquanto o produtor que usa agrotóxico não tem a obrigação de explicar nada. “Há uma grande inversão de valores, há uma injustiça evidente”, critica Suiá da Rocha. “Se fosse o contrário, seria muito melhor, quem produz com agrotóxico ser obrigado a informar.”

Ela inclusive lamenta que até o selo de produtos transgênicos estejam querendo retirar das embalagens, ao lembrar do projeto de lei de autoria do deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), aprovado pela Câmara em 2015 e, desde então, em análise no Senado.

Fonte: Rede Brasil Atual

Pesquisa capixaba aponta agrotóxico em peixes e até em vinhos

30/03/2017 13:15

Foram analisados 150 rótulos nacionais e internacionais e vinhos, além de 80 amostras de tilápia de todo o país

Uma pesquisa realizada no Espírito Santo com produtos de todo o Brasil e até do exterior mostrou a presença de agrotóxicos acima do permitido em vinhos e até mesmo em peixes. Segundo o estudo, coordenado pelo professor doutor Rodrigo Scherer, da UVV, cerca de 15% das amostras de vinhos coletadas e 5% das amostras de peixes estavam contaminadas.

VINHOS

Os pesquisadores analisaram mais de 150 rótulos de vinhos tintos do Uruguai, Argentina, Chile e Brasil, incluindo dois rótulos de vinhos de Santa Teresa no Espírito Santo.

Mais de 15% das amostras de vinhos apresentaram presença de pelo menos um agrotóxico. Os principais produtos encontrados foram ditiocarbamatos, e o mais preocupante, elevados índices de azoxitrombina (913 µg/L), um fungicida de classificação toxicológica classe III (mediamente tóxico), que é utilizado no cultivo das uvas.

Ainda segundo o estudo, não existe limite de resíduos de agrotóxicos no vinho, apenas nas uvas. Neste caso, o limite é de 500 µg/kg. Importante ressaltar que os vinhos Brasileiros foram os mais contaminados, entretanto, os vinhos de Santa Teresa (Cantina Mattielo e Tabocas) não apresentaram nenhum resíduo de agrotóxico.

PEIXES

O estudo analisou 80 amostras de tilápias coletadas nos principais polos produtores do Brasil. Os resultados mostraram que 5% das amostras apresentaram agrotóxico, com valores entre 100 e 240 µg/kg de piraclostrobina, que é um fungicida classificado como altamente tóxico pela OMS. “Apesar de 5% ser uma quantidade pequena, agrotóxicos Classe II de toxicidade são muito perigosos para saúde, e isso nos deixa preocupados”, escreveu o professor no relatório.

VEGETAIS

Além do peixe e do vinho, mais de 200 amostras de vegetais foram coletadas no CEASA-ES, incluindo morango, abobrinha, mamão, tomate, couve, pepino entre outras.

Em resumo, a pesquisa revelou que as amostras de couve, tomate e mamão apresentaram os resultados mais críticos. No mamão chegou a ser encontrado a presença de quatro agrotóxicos em uma mesma amostra. Para as amostras de tomate, foram encontrados dois agrotóxicos, um deles não autorizado e outro em quantidade 10 vezes maior que o permitido.

Na couve foi encontrado o agrotóxico profenofós em níveis exorbitantes, chegando a 3360 µg/kg. O profenofós, apesar de proibido para cultura da couve, é permitido em outras culturas como repolho, cujo valor máximo que poderia ser encontrado é de 50 µg/kg, ou seja, chegando a mais de 60 vezes a quantidade permitida.

O profenofós é um inseticida muito utilizado no controle de pragas, mas em altas concentrações, é tóxico também em seres humanos. Há relatos de que podem ser fatais em caso de intoxicação.

Fonte: Gazeta Online

Atrasado, Censo Agropecuário corta questões relacionadas à agricultura familiar

30/03/2017 13:09

Diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE afirma que perguntas sobre agrotóxicos foram retiradas

O questionário do Censo Agropecuário 2017, que deve ser realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em outubro deste ano, cortará questões relacionadas à agricultura familiar. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do instituto (ASSIBGE) afirma que a modificação prejudicará séries históricas de dados. A pesquisa estava originalmente prevista para 2015.

“Nós tivemos acesso ao questionário. Há uma redução brutal do tamanho do questionário em relação ao feito em 2007, com referência a 2006”, diz o diretor da ASSIBGE Cassius de Brito.

Brito diz que questões de outras áreas também foram cortadas, mas que o redimensionamento da pesquisa “afeta principalmente as informações à respeito da agricultura familiar”. Segundo ele, perguntas sobre “agrotóxicos, valor e quantidade da produção” foram eliminadas.

Cassius defende que as mudanças prejudicam a sistematização de dados em relação ao setor primário: “Tem um impacto claro. Quebra a série histórica de algumas informações importantes”.

“O pessoal está chamando de ‘censo cadastro’. Reduziu o questionário, o número de recenseadores a serem contratados. Cortou muita coisa”, resume ele. De acordo com a assessoria de imprensa do IBGE, 80 mil recenseadores temporários foram originalmente pensados para a pesquisa. Apenas 26 mil devem ser contratados.

Segundo outras fontes do sindicato que não se identificaram, a versão preliminar do questionário teria dez páginas. Em 2007, tinha 24. O IBGE não respondeu às perguntas da reportagem em relação ao tamanho do questionário.

Cortes

De acordo com o instituto, os cortes no questionário primaram pela “exequibilidade” da pesquisa. Além da redução do questionário, outras adequações foram realizadas, como a ampliação de três para cinco meses de levantamento. A assessoria do IBGE afirma ainda que as alterações ocorrem devido ao montante do orçamento liberado para a pesquisa: R$ 505 milhões, abaixo da metade do que seria necessário.

O estabelecido para a exclusão de perguntas que está sendo seguido, segundo o instituto, é o de garantir informações básicas, de acordo com recomendações internacionais e, devido ao prazo da pesquisa, eliminar a necessidade de mais de uma visita ao mesmo estabelecimento e estabelecer a média de três locais/dia por recenseador.

Questionada se a versão preliminar do questionário prejudicava alguma área de forma especial, a assessoria de imprensa do IBGE não respondeu diretamente, afirmando que as perguntas ainda estão em discussão, em um debate que envolve outras instituições.

Fonte Revista GGN

Agricultura familiar e reforma agrária são os maiores produtores de orgânicos no Brasil

30/03/2017 12:59

Regulamentação e incentivos para o cultivo agroecológico e orgânico tiveram início em 2003. Região Sudeste é a maior produtora do país, com 333 mil hectares.

São Paulo – Agricultores familiares e assentados da reforma agrária são os dois principais grupos responsáveis pelo aumento da produção de alimentos orgânicos no Brasil, que neste ano deve ultrapassar os 750 mil hectares registrados em 2016. Segundo a Coordenação de Agroecologia (Coagre) da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no ano passado foram registradas 15,7 mil unidades com plantio orgânico no país, mais do que o dobro das 6,7 mil computadas em 2013.

“Os assentados da reforma agrária têm uma clara preferência em incentivar a produção orgânica. A ideia deles é produzir alimento com qualidade e preço acessível, não é uma visão elitista”, afirma Suiá Kafure da Rocha, especialista em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead).  Segundo ela, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está para se tornar o maior produtor de orgânicos do país, tendo como companhia a agricultura familiar. “O perfil dos agricultores familiares se encaixa com a agricultura orgânica. Junto com os assentados, são os dois pilares da revolução orgânica, é o público que mais produz.”

Criado em 2013, o Cadastro Nacional de Agricultores Orgânicos (CNPO) conta com cerca de 15 mil produtores inscritos, sendo quase 80% deles classificados como agricultores familiares. O sistema, entretanto, não permitir diferenciar quais são ligados a assentamentos da reforma agrária. “O cadastro dos produtores melhorou o acesso às informações sobre o número existente. Muitos agricultores vinham num processo de transição e adequação para a produção orgânica e agroecológica, e o aumento no número foi consequência do alcance do objetivo”, avalia a agrônoma Inês Claudete Burg, vice-presidente Regional Sul da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA).

Além dos assentados e dos agricultores familiares, completam o perfil dos produtores de alimentos orgânicos no Brasil os integrantes de ecovilas, normalmente formadas por jovens urbanos que vão para o meio rural, e a agricultura urbana e periurbana, desenvolvida por grupos que promovem hortas urbanas. Os diferentes perfis são unidos pelo desejo da alimentação saudável, combinada com uma visão de mundo comum. “Há também o discurso de voltar à terra, contra a semente transgênica e a agricultura industrializada, uma produção muito diferente do agronegócio, que é de monocultura, degrada a terra e os recursos naturais”, explica Suiá da Rocha.

De acordo com a Coagre, a região Sudeste é a que mais produz alimentos orgânicos, totalizando 333 mil hectares e 2.729 registros de produtores no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO). Na sequência estão as regiões Norte (158 mil hectares), Nordeste (118,4 mil), Centro-Oeste (101,8 mil) e Sul (37,6 mil).

As razões do crescimento

Na opinião da especialista em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), a explicação do grande aumento da produção de alimentos orgânicos no Brasil é consequência de uma série de ações, sendo a principal a preocupação com a alimentação saudável. “O principal fator é a saúde, tanto do trabalhador rural quanto dos consumidores. Do trabalhador, pelo uso de agrotóxicos; para os produtores, há esse estímulo, e os consumidores também passaram a ter uma desconfiança dos alimentos produzidos de modo tradicional e que causam uma série de doenças”, afirma Suiá da Rocha.

Para a agrônoma Inês Claudete Burg, o aumento é fruto de um longo trabalho, tanto em relação à prestação de assistência técnica especializada, como também às conquistas de políticas públicas que incentivam a produção orgânica e agroecológica. “Os consumidores de forma geral têm sido alertados da importância do consumo de alimentos produzidos em sistemas orgânicos e agroecológicos, pelos benefícios à saúde e ao meio ambiente, contribuindo assim com o aumento do consumo e da demanda na produção e diversificação da oferta”, explica a agrônoma.

A lei 10.831/2003, sancionada ainda no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, regulamenta a produção orgânica no país. A partir da lei, diversas ações começaram a ser colocadas em prática para estimular a produção de alimentos orgânicos, como a criação, em 2007, do Sistema Brasileiro de Avaliação da Agricultura Orgânica e, principalmente, a instituição da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo), em 2012, já no governo da ex-presidenta Dilma Rousseff.

No ano seguinte, o lançamento do 1º Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo 2013-2015) investiu cerca de R$ 2,5 bilhões, com 125 ações e beneficiando em torno de 600 mil agricultores. “O Plano é a concretização de muita luta e representa a articulação das diversas frentes que trabalham com a produção agroecológica e orgânica no país”, afirma a representante da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA).

Atualmente, está em execução o 2º Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, que abrangerá o período de 2016 a 2019, com programas e ações que tem como objetivo contribuir para o aumento da oferta. A meta é alcançar até um milhão de produtores agroecológicos, com assistência técnica e extensão rural.

“Os consumidores a cada dia têm mais preocupação com a qualidade de vida e uma alimentação saudável”, analisa Suiá da Rocha, destacando a relação entre oferta e demanda, responsável por existir hoje em torno de 600 feiras semanais de produtos orgânicos no país todo, além da maior entrada dos alimentos nos mercados. “Existem várias formas de comercialização, esse produto não fica parado, inclusive falta mais oferta, porque a demanda é muito grande.”

Compra garantida

Além do crescimento das feiras e do aumento das vendas nos mercados, os grandes incentivos à produção de alimento orgânico no Brasil são o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Ambos consistem em sistemas de compras institucionais do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDS) e os produtos orgânicos podem ter um acréscimo de até 30% em seu valor. O PAA é exclusivo para agricultores familiares, enquanto no Pnae esse índice é de 30%. “São programas que privilegiam a agricultura familiar e, portanto, a produção de base agroecológica”, explica Suiá da Rocha, especialista em políticas públicas e gestão governamental da Sead. “É a garantia da venda. Esses produtos vão para bancos de alimentos e pessoas com insegurança alimentar, tendo como destino creches, orfanatos, asilos, restaurantes populares.”

Apesar da importância dos dois programas no estímulo à produção de alimento orgânico no Brasil, o governo de Michel Temer efetuou um corte de 30% no orçamento de ambos para 2017, em comparação com o orçamento de 2016. “É uma pena que o PAA tenha tido um corte de 30% na lei orçamentária desse ano”, avalia Suiá da Rocha, lembrando que já havia ocorrido corte em 2015, mas o de agora foi superior. Antes de 2015, o valor investido vinha sendo maior a cada ano.

FONTE: Rede Brasil Atual

Concurso Público – Departamento de Nutrição UFMG

30/03/2017 12:55
Concurso Público para Professor Efetivo do Departamento de Nutrição da UFMG. O edital está bem aberto e pretendemos selecionar um docente, independente da área, com perfil para ingresso na Pós-graduação.
O edital foi divulgado no DOU de 20/03/2017
Mais informações nos links abaixo:

Mais que Ideias: Não se engane! A indústria está interessada no Marketing, não na Ciência.

28/03/2017 10:24

Marion Nestle é professora no Departamento de Nutrição, Estudos Alimentares e Saúde Pública da Universidade de Nova Iorque. Nestle é autora de nove livros, incluindo Política dos alimentos: Como a indústria de alimentos influencia a Nutrição e a Saúde.

Em entrevista, Nestle fala sobre como e por que a indústria de alimentos investe na ciência da nutrição.

(mais…)

Antídotos contra notícias falsas

24/03/2017 08:35

Um dos temas que movimentaram a reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, realizada em Boston em fevereiro, foi a proliferação de notícias falsas na internet. Uma palestra de Kevin Elliott, professor de ética da Universidade do Estado de Michigan, mostrou que o fenômeno, que ganhou destaque no mundo político dos Estados Unidos desde a última campanha eleitoral, é um antigo conhecido da ciência. Elliott mencionou os estudos enviesados patrocinados durante décadas pela indústria do tabaco para mascarar os efeitos deletérios do cigarro para a saúde, além de casos recentes, como a manipulação de testes de emissão de poluentes promovida pela Volkswagen, descoberta em 2015.

Um bom antídoto contra as notícias científicas falsas, segundo o pesquisador, é manter algum ceticismo quando o responsável pela pesquisa tem algum interesse direto no resultado favorável. O mais seguro, quando se deseja saber o que a ciência tem a dizer sobre um problema específico, é consultar os relatórios temáticos que sociedades científicas respeitadas costumam produzir. “Assim, evitam-se interpretações excêntricas”, afirmou Elliott.

Já a apresentação de Dominique Brossard, profressora da Universidade de Wisconsin-Madison, propôs que, na divulgação de fatos científicos, é tênue a linha que separa a fraude pura e simples e os efeitos do jornalismo de má qualidade. A falsa informação, disse, é disseminada com o intuito de enganar e influenciar pessoas. Ela citou um estudo que realizou com um aluno da Universidade Yale sobre as notícias bizarras publicadas num tabloide sensacionalista distribuído em supermercados nos Estados Unidos, como recém-nascidos com 15 quilos de peso, ataques de alienígenas e insetos gigantes. Segundo o estudo, a maioria das informações é inventada, mas uma parte é composta por histórias reais inusitadas, sem que o leitor possa separar uma coisa da outra.

Já o jornalismo científico de má qualidade produz situações nebulosas. Dominique citou um estudo que ganhou repercussão nas redes sociais, segundo o qual a cafeína preveniria o câncer, mas que se baseava num ensaio com apenas 10 indivíduos. “Os jornalistas não são treinados para aferir a validade de um estudo. Eles tentam enfatizar o lado humano da notícia em manchetes como: ‘Novos estudos trazem esperança para familiares de vítimas do mal de Alzheimer’”, comentou, de acordo com o serviço de notícias EurekAlert. Como isso gera expectativas, espalha-se nas redes sociais.

Dominique sugeriu três estratégias para enfrentar o problema. A primeira é uma convocação para que cientistas se disponham a explicar melhor o que estão fazendo e a ajudar jornalistas a avaliar os achados científicos. A segunda é envolver instituições científicas no monitoramento nas redes sociais de notícias falsas envolvendo suas pesquisas, divulgando esclarecimentos sempre que necessário. A terceira é convencer as ferramentas de busca na internet a retirar de seus registros referências a trabalhos científicos que sofreram retratação.

Fonte: Revista Fapesp

Yuans em troca de artigos

24/03/2017 08:30

O sociólogo Jeroen Huisman, professor da Universidade de Ghent, da Bélgica, recebeu um e-mail de um representante da Universidade Zhengzhou, da China, perguntando se ele teria interesse em passar uma temporada na instituição como professor visitante. Huisman ficou curioso e pediu mais detalhes. Para sua surpresa, recebeu a minuta de um contrato que previa o pagamento de 300 mil yuans, o equivalente a R$ 135 mil, caso ele produzisse três papers em revistas indexadas e declarasse a universidade chinesa como sua instituição de origem. O contrato previa apenas duas visitas a Zhengzhou, capital da província de Henan. Ele rejeitou a oferta. “Não parecia ilegal, mas era evidentemente antiético. Tratava-se apenas de uma transação financeira”, disse. A revista Times Higher Education procurou a universidade chinesa, que não quis se pronunciar. Rui Yang, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Hong Kong, disse à revista que esse tipo de contrato é comum em universidades chinesas – ele próprio já rejeitou ofertas. “Algumas universidades precisam de bons artigos em inglês para não ficarem mal nos processos de avaliação realizados no país.

Fonte: Revista Fapesp

Dúvidas estatísticas: Software que refaz cálculos de artigos e detecta erros movimenta a comunidade de pesquisadores da área da psicologia

24/03/2017 08:28

Em agosto de 2016, um conjunto de cerca de 50 mil artigos científicos do campo da psicologia passou pelo escrutínio de um software capaz de detectar inconsistências estatísticas, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Tilburg, na Holanda. Batizado de statcheck, o programa refaz cálculos e observa se os resultados são robustos  e correspondem ao que está publicado no manuscrito. Em metade dos papers foi detectado algum tipo de problema, desde erros de digitação  e simples arredondamentos até resultados equivocados com potencial para comprometer conclusões de estudos. Os achados dessa gigantesca verificação foram comunicados de forma automática por e-mail aos autores de cada artigo e divulgados no PubPeer, plataforma on-line na qual qualquer usuário pode escrever comentários sobre papers já publicados e apontar eventuais falhas, num tipo de avaliação por pares realizado depois da divulgação do artigo.

O caráter da auditoria é inédito, tanto por ter sido feita por computador quanto pelo volume de dados conferido – praticamente todos os pesquisadores em psicologia que publicaram papers nos últimos 20 anos passaram pelo crivo  do statcheck. A divulgação dos resultados provocou ondas de choque. A Sociedade de Psicologia da Alemanha publicou uma declaração, no dia 20 de outubro, reclamando da forma como a comunicação dos resultados foi feita. Segundo o texto, muito pesquisadores ficaram incomodados com a exposição sem que tivessem tido chance de se defender. “Vários colegas estão profundamente preocupados com o fato de que, obviamente, é muito difícil remover um comentário no PubPeer após um erro ‘detectado’ pelo statcheck revelar-se um falso positivo”, consta no texto divulgado.

Num tom mais elevado, Susan Fiske, professora da Universidade de Princeton e ex-presidente da norte-americana Associação de Ciências Psicológicas, classificou como “uma nova forma de assédio” o trabalho  de “polícia” que investiga dados de pesquisa de forma voluntarista. “Me senti um pouco assustado e exposto”, disse ao jornal britânico The Guardian o psicólogo alemão Mathias Kauff,  que recebeu um e-mail do statcheck avisando que havia inconsistências num artigo que escreveu em 2013 sobre multiculturalismo e preconceito, publicado no Personality and Social Psychology Bulletin. Ele afirma que os erros eram fruto de arredondamentos que não comprometiam as conclusões.

Muitos artigos na área de  psicologia utilizam testes estatísticos padronizados, cujos resultados precisam ser averiguados. O statcheck identifica e inspeciona os testes que calculam os valores de p, uma medida que representa a probabilidade de  o efeito observado dever-se ao acaso e não aos fatores que estão sendo estudados. Um valor de p menor ou igual a 0,05 é utilizado frequentemente como um indicador de significância estatística, pois  sugere que os resultados são robustos.

Há, de fato, evidências de que o software ainda não está maduro  e alardeia problemas que não chegam a ser erros estatísticos. Em artigo depositado no repositório ArXiv, Thomas Schmidt, professor de psicologia experimental da Universidade de Kaiserslautern,  na Alemanha, criticou a qualidade da análise que o statcheck fez em dois artigos de sua autoria. Segundo ele,  o software encontrou 35 resultados estatísticos potencialmente incorretos, mas apenas cinco continham incongruências que, de acordo com o autor, não comprometiam os resultados finais.

Chris Hartgerink, o estudante de doutorado que submeteu papers de psicologia ao statcheck

A metodologia utilizada pelo software já era conhecida desde 2015, quando um artigo sobre o assunto foi publicado no site da revista Behavior Research Methods, assinado pela estudante de doutorado Michèle Nuijten e colegas do Centro de Metapesquisa da Escola de Ciências Sociais e do Comportamento da Universidade de Tilburg. No paper,  o grupo mostrou que metade dos 16.695 artigos analisados pelo  software apresentou algum tipo de inconsistência em suas análises estatísticas e 12% deles traziam conclusões comprometidas por erros. “O statcheck pode ser uma ferramenta de apoio à revisão por pares. A revista Psychological Science, por exemplo,  já adotou o software para procurar inconsistências estatísticas nos manuscritos que recebe”, disse Michèle à Pesquisa FAPESP.

A iniciativa de analisar os 50 mil artigos e tornar públicos os resultados no PubPeer foi do estudante de doutorado Chris Hartgerink, de 25 anos. Segundo ele, a intenção foi gerar benefícios imediatos para o campo da psicologia, que não seriam alcançados se apenas resultados gerais fossem divulgados. O fato de também  detectar falsos positivos e erros sem importância, disse o pesquisador, não compromete esse objetivo. Hartgerink e o professor Marcel van Assen tentam agora desenvolver outro tipo de software, capaz de detectar se um artigo científico contém dados fabricados. Para testar a eficiência do método, a dupla pediu a colegas para enviar versões de seus papers com dados deliberadamente alterados,  que estão sendo avaliados.

Entre os pesquisadores de psicologia, há também quem considere o statcheck uma ferramenta útil para melhorar a qualidade das  publicações científicas. Simine Vazire, pesquisadora do Departamento  de Psicologia da Universidade da Califórnia em Davis, prevê  que os autores de artigos nessa área serão ainda mais cuidadosos  com suas análises estatísticas agora que sabem da existência de um programa capaz de identificar descuidos, erros e fraudes.

A Universidade de Tilburg, onde  o programa foi desenvolvido, foi o cenário de um escândalo de má conduta científica. Em setembro de 2011, a instituição demitiu um de seus mais produtivos pesquisadores, o professor de psicologia social Diederik Stapel, acusado de fraudar mais de 30 artigos científicos ao longo de oito anos – uma investigação provou que ele fabricava dados, enganava coautores e até mesmo intimidava quem desconfiasse dele  (ver Pesquisa FAPESP nº 190).

Chris Hartgerink foi aluno  de graduação de Stapel e tinha  o professor como uma espécie de mentor – fora inclusive seu assistente de pesquisa. Ficou, na época, desorientado. “Era uma figura inspiradora e foi o responsável pelo meu entusiasmo em fazer pesquisa”, disse ao jornal The Guardian.  A experiência amarga do escândalo levou parte do grupo de pesquisadores que investigou suas fraudes a montar  o Centro de Metapesquisa, interessado no estudo de má conduta científica. Hartgerink uniu-se ao grupo em 2013, em seu projeto de doutorado sobre métodos para detectar a fabricação de dados de pesquisa.

Fonte: Pesquisa Fapesp

‘Carne Fraca’ é mais um entre tantos outros ataques à segurança alimentar

20/03/2017 08:28

Entrevista com Professora de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina, Dra.Suzi Barletto Cavalli.

“Direito humano, a alimentação adequada é dever do estado, que não monitora e nem fiscaliza; são produzidos alimentos pouco saudáveis, com agrotóxicos, transgênicos e muita gordura e açúcar”

O esquema fraudulento denunciado pela operação Carne Fraca da Polícia Federal, na última sexta-feira (17), abalou a opinião pública, obrigou integrantes do governo de Michel Temer (PMDB) a se reunir com a diplomacia de países importadores da carne brasileira e arranhou a imagem dos grupos JBS BRF. Segundo a PF do Paraná, a mesma que conduz com estardalhaço a Lava Jato, essas empresas vendem carne imprópria para o consumo, adulterada com produtos químicos nocivos à saúde. No entanto, o episódio está longe de ser o único ataque à segurança alimentar.

Na avaliação da professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Suzi Barletto Cavalli, a segurança alimentar não está no cerne da preocupação desse esquema perverso de propinas e apadrinhamento que sempre envolveu a fiscalização sanitária nas esferas municipal, estadual e federal. Tampouco que essas fraudes estejam limitadas à cadeia das carnes.

O mérito do escândalo, segundo ela, é trazer à tona a insegurança alimentar e nutricional no país, principalmente quanto à qualidade sanitária e aspectos relacionados à sua regulação, em vários elos da cadeia da produção de alimentos, principalmente na indústria.

“Esse descompromisso é recorrente. Fraudes em alimentos é a coisa mais corriqueira, como adulteração do leite, que é um alimento básico na dieta da população brasileira, várias vezes denunciados na mídia. São problemas que resultam em agravos à saúde pública e não explorados pela mídia, como deveria ser, ou criminalizados pelos órgãos competentes”, afirma a professora.

Entre outras inúmeras irregularidades envolvendo alimentos que deveriam ser criminalizadas e não são, segundo ela, está a utilização em larga escala de agrotóxicos contra-indicados para determinadas lavouras, ou ainda o uso de venenos proibidos no Brasil. “Sem contar fraudes relacionadas à rotulagem dos alimentos industrializados, que escondem as quantidades reais dos ingredientes utilizados, ou o nome desses ingredientes da composição. Há ainda casos de alimentos produzidos com transgênicos que não trazem essa informação por meio do símbolo (o T dentro do triângulo amarelo) em seus rótulos”.

Conforme ela destaca, a composição dos alimentos e seus ingredientes muitas vezes é “uma caixa preta” para a população em geral. Primeiro por causa do desconhecimento da população em relação às nomenclaturas específicas e sua função. Outras vezes, a inserção de ingredientes interessantes para a industrialização, como os aditivos alimentares, que são aprovados pela legislação mas não são saudáveis. Ou mesmo gorduras e açúcares, causadores de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, entre outras.

“A insegurança alimentar e nutricional está cada mais incidente na alimentação. Precisamos romper com esse processo, responsabilizar todos os elos da cadeia. A produção, comercialização e industrialização requerem um novo modelo de orientação, fiscalização e penalização”, diz.

Para a professora da UFSC, é necessária no Brasil uma discussão ampla do processo como um todo, em busca de alimentação segura, saudável e sustentável que venha a se tornar hegemônica, acessível para todas as famílias, inclusive de menor poder aquisitivo. “É direito da população e dever do estado a garantia de um sistema de produção alimentar que promova a saúde e que seja ambientalmente sustentável.”

Nesse contexto, segundo ela, o consumo de alimentos é um ato político, técnico, social e cultural.

“Precisamos, sim, discutir todo o sistema alimentar nas dimensões da qualidade e de segurança. Creio que a operação ‘Carne Fraca’ está propiciando esse debate, que precisa ser feito por todos, e que requer medidas em geral na fiscalização sanitária  e vigilância em saúde no Brasil. Mas é fundamental que as questões relacionadas à saúde pública não perpassem a esfera política de vantagens, que ferem a relação de direito que temos como cidadãos.”

A segurança alimentar é um direito humano garantido pela Lei 11.346/2006. Determina que é dever do poder público respeitar, proteger, promover, prover, informar, monitorar, fiscalizar e avaliar a realização do direito humano à alimentação adequada, com alimentos de qualidade, bem como garantir os mecanismos para sua exigibilidade.

Trata-se, portanto, de obrigação dos órgãos públicos, nas esferas federal, estadual e municipal, garantir esse direito. O descumprimento torna vulnerável a saúde-nutrição das pessoas.

O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), reunido no último dia 18, declarou preocupação em relação a falta de garantia ao acesso a alimentos seguros e saudáveis.

Fonte: Rede Brasil

Ponto de entrega para óleo de cozinha usado está disponível na UFSC

15/03/2017 18:28

Um Ponto de Entrega Voluntária (PEV) para arrecadar óleo de cozinha usado acaba de ser instalado no térreo do prédio do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental. O PEV foi disponibilizado pela Empresa Júnior de Engenharia Sanitária e Ambiental (Ejesam –http://ejesam.ufsc.br/), que orienta a comunidade a armazenar o óleo em garrafas PET e entregá-lo no local para que seja encaminhado para os devidos fins. O objetivo da iniciativa é evitar a poluição da água. Mais informações: (48) 3721-2998 ou ejesam.contato@gmail.com.

Maioria das cervejas mais consumidas no país é feita com milho transgênico

06/03/2017 08:55
Indústria se aproveita da legislação falha, que não exige rotulagem especial, nem especificação dos “cereais não maltados”, omitindo do consumidor o símbolo relacionado a medo, doenças e incertezas
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A lei determina que alimentos ou bebidas com mais de 1% de ingredientes transgênicos devem ser rotulados; o T indicativo da presenças de plantas geneticamente modificadas não aparece em nenhuma cerveja

São Paulo – Bebida alcoólica mais consumida pelos brasileiros, a cerveja pode conter em sua formulação muito mais do que água, cevada e lúpulo. As letras miúdas no rótulo das garrafas ou impressas na própria lata, em cores metálicas, que dificultam a leitura, dão algumas pistas: “cereais não maltados” ou “malteados”. O consumidor comum fica sem saber que ingredientes exatamente são afinal. Especialistas em nutrição, entretanto, não têm dúvidas. Em geral é o milho, o mais barato dos grãos, o escolhido pelos fabricantes para compor, com os demais ingredientes, uma bebida que pode ser vendida mais em conta para que não tenham de abrir mão da elevada margem de lucro.

“Como a legislação não exige a especificação de cada ingrediente que constitui a cerveja, as empresas utilizam o termo genérico ‘cereais não maltados’. Ao não colocar a denominação específica, deixam dúvidas quanto à composição. Portanto, é possível partir do princípio de que o milho está sendo utilizado sem que haja indicação da sua presença”, diz a nutricionista Rayza Dal Molin Cortese, pós-graduanda em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Um estudo do Laboratório de Ecologia Isotópica do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da Universidade de São Paulo, divulgado em 2013, respalda a suposição de Rayza. Ao analisar 77 marcas, das quais 49 produzidas no Brasil e 28 importadas de países da Europa, América do Sul e do Norte e da China, os pesquisadores do Cena/USP concluíram que apenas 21 delas podem exibir o selo “puro malte” por utilizar somente grãos de cevada.

Puro malte?

Entre as nacionais, foi detectado milho na composição de 16 marcas, em quantidades equivalentes a 50% do mix de cereais adicionados à cevada. Essa proporção, aliás, contraria a legislação brasileira, que limita a quantidade de milho, arroz, trigo, centeio, aveia e sorgo a 45% do total da cevada utilizada. E justificaria a troca de nome dessas bebidas prevista em lei: cerveja de milho, cerveja de arroz etc., acrescentando-se o nome do cereal com maior presença na formulação.

Mas seria essa opção adotada por um mercado gigante como o cervejeiro brasileiro, que movimenta todo ano algo em torno de R$ 74 bilhões, cerca de 1,6% do PIB, conforme pesquisa divulgada em março de 2016 pela Fundação Getúlio Vargas?

Dar nome aos cereais – especialmente se for milho – pode não ser considerado “bom negócio” para o milionário grupo de produtores da bebida alcoólica mais vendida no Brasil – cerca de 14 bilhões de litros por ano. Mas faz toda a diferença para os brasileiros que consomem, per capita, todo ano, o correspondente a 62 litros de cerveja.

Primeiro porque mais de 80% do milho cultivado no Brasil, segundo especialistas ouvidos pela reportagem, está em lavouras transgênicas, semeadas com grãos modificados geneticamente. Com o argumento de aumentar a produtividade, a indústria das sementes alterou o DNA de plantas como o milho para supostamente aumentar a produtividade.

Na realidade, essa biotecnologia as transformou para duas coisas: resistir a quantidades cada vez maiores de agrotóxicos utilizados para matar plantas e indesejáveis à monocultura, que poderiam vir a comprometer essa propalada produtividade; ou para que produzam toxinas contra ataque de insetos que afetam a saúde humana.

Incertezas

O problema é que, como essas plantas úteis para o equilíbrio ambiental e indesejáveis para a produção de larga escala vão adquirindo resistência contra alguns princípios ativos de agrotóxicos pulverizados, passam a ser aplicados outros venenos, mais potentes e em quantidades maiores.

As consequências à saúde humana, animal e ambiental devido a tamanha alteração genética em grãos que serão usados direta ou indiretamente na produção de alimentos ainda não foram dimensionadas o suficiente pela ciência. Dos poucos estudos, os resultados são preocupantes, para não dizer alarmantes.

O biólogo, pesquisador aposentado da Embrapa e ex-membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) José Maria Gusman Ferraz é coautor do livro Lavouras Transgênicas – Riscos e Incertezas. A obra, editada em 2015 pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do então Ministério do Desenvolvimento Agrário, disponível para download, acaba de ganhar versão em inglês. Os autores analisam mais de 750 estudos desprezados pelas agências reguladoras de organismos geneticamente modificados em todo o mundo.

Ele destaca uma pesquisa divulgada em 2012 por pesquisadores franceses que abalou a opinião pública e o mercado de transgênicos em todo o mundo. Chefiados por Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen Normadie, na França, os cientistas constataram danos ao fígado e rins e distúrbios hormonais em ratos alimentados com o milho transgênico NK603, da Monsanto. Além desses efeitos graves, foi detectado o desenvolvimento de inúmeros tipos de tumores.

O impacto da grande repercussão fez a pesquisa ser questionada e retirada da revista que a publicou originalmente (Food and Chemical Toxicology). Não só: a publicação teve seu corpo editorial reformulado, com a entrada de um nome forte indicado pela Monsanto. Os mesmos resultados, porém, foram publicados em detalhes depois na Environmental Sciences Europe, mostrando todos os danos causados.

Na época, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e outras entidades ambientalistas, de saúde e em defesa da agricultura orgânica, entre outras, pediram a suspensão da liberação comercial dessa variedade do milho.

“Mesmo com este estudo indicando claramente o risco, a CTNBio aprovou sua liberação comercial no país, em um claro desrespeito ao princípio da precaução, que preconiza que se existir possibilidade de risco, a empresa proponente tem de provar que o risco não existe”, afirma Gusman. “Um grupo minoritário dentro da comissão solicitou que, se existiam dúvidas, o estudo deveria ser refeito antes da sua liberação para comercialização. Mas como sempre, foi voto vencido pela maioria – ligada ao agronegócio –, que desprezou esta e outras evidências de que havia sim risco à saúde na liberação comercial.”

Além de professor convidado da Unicamp, onde conduz pesquisas em agroecologia, Gusman se dedica à campanha contra o mosquito transgênico, desenvolvido em laboratório para combater o Aedes aegypti, já solto no interior de São Paulo – outro caso envolto em irregularidades no processo de liberação, com problemas e dúvidas nas pesquisas, o que torna as populações lcoais cobaias de interesses de transnacionais.

Outro estudo, segundo ele, também acende o alerta contra os transgênicos. Conduzido na Faculdade de Medicina de Tanta, no Egito, constatou que outra variedade de milho da Monsanto, o MON810, alterou profundamente as estruturas que compõem o intestino das cobaias. Surgiram lesões proliferativas e hemorrágicas nas mucosas intestinais, responsáveis pela absorção de nutrientes necessários para o funcionamento do organismo. O milho correspondia a apenas 30% da dieta dos ratos.

Mais venenos

Como lavouras transgênicas são sinônimo do uso de altas doses de agrotóxicos, os especialistas alertam para os perigos dos agroquímicos à saúde e à vida dos agricultores e de quem vive perto das áreas pulverizadas, para aqueles que trabalham nas indústrias de venenos, e para quem ingere alimentos e água carregados de resíduos desses agroquímicos.

Por isso essas substâncias são problema de saúde pública, embora as autoridades de saúde pouco ou nada façam para reduzir, ainda que gradativamente, o uso de produtos tão nocivos. Esses venenos já foram relacionados a diversas doenças, entre elas câncer de vários tipos; alterações endocrinológicas e reprodutivas, como quadros de menstruação, menopausa e andropausa precoce, além de alterações no sistema reprodutor; e até neurológicas, facilitando o desenvolvimento do Mal de Parkinson, por exemplo, conforme pesquisas recentes.

Também podem provocar alterações na gestação que levam ao nascimento de bebês com malformações; distúrbios emocionais incapacitantes, como a depressão; quadros de intoxicação agudas, que conforme o veneno pode matar por asfixia, ou mesmo crônicas, devido a exposições frequentes ou ao acúmulo de resíduos no organismo. Tudo isso num quadro em que algumas dessas doenças podem conviver sem que suas causas sejam associadas aos venenos agroquímicos. O Ministério da Saúde estima que para cada caso notificado, com nexo-causal, há 50 outros totalmente ignorados.

Consumidor desinformado

Para especialistas e ativistas contra os transgênicos e seus perigos, todos os alimentos – bebidas inclusive – com quaisquer vestígios de transgênicos, deveriam receber o selo com a letra T em preto dentro de um triângulo amarelo, símbolo internacional da presença de organismos geneticamente modificados.

Mas a legislação, que no Brasil é criada por setores alinhados com o agronegócio que controlam o Congresso Nacional e setores do governo federal, não vai nessa direção. A nutricionista Rayza Cortese, que pesquisa organismos geneticamente modificados e a rotulagem de alimentos comercializados no Brasil, afirma que a legislação para o tema, estabelecida pelo decreto 4.680/2003, estabelece que “todos os alimentos (e as bebidas alcoólicas são consideradas alimentos) e ingredientes alimentares que contenham ou sejam produzidos a partir de OGMs, com presença acima de 1% do produto, devem ser rotulados”. No entanto, o símbolo não aparece em nenhuma embalagem de cervejas que contenham milho.

E isso apesar de o Idec ter obtido, no Supremo Tribunal Federal (STF), a garantia de rotulagem com o triângulo amarelo em alimentos com ingredientes geneticamente modificados, independentemente da quantidade. Em maio do ano passado, o STF voltou a garantir a indicação no rótulo de alimentos que utilizam ingredientes geneticamente modificados, independentemente da quantidade presente.

A exigência estava suspensa desde 2012, por uma decisão provisória do ministro Ricardo Lewandovski, que atendeu ao pedido da União e da Associação Brasileira de Indústria de Alimentos (Abia).

“A decisão é importante porque enfraquece o projeto de lei que tramita no Congresso para derrubar a obrigatoriedade da informação no rótulo. Sem essa rotulagem, o consumidor tem negado seu direito à informação para decidir na hora da compra, conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor”, diz a pesquisadora em alimentos do Idec, Ana Paula Bortoletto.

Palavra da indústria

A Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), que representa a Ambev, a Brasil Kirin, o Grupo Petrópolis e a Heineken – os quatro maiores fabricantes – afirma, em nota à reportagem da RBA, reproduzida em sua íntegra a seguir que “a indústria brasileira da cerveja é reconhecida pela alta qualidade de seus produtos e receitas que conquistaram o gosto do consumidor brasileiro – o que faz o país ser um dos maiores mercados de cerveja do mundo. O respeito ao consumidor é um dos principais valores do setor cervejeiro. É por isso, que aprimoramos sempre os processos, usamos os melhores ingredientes, adotamos as técnicas mais avançadas e inovamos sempre.

“As receitas, obviamente, variam de acordo com a marca e o tipo da cerveja. Os detalhes dessas formulações não são abertos ao consumidor, já que são informações confidenciais e que precisam ser protegidas para preservar o ambiente concorrencial do setor. Cada ingrediente é usado para trazer características ao produto. A utilização de cereais não-malteados na fabricação de cervejas não é uma exclusividade do Brasil. Isso acontece em diversos países. Um dos principais objetivos é conferir características como leveza e refrescância.

“Vale lembrar que as legislações brasileira e do Mercosul permitem que sejam usados cereais não-malteados na produção de cervejas, como milho, aveia, sorgo, arroz etc. Contudo, esse uso não é indiscriminado. A legislação estabelece a participação máxima de 45% destes insumos no chamado extrato primitivo (a parte sólida da cerveja). O setor cervejeiro no Brasil cumpre rigorosamente essa norma. Os padrões de qualidade e segurança da cerveja brasileira são regulados e fiscalizados pelo Ministério da Agricultura, Anvisa, entre outros órgãos.

“As discussões em torno dos organismos geneticamente modificados fazem parte deste grande esforço. Por isso, as cervejarias acompanham de perto a questão e seguem todas as normais legais sobre o uso e rotulagem desses insumos. As cervejarias associadas à Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil)- da qual participam Ambev, Brasil Kirin, Grupo Petrópolis e Heineken – realizaram testes de detecção de DNA transgênico que comprovam a ausência de organismos geneticamente modificados em seus produtos. Além disso, nossos produtos atendem às recomendações nacionais e internacionais mais rígidas de segurança, do início ao fim dos processos produtivos, não representando, portanto, qualquer risco à saúde do consumidor.”

Fonte: Rede Brasil Atual

O conflito de interesses entre as associações de profissionais da saúde e financiamento da indústria

01/03/2017 20:34

Fonte: The Lancet – Segunda-feira, 13 de Fevereiro de 2017 

O Colégio Real de Pediatria e Saúde Infantil (Royal College of Paediatrics and Child Health) do Reino Unido (RCPCH) anunciou em outubro de 2016 sua decisão de continuar a aceitar financiamento de fabricantes de substitutos do leite materno (BMS).

Esta decisão levanta sérias preocupações sobre a imparcialidade do colégio e estabelece um precedente prejudicial para outras organizações de profissionais de saúde. A fim de proteger a credibilidade e a autoridade das organizações profissionais que contribuem para a formulação de políticas públicas, elas precisam adotar códigos de conduta e práticas que protejam sua independência dos interesses dos investidores.

A decisão do RCPCH viola o espírito e o objetivo do Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno (também conhecido como Código Internacional), adotado pela Assembleia Mundial da Saúde (WHA) na resolução WHA34.22 e as subsequentes resoluções relevantes da WHA. Outras resoluções incluem a WHA69.9.2, adotada em maio de 2016, na qual os Estados Membros da OMS receberam com agrado a nova Orientação da OMS para acabar com a Promoção Inadequada de Alimentos para Lactentes e Crianças Pequenas (também conhecida como “A Orientação” – “The Guidance”).
(mais…)

As verdades inconvenientes que a campanha “Agro Pop” tenta esconder

01/03/2017 20:18

A propaganda “Agro-Globo” tenta construir a imagem de que o agronegócio é o grande responsável pela geração de empregos e pela produção dos alimentos que chegam à nossa mesa.

Segundo pesquisa da Esalq-USP, apenas 36% dos empregados pelo agronegócio têm carteira assinada e é do setor quem vêm 30% das 1.010 pessoas resgatadas em 2015 de condições análogas à de escravidão.

Em relação à produção de alimentos, o agronegócio cria mercadorias, mas quem produz os alimentos que chegam à nossa mesa são os pequenos agricultores familiares.*

*Texto completo em “Ideias na Mesa”:
https://goo.gl/BdO9iI (parte 1)
https://goo.gl/nn2kMu (parte 2)

Falecimento da Professora Lieselotte Ornellas

15/02/2017 17:48
Faleceu ontem, 14 de fevereiro de 2017, aos 99 anos, no Rio de Janeiro, a professora Lieselotte Hoeschl Ornellas, a primeira nutricionista do Brasil.
A professora Lieselotte é catarinense, nascida em Florianópolis e participou ativamente das comemorações dos 20 anos do Curso de Nutrição da UFSC, estando presente na primeira atividade comemorativa, em agosto de 1999 e em novembro de 2000 quando do lançamento de nova edição do seu livro “Alimentação através dos tempos”, primeiro volume da Série Nutrição da Editora da UFSC.
O legado da professora Lieselotte para a Nutrição Brasileira é significativo e reconhecido.
Registramos a homenagem também do Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições da UFSC.
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O futuro do acesso aberto – Podcast: Sely Costa

07/02/2017 09:45

Sely Costa, professora da Faculdade de Ciência da Informação da Universidade de Brasília (UnB), fala sobre modelos e desafios do Acesso Aberto, movimento que defende o livre acesso à produção científica.

Apresentação: Fabrício Marques e Carlos Fioravanti.
Produção e roteiro: Biancamaria Binazzi
Assistência de produção: Sarah Caravieri
Gravação e montagem: Dagoberto Alves (Rádio USP)

Pesquisa Brasil vai ao ar todas as sextas-feiras às 13:00, pela Rádio USP.
Assine Pesquisa Brasil como podcast!

Baixar o MP3
Veja aqui o arquivo do Pesquisa Brasil

Fonte Pesquisa Fapesp

O futuro do acesso aberto

07/02/2017 09:43

A decisão da União Europeia de disponibilizar de forma livre e gratuita a partir de 2020 todos os papers produzidos em seus estados-membros promete dar novo fôlego ao Acesso Aberto, movimento lançado no início dos anos 2000 com o objetivo de franquear o acesso à produção científica, que avança lentamente. Estima-se que apenas um em cada quatro novos artigos seja publicado atualmente nesse regime – os demais, no momento em que são divulgados, só podem ser vistos por assinantes ou por usuários que aceitem pagar pelo download. As apostas em torno do modelo de acesso aberto que irá ganhar mais impulso estão divididas.

 A experiência do Reino Unido, que começou a adotar em 2014 uma estratégia desse tipo envolvendo a pesquisa produzida em 107 instituições ligadas aos seus Conselhos de Pesquisa (RCUK, em inglês), deu força à chamada via dourada (golden road), na qual as próprias revistas científicas garantem o acesso livre ao conteúdo que publicam – cobrando mais caro do autor e isentando o usuário de pagar pelo download. É certo que os custos de publicação aumentaram. Segundo estudo divulgado em fevereiro por Adam Tickell, vice-reitor da Universidade de Birmingham, as universidades do Reino Unido gastaram £ 33 milhões, o equivalente a R$ 150 milhões, em custos associados apenas à publicação em acesso aberto em 2015 – quase 20% do gasto geral com publicações. “Embora haja consenso sobre os benefícios do acesso aberto no Reino Unido, os desafios financeiros persistem”, escreve Tickell. “As universidades estão preocupadas com a preferência pela via dourada pela pressão que isso está provocando em seus orçamentos de pesquisa.”

Em países como a Espanha, que começou a criar repositórios no início dos anos 2000 e onde 11 das principais universidades exigem desde 2009 que a produção científica de seus pesquisadores seja divulgada em acesso aberto, a chamada via verde (green road) tem mais tradição. Trata-se de um modelo no qual cada pesquisador arquiva no banco de dados de sua instituição uma cópia de seus trabalhos científicos publicados em periódicos, que ficam disponíveis ao público. Quem quiser ler o artigo sem pagar pode recorrer a esses repositórios. Muitas editoras permitem que os autores depositem seus artigos em repositórios apenas depois de um período de embargo, em geral de seis meses pelo menos. Outras cobram um valor extra para liberar o embargo. “O crescimento dos repositórios institucionais é um mecanismo relativamente barato para ampliar o acesso à pesquisa financiada com recursos públicos”, pondera Tickell.

Já o Brasil tem um modelo bastante peculiar, com a oferta da biblioteca eletrônica SciELO, que reuniu uma coleção de mais de 200 publicações brasileiras de acesso aberto de todos os campos do conhecimento, cujos artigos podem ser baixados da internet de forma livre e gratuita. Criada em 1997, seis anos antes de o movimento do Acesso Aberto ser deflagrado, a SciELO é um programa especial da FAPESP lançado para aumentar a visibilidade de publicações científicas brasileiras que, até o século passado, estavam escassamente indexadas em bases de dados internacionais. Outra iniciativa brasileira foi a criação, em 2013, do Repositório da Produção Científica do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas, o Cruesp (cruesp.sibi.usp.br), que contava, no início de julho, com mais de 400 mil registros de artigos, teses e dissertações e outros trabalhos científicos, sendo 195.242 da Universidade de São Paulo (USP), 116.162 da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e 89.664 da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

“O repositório é a soma dos acervos depositados nas três universidades e pode ser acessado por meio de uma ferramenta de busca comum”, diz Maria Crestana, coordenadora do Sistema Integrado de Bibliotecas (Sibi) da USP. O repositório foi criado por iniciativa e com apoio da FAPESP, que instituiu uma política de publicação de resultados de pesquisas científicas financiadas com recursos públicos em acesso aberto. Os registros disponíveis atualmente compreendem, principalmente, as teses, dissertações e artigos científicos publicados nos últimos 10 anos, quando as universidades começaram a oferecer esse tipo de produção em formato digital. “No caso da USP, a produção científica coletada desde meados dos anos 1980 supera os 700 mil registros, muito mais do que está disponível no repositório. Mas essa produção pode ser acessada em nossas 48 bibliotecas”, afirma a coordenadora do Sibi.

O debate sobre as tendências está em aberto. “Tanto a via dourada quanto a verde são aceitáveis”, avalia Robert-Jan Smits, diretor-geral de pesquisa e inovação da Comissão Europeia. A via dourada parece levar alguma vantagem, a julgar pela estratégia da Holanda, país que, ao assumir a presidência rotativa da União Europeia em janeiro, colocou em pauta a ambição de instituir o acesso aberto para pesquisas realizadas dentro do bloco e patrocinadas com recursos públicos. Desde 1º de janeiro, a Organização para Pesquisa Científica da Holanda (NWO), principal agência de fomento do país, exige que papers resultantes de projetos de pesquisa apoiados por ela sejam publicados em acesso aberto – e deixou claro que tem preferência pela via dourada, com efeitos mais rápidos e mais fácil de controlar.

Ao mesmo tempo, propôs que versões de artigos anteriores ao processo de revisão, os chamados preprints, sejam depositadas em repositórios de acesso aberto. Para Sander Dekker, secretário de educação, ciência e cultura da Holanda, a via dourada é a solução mais justa pois reconhece que as editoras científicas fornecem um serviço valioso que precisa ser remunerado. Segundo ele, um dos problemas da via verde é que muitas revistas permitem que um artigo seja disponibilizado em um repositório de acesso aberto apenas depois de cumprir um embargo de vários meses. “Acesso adiado é acesso negado”, disse à revista Science.

© DANIEL KONDO

Acesso aberto_Menor

Embates
Na avaliação de Sely Maria de Souza Costa, professora da Faculdade de Ciência da Informação da Universidade de Brasília (UnB), a via dourada possivelmente avançará mais na União Europeia. “É um caminho mais seguro porque não provoca embate entre editores e autores. E a intenção é implementar o acesso aberto em apenas quatro anos, um prazo que é muito curto”, afirma Sely, que participou no início de junho de um debate sobre o futuro do acesso aberto numa conferência internacional sobre publicações acadêmicas em Göttingen, na Alemanha. “Ninguém sabe muito bem o que vai acontecer. A publicação científica continuará por muito tempo nas mãos de grandes editoras, mas elas vão gradativamente procurar uma fórmula híbrida de publicação, pois perceberam que a questão do acesso aberto é irreversível.”

Continue a leitura em Pesquisa Fapesp

 

Revista Demetra

07/02/2017 09:34

A revista DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde já publicou seu último número, disponível em
http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra. Convidamos a navegar no sumário da revista para acessar os artigos e outros itens de seu interesse.

 

DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde
v. 11 (2016): Suplementar 1
Sumário
http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra/issue/view/1374

EDITORIAL
——–
DEMETRA AVALIADA COMO B1 NO “QUALIS PERIÓDICOS” DA CAPES (1115-1117)
        Shirley Donizete Prado, Fabiana Bom Kraemer


ARTIGOS DE TEMA LIVRE
——–
O QUEIJO MINAS ARTESANAL NA REGIÃO DA MATA MINEIRA: SEU SABER-FAZER E SUAS
REPRESENTAÇÕES (1119-1134)
        Belisa Lamas Gaudereto, Luciano Rodrigues Costa

“FAT” BODIES AND LOW-INCOME: EXPERIENCES AND PERCEPTIONS OF MOTHERS FROM
SANTOS, BRAZIL (1135-1151)
        Priscila de Morais Sato,        Gabriela Milhassi Vedovato,     Kate Perepezko, Ramiro
Fernandez Unsain,       Mariana Dimitrov Ulian, Fernanda Baeza Scagliusi

FEIJOADA E SAMBA: ANÁLISE CONTEXTUAL EM UMA AGREMIAÇÃO NO SUBÚRBIO
CARIOCA (1153-1169)
        Gabriella Fernandes Gachet,     Marta Maria Antonieta de Souza, Mirian Ribeiro
Baião

MULHERES EM REVISTA: REPRESENTAÇÃO CORPORAL NO IMAGINÁRIO SOCIAL
(1171-1184)
        Mariana Fernandes Costa,        Jorge Coelho Soares

IDEALIZAÇÃO, MARCOS E TRAJETÓRIAS DE PESO EM MULHERES COM EXCESSO DE
PESO: REFLEXÕES PARA O TRATAMENTO NUTRICIONAL (1185-1200)
        Camila de Souza Meirelles,      Lucas Vieira Francisco, Ana Carolina de Aguiar
Moreira,        Rosa Wanda Diez-Garcia

PONTO DE EQUILÍBRIO ENTRE A CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO E “FAT STUDIES”
(1201-1212)
        Andreia Araujo Lima Torres

COMPOSIÇÃO CORPORAL EM MULHERES TRANSGÊNERO VIVENDO COM HIV/AIDS: UMA
DISCUSSÃO DAS TRANSFORMAÇÕES QUE INTERFEREM NA AVALIAÇÃO DO ESTADO
NUTRICIONAL (1213-1223)
        Juliana Lauar Gonçalves,        Cláudia Santos de Aguiar Cardoso,       Adriana Costa
Bacelo, Raquel Espírito Santo,  Cristiane Fonseca de Almeida,   Paula
Simplício da Silva,     Patrícia Dias de Brito

RELAÇÕES ENTRE ALIMENTAÇÃO, OBESIDADE, PERDA DE PESO  E CONSUMO EM
REVISTAS FEMININAS (1225-1243)
        Shirley Donizete Prado, Eliane Portes Vargas,   Maria Claudia da Veiga Soares
Carvalho,       Francisco Romão Ferreira,       Cristiane Marques Seixas,       Fabiana Bom
Kraemer

ALIMENTOS COM AGROTÓXICOS OU DE BASE AGROECOLÓGICA: O JOGO SIMBÓLICO DE
ATORES SOCIAIS (1245-1260)
        Verônica Oliveira Figueiredo,   Maria Claudia Veiga Soares
Carvalho,       Francisco Romão Ferreira,       Luciléia Granhen Tavares
Colares,        Izabela Miranda de Castro,      Lucia Maria Jaeger de Carvalho

AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE DE CAPACIDADE VOLUMÉTRICA DE CAÇAROLAS E
CALDEIRÕES FRENTE ÀS ESPECIFICAÇÕES DO FABRICANTE  E A LEGISLAÇÃO
BRASILEIRA (1261-1276)
        Valdirene Francisca Neves dos Santos,   Bianca Pinho Santos,    Ana Carolina K.
Miguez, Ornella Antonini,       Maria Cristina de Almeida Gaspar

SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL, GÊNERO E EDUCAÇÃO: UMA ABORDAGEM
INTEGRATIVA (1277-1295)
        Jussara Maysa Silva Campos,     Rita de Cássia de Almeida Coelho Akutsu

PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: PERFIL, AÇÕES INTERSETORIAIS E PERCEPÇÃO DOS
GESTORES DE SERVIÇOS, EM UM ESTUDO DE CASO NOS MORROS DE SANTOS (1297-1315)
        Luana Pereira Lima,     Lia Thieme Oikawa Zangirolani

DESENVOLVIMENTO DE UM QUESTIONÁRIO DE FREQUÊNCIA ALIMENTAR PARA
POPULAÇÕES QUILOMBOLAS DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL (1317-1332)
        Mariana Espinoza Rivas, Pauline Müller Pacheco, Fernanda Souza de
Bairros,        Marilda Borges Neutzling

FATORES ASSOCIADOS AO ESTADO NUTRICIONAL EM IDOSOS PARTICIPANTES DO ESTUDO
“EPIFLORIPA IDOSO” (1333-1350)
        Susana Cararo Confortin,        Bianca Bittencourt,     Lariane Mortean Ono,    Larissa
Pruner Marques, Ione Jayce Ceola Schneider,     Eleonora d`Orsi

ACESSO AOS ALIMENTOS E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: AVALIAÇÃO DA
SITUAÇÃO EM MUNICÍPIOS BAIANOS (1351-1366)
        Laís Santos Calmon,     Sandra Maria Chaves Santos,     Marlus Henrique Queiroz
Pereira

À SOMBRA DO ESTEREÓTIPO DE BELEZA: QUALIDADE DE VIDA E FATORES ASSOCIADOS
EM MULHERES (1367-1383)
        Rayane Stephanie Gomes de Freitas,      Renata Doratioto Albano,        Diogo Thimoteo
da Cunha

Federação mundial das associações de saúde pública pede que governo brasileiro reconsidere pec 55

23/01/2017 11:07

A organização com sede em Genebra alerta em carta sobre as consequências desastrosas da medida para o SUS

A Federação Mundial das Associações de Saúde Pública (WFPHA, na sigla em inglês) encaminhou nesta segunda-feira, 20, uma carta endereçada ao governo brasileiro posicionando-se contra a Proposta de Emenda Constitucional 55 (PEC 55/2016), que congela os gatos públicos pelos próximos 20 anos, sancionada em dezembro de 2016. No documento, a Federação alerta que medida terá “consequências desastrosas” para a saúde em geral e, particularmente, para o Sistema Único de Saúde Brasileiro (SUS).

“Colocar saúde e educação no mesmo nível de outras áreas não é consistente com os anseios da população e a necessidades da sociedade”, ressaltam os dirigentes da WFPHA no documento.

A carta, em inglês, pode ser lida aqui.

Fonte: Jornal da Ciência

Síndrome metabólica avança em Marajó

23/01/2017 11:06

Os hábitos alimentares das regiões mais industrializadas do país e suas consequências para a saúde estão se disseminando pelo interior da Amazônia. Um em cada três moradores de quatro cidades da Ilha de Marajó, região rural no norte do Pará, já apresenta alterações metabólicas que aumentam o risco de doenças cardiovasculares e de morte precoce. De 2012 a 2013, os pesquisadores Sérgio França, Sandra Lima e José Ricardo Vieira, todos da Universidade Federal do Pará (UFPA), mediram o peso e a altura e realizaram exames de sangue em 787 adultos dessas localidades. Em média, 34,1% dos participantes (proporção superior à média nacional, de 29%) haviam desenvolvido a chamada síndrome metabólica, definida pela presença de três destes cinco sinais clínicos: pressão alta; glicemia em jejum elevada; circunferência da cintura superior a 80 centímetros (cm) para mulheres e 90 cm para homens; níveis baixos de colesterol HDL; e níveis elevados de triglicerídeos. Associada ao consumo excessivo de alimentos processados, a síndrome se manifestou mais cedo nas mulheres. Entre 40 e 49 anos de idade, 46% delas apresentavam a alteração, identificada em 43% dos homens na faixa etária dos 50 aos 59 (PLOS ONE, 9 de dezembro).

Fonte: Pesquisa FAPESP

Consumo de adoçante dispara nos EUA e preocupa especialistas

23/01/2017 11:04

De acordo com pesquisa realizada nos Estados Unidos a partir de dados coletados entre 2009 e 2012, o uso diário de adoçantes cresceu de 27% para 41% da população adulta (crescimento de aproximadamente 50%). O dados para população infantil são ainda mais alarmantes, indicando um aumento de 200%. O consumo diário passou de 9% da população para 25%. A maioria dos consumidores uso de uma vez por dia (80% das crianças, 56% dos adultos). A freqüência de consumo foi maior em indivíduos com maior peso corporal.  A maioria do consumo ocorreu em casa e com refeições, tanto em adultos quanto em crianças.

Os autores apontam a importância de se avaliar o impacto do consumo desses produtos na saúde da população.

Fonte: Folha de São Paulo e Allison et., al. Consumption of Low-Calorie Sweeteners among Children and Adults in the United States. Academy of Nutrition and Dietetics, 2017.

Government Of Canada Finalizes Food Labelling Changes

23/01/2017 10:49
O Canadá adotou a rotulagem de açúcares totais (com % de VD e legenda indicando se aquele alimento possui muito ou pouco açúcar) e união de todos os tipos de açúcares de adição em um grupo na lista de ingredientes – o que fará com que eles fiquem mais próximos do início da lista, que é por ordem decrescente.
A indústria terá cinco anos para fazer as modificações nos rótulos.
O Canadá também está com uma consulta pública aberta sobre a obrigatoriedade na front-of-package nutrition labelling, incluindo a declaração dos açúcares de adição.

 

O duelo dos mega-journals Disputa entre PLOS One e Scientific Reports aponta mudanças no mercado das publicações científicas

23/01/2017 10:47

Os mega-journals, revistas científicas que publicam um grande número de artigos em acesso aberto na internet, vivem um momento de ebulição. Em setembro, a liderança nesse nicho de periódicos mudou de mãos pela primeira vez, quando a Scientific Reports, lançada pelo grupo Springer Nature em 2011, publicou, no intervalo de 30 dias, um total de 1.940 papers. A revista superou a PLOS One, respeitada publicação lançada em 2006 pela organização sem fins lucrativos Public Library of Science (PLOS), que publicou 1.746 artigos em setembro. Em agosto, a PLOS One conseguira manter a dianteira por estreitos 40 artigos.

Ambas as publicações disseminam papers de um largo espectro de disciplinas, que incluem as ciências, as engenharias e a matemática, embora a PLOS One reúna um conjunto maior de artigos no campo das ciências da vida e a nova líder, no das ciências naturais. A ascensão da Scientific Reports é explicada por um conjunto de fatores. Uma das vantagens competitivas é o fator de impacto, indicador da repercussão da produção científica publicada. Atualmente, o índice é de 5,2. Significa que os artigos publicados na revista em 2013 e 2014 receberam, em média, 5,2 citações em outros papers em 2015. O índice parece baixo quando comparado a outros periódicos do grupo – o fator de impacto da Nature é de 38,1. Mas, na verdade, é um índice vigoroso para um tipo de revista que só existe na internet, publica uma grande massa de artigos e não exige que os autores apresentem novidades em seus manuscritos – basta que os dados sejam sólidos.

Já a PLOS One tem visto seu fator de impacto cair ao longo do tempo – hoje, o índice é de 3, ante 4,4 em 2010. Para a bióloga Véronique Kiermer, editora executiva das revistas PLOS, a importância do fator de impacto deve ser relativizada em uma categoria de revistas que publica artigos de áreas variadas, cada qual com uma tradição de citação, e é menos restritiva do que periódicos tradicionais, admitindo até mesmo papers sobre pesquisas que chegaram a resultados negativos ou inconclusivos. “Esse tipo de artigo recebe naturalmente poucas citações”, escreveu Kiermer no blog da PLOS em julho. Ela, contudo, defende a divulgação desse tipo de paper como forma de evitar a publicação de resultados parciais ou enviesados de pesquisas. O auge da PLOS One foi registrado no ano de 2013, quando publicou 31.509 artigos. Em 2015, o total anual foi 28.105.

Outro ponto do duelo entre as revistas tem a ver com a capacidade de publicar artigos rapidamente, qualidade muito valorizada por autores que recorrem aos mega-journals. Um estudo recente feito pelo especialista norte-americano em bibliometria Phil Davis comparou os prazos de aceitação e de publicação nos dois periódicos, depois de analisar um conjunto de 100 artigos de cada uma delas. O trâmite de um artigo na Scientific Reports, incluindo todas as etapas do processo de revisão por pares, demorou 99 dias, ante 132 na PLOS One. Depois que o artigo é aceito, a PLOS One publica mais rapidamente: em média em 19 dias, diante de 27 da concorrente. Mas, somando os dois prazos, a vantagem da Scientific Reports foi de 25 dias. Um estudo feito em 2013 por pesquisadores da Finlândia mostrou que o prazo de publicação em revistas científicas tradicionais oscila de nove a 18 meses, dependendo da área do conhecimento.

034-037_Megajournals_250-info2Dados brutos
Outra diferença da revista do grupo Springer Nature está relacionada às exigências feitas aos autores. Enquanto a PLOS One obriga os pesquisadores a disponibilizarem os dados brutos de suas pesquisas em repositórios abertos, a fim de que possam ser consultados por outros pesquisadores, a concorrente do grupo Nature apenas recomenda essa medida de transparência.

Os mega-journals foram uma grande novidade no universo das publicações científicas dos últimos 10 anos. Eles despontaram com um modelo de negócios diferente dos periódicos tradicionais, voltado para a difusão de informação científica na internet. Funcionam em acesso aberto, no qual qualquer interessado pode ler os artigos na web sem pagar por isso. A remuneração não vem de assinaturas nem da comercialização de anúncios, mas exclusivamente de uma taxa paga pelos autores dos artigos – cada paper, depois de submetido à revisão por pares e aceito para publicação, custa determinada quantia. Um fator importante desse modelo é a baixa rejeição de artigos. A PLOS One, por exemplo, publica entre 65% e 70% dos manuscritos que recebe. A Scientific Reports é mais seletiva: publica em torno de 55% dos papers submetidos.

PLOS One dominou o universo dos mega-journals por 10 anos. Com um corpo de revisores de alto nível, desafiou a ideia de que o meio digital on-line era impróprio para a divulgação de conteúdo científico de qualidade, ainda que aceite artigos independentemente do grau de novidade de seus achados. Com isso, acumulou prestígio. “Pesquisadores brasileiros de várias disciplinas sentem-se estimulados a publicar na PLOS One porque a revista é valorizada pela avaliação de vários programas de pós-graduação”, afirma Abel Packer, coordenador da biblioteca eletrônica Scielo Brasil, referindo-se ao sistema Qualis, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que dá um peso elevado para papers publicados nesse periódico em áreas como biotecnologia e engenharias. “Isso não se observa ainda com a Scientific Reports, que é uma revista bem mais nova.” Na PLOS One, autores brasileiros são responsáveis por 1,77% dos registros de artigos, segundo o Science Citation Index Expanded da base de dados Web of Science. Já na Scientific Reports, o país é responsável por 0,6% dos registros de artigos.

O modelo dos mega-journals foi celebrado como uma alternativa mais democrática aos periódicos tradicionais, pois é capaz de publicar uma enorme quantidade de pesquisas, deixando para a comunidade científica a missão de identificar o que há de relevante nesse universo, tarefa que cabe, nos periódicos tradicionais, a um conjunto restrito de revisores. Essa visão dos mega-journals como ferramenta de popularização da informação científica hoje divide espaço com outra avaliação, a de que se tornaram um nicho de mercado altamente lucrativo para editoras. Tanto para a PLOS One quanto para a Scientific Reports, a taxa de processamento de artigo (APC, na sigla em inglês) é de US$ 1.495, o equivalente a pouco mais de R$ 5 mil. Uma particularidade é que o faturamento da revista avança na mesma medida em que ela publica mais artigos. “Multiplique-se isso pelo número de artigos e se chega a mais de US$ 2,5 milhões de receita mensal de um mega-journal. É um negócio tremendamente lucrativo”, diz Rogério Meneghini, coordenador científico da biblioteca eletrônica SciELO Brasil.

034-037_Megajournals_250-info3Lucratividade
No lugar de competir com títulos convencionais, os mega-journals passaram a ter uma relação simbiótica com as revistas mais seletivas, criando economias de escala para as editoras, pondera Stephen Pinfield, professor da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, líder de um projeto de pesquisa que investiga a trajetória e o futuro dos mega-journals, que deve ser concluído em 2017. Manter um mega-journal pode ajudar uma editora a financiar a operação de publicações que lhe dão muito mais prestígio do que dinheiro. Isso é verdade no caso da PLOS One, cuja lucratividade ajuda a manter publicações do mesmo grupo, mas de escopo mais restrito, como PLOS Biology e PLOS Medicine. Um outro lado dessa simbiose é que os mega-journals também podem se beneficiar do prestígio das revistas irmãs – o sucesso do Scientific Reports dentro do grupo Nature parece ser um exemplo disso.

A rapidez da Scientific Reports em publicar artigos também gerou arranhões na imagem da revista. Em maio de 2015, o então editor da publicação, Mark Maslin, renunciou ao cargo em protesto contra uma nova política do grupo Nature, que passou a oferecer a autores a possibilidade de acelerar o processo de revisão por pares por meio do pagamento de uma taxa extra. Segundo Maslin, que é professor de biogeografia da University College London, o novo sistema permite a quem tem dinheiro publicar mais depressa e subverte a igualdade de condições na avaliação que é tradicional no funcionamento das publicações científicas.

À parte o duelo entre os dois principais mega-journals, o futuro desse tipo de publicação envolve um certo grau de incerteza. “Tudo dependerá da forma como o acesso aberto das publicações científicas irá ganhar espaço nos próximos anos”, observa Abel Packer. Ele ressalta o crescimento da tendência de publicar em repositórios de artigos ainda não submetidos à revisão por pares, os chamados pré-prints, levando-os ao escrutínio imediato da comunidade científica. “Um dos principais atrativos dos mega-journals é a publicação rápida, mas nos repositórios a publicação é imediata”, diz. Esse modelo era adotado por poucas áreas da comunidade científica – o repositório arXiv, utilizado pelos físicos há 25 anos, é o principal exemplo –, mas começa a ser adotado em outras disciplinas, como a biologia e as ciências sociais. “Num cenário que parece cada vez mais provável, pesquisadores vão publicar seus achados preliminares em repositórios para só depois, se for o caso, procurar um periódico de prestígio para divulgar um artigo elaborado. Nesse ambiente, os mega-journals poderiam perder seus atrativos”, avalia Packer.

Fonte: Revista Fapesp

Portaria estabelece diretrizes para promoção da alimentação saudável nos ministérios — Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional CAISAN

23/01/2017 10:44

Uma Esplanada mais saudável para todos os servidores. Esse é o objetivo da portaria assinada pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), nessa quarta-feira (26), em Brasília. O documento estabelece uma série de diretrizes para a promoção da alimentação adequada e saudável nos ambientes de trabalho do serviço público federal.

“A portaria é importante porque ela é o exemplo hoje no governo federal. E é um modelo para ser seguido pelos estados, municípios, entidades e por toda a sociedade”, explicou o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDSA, Caio Rocha.

A normativa prevê que os ministérios desenvolvam ações de educação alimentar e nutricional, práticas de hábitos de vida e alimentação saudável, avaliações de saúde dos servidores, entre outras estratégias. A portaria é uma ação de Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade coordenada pela Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), que é presidida pelo MDSA.

Além disso, o documento sugere que os refeitórios dos órgãos federais sigam o Guia Alimentar para a População Brasileira e adotem medidas para reduzir a oferta de produtos processados e evitar a de ultraprocessados.

“Temos que adotar as boas práticas de alimentação. Para a organização, isso é excelente, pois previne faltas por doenças e promove a saúde. Por outro lado, o servidor tem o papel disseminador. Somos mais de 1,4 milhão de servidores federais. Se todos falarem sobre o assunto, certamente isso terá um grande impacto na população”, afirmou o secretário de Gestão de Pessoas e Relações do Trabalho no Serviço Público do Ministério do Planejamento, Augusto Akira Chiba.

Ações – No Brasil, 57% da população está acima do peso e 21% da população adulta, obesa. O Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário tem programas e ações para a promoção da alimentação saudável e adequada e, assim, combater o sobrepeso e a obesidade, doenças que decorrem da má alimentação.

O Programa de Aquisição de Alimentos, por exemplo, compra alimentos da agricultura familiar e doa a pessoas em situação de insegurança alimentar e para as que são atendidas pela rede pública de ensino, saúde e assistência social. Do outro lado, o PAA fortalece a agricultura familiar e também contribui para a alimentação de qualidade dos produtores.

A água é outro fator importante na segurança alimentar e nutricional. Graças ao Programa Cisternas, as famílias do Semiárido têm água de qualidade para beber e para produzir frutas, verduras e legumes. Os produtos colhidos vão direto para a mesa das famílias, e o restante pode ser vendido. “Neste governo, nós ampliamos quase o dobro dos recursos que tinham para a política de água no Semiárido e no país”, ressaltou o secretário.

Acesse aqui a portaria

Fonte: CAISAN

MAIS UMA VEZ A FAPERJ FINANCIA A DEMETRA

17/12/2016 12:44

A Demetra obteva, mais uma vez, sucesso no Edital FAPERJ N° 14/2016 “Apoio à publicação de periódicos científicos e tecnológicos institucionais –2016”.

A FAPERJ reitera, assim, seu suporte financeiro À DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde em reconhecimento à qualidade do trabalho apresentado.

ÚLTIMO NÚMERO – DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde v. 11 (2016): NÚMERO TEMÁTICO “ALIMENTAÇÃO, CORPO, GÊNERO E

SUBJETIVIDADE”
Sumário: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra/issue/view/1359